sábado, 28 de março de 2009

“FRUSTRAÇÃO: MÁQUINA DE FAZER VILÃO” – parte III: SÍNTESE

Acho que já relatei este trauma aqui, mas, pela relevância eterna em minha vida sexual, conto novamente:

Num dia de carnaval qualquer, em 1988, quando eu tinha graciosos 7 anos de idade e já me orgulhava de conhecer as práticas sexuais há pelo menos 2 anos, os homens da rua em que moro vestiram-se de mulher e saíram cantando e dançando e bebendo pelo conjunto. Visitaram a casa de alguns travestis e trouxeram aqui para a rua, onde disfarçaram a homofobia festiva e empurraram cachaça na garganta da bicha louca, que se embriagou e começou a chorar copiosamente, enquanto narrava todas as opressões e frustrações que sofrera desde que se assumira como homossexual. Lamentava que não possuía ovários (logo, jamais poderia parir uma criança), contara que atava suas pregas anais com cola rápida, a fim de que fingisse ser ainda “virgem por trás” e narrou infinitas surras perpetradas por parentes, vizinhos e desconhecidos. Enquanto criança consciente de que um dia eu teria que “dar o cu de verdade”, prestava atenção silenciosa e temida àquelas palavras e lágrimas. Temia por mim mesmo, por minha saúde, por minha sanidade. Jurei silenciosamente que jamais praticaria sexo penetrativo em minha vida, ali mesmo, diante de todas aquelas pessoas alcoolizadas.

O tempo passou, minhas motivações modificaram, mas o trauma permaneceu. Quando um vizinho trouxe um CD regravável aqui para casa, a fim de que eu lhe gravasse um filme ‘pop’, encontrei a fotografia que hoje publico, de alguns meninos bêbados vestidos de mulher, em mais uma destas execráveis manifestações preconceituosas carnavalescas. Todos eles zombaram ‘ad extremis’ dos homossexuais quando repetiram verbalmente o evento desenrolado na foto, mas um deles em particular parece esquecer-se que, mais ou menos duas vezes por semana, ejacula voluntariamente em minha boca, o que não só o caracteriza como financiador homoerótico como atesta a sua hipocrisia moral. Como diria o perfeito ser lancinado pelo mercado de trabalho Rafael Maurício Silva, ao parafrasear uma das geniais constatações dos personagens de David Lynch, “este mundo é mesmo muito estranho”!

Wesley PC>

“FRUSTRAÇÃO: MÁQUINA DE FAZER VILÃO” – parte II: ANTÍTESE


Depois de realizar ameaças que jamais pensei em cumprir e de adicionar mais alguns pecados passionais à minha lista de tragédias vitalícias, sentei-me para assistir a um filme que sabia ser ruim, apenas porque haviam me emprestado e eu me considero apto/obrigado a ver de tudo nesta vida, independente dos rótulos qualitativos que as obras de arte referidas mereçam. Sentei-me e vi “High School Musical 3: Ano da Formatura” (2008), péssima incursão directiva do coreógrafo Kenny Ortega, famoso (ou melhor, infame) por causa dos passos de dança que incutira no clássico adolescente “Dirty Dancing – Ritmo Quente” (1987, de Emile Ardolino).

Creio que nem valha a pena perder tempo analisando a vilania concernente a este filme, mas, além de não compreender por que esta série de filmes fez tanto sucesso não somente entre os adolescentes, tentarei esboçar algumas impressões, por motivos particularmente subjetivos: na primeira seqüência musical deste filme, durante um jogo de basquete, uma garota intercepta o tempo para desejar sucesso ao seu amado, que consegue cumprir a expectativa desejada. Daí por diante, o filme assim continua: louvando o sucesso a qualquer custo, os romances banais, a futilidade de pseudo-artistas, as canções tecnocráticas em detrimento da vivacidade expressiva das letras, etc., mas... Quem me mandou cair nesta armadilha? O pior é que a versão em DVD do filme que me emprestaram possuía 5 minutos a mais que a duração exibida nos cinemas! Já estava agoniado em excesso, meu celular não parava de tocar e nada de o filme acabar... Mais de 110 minutos de tortura, mas sobrevivi! Espero que não haja o exemplar número 4 da série (risos) ou, mesmo que haja, prometo me reservar desta agonia espectatorial, visto que nem mesmo achei os atores do filme bonitos. Nem sempre Hollywood funciona comigo. Fazer o quê?

Wesley PC>

“FRUSTRAÇÃO: MÁQUINA DE FAZER VILÃO” – parte I: TESE


Quem nunca descontou suas fúrias numa canção executada em volume máximo? Ou quem nunca chorou suas amarguras numa canção triste, executada baixinho no fone de ouvido? Quem? Conciliar os dois, ao mesmo tempo, é o que parece complicado, não obstante parecer indispensável para aqueles que são vitimados pela ciclotimia, pela bipolaridade humorística crônica, que nem eu. Conversando com um colega de ex-trabalho que canta em casamentos alheios e é fã de ‘heavy metal’ melódico, conheci um estilo musical de nome ‘avant-garde’, que corresponde ao que minha psique enlouquecida precisava neste sentido variável – e, dentre os grupos expoentes deste subgênero musical, destaco a banda francesa Akphaezya, da qual fui agraciado com o álbum “Anthology II” (2008), ao que parece, uma coletânea de canções de épocas distintas da banda.

Não vou aqui tecer comentários muito demorados acerca de minhas impressões ao ouvir a banda, visto que ainda estou em meus contatos introdutórios, com vieses prioritariamente terapêuticos, mas as inúmeras variações rítmicas contidas nos 6 minutos e 9 segundos da extraordinária canção “Chrysalis” merece um elogio amplo, pois consegue combinar todo o frescor das vozes femininas escandinavas com a brutalidade reivindicativa dos gritos guturais masculinos norte-americanos. È lindo, é brutal, é selvagem, é terno, tem tudo a ver comigo e com o que estou passando agora. Recomendo deveras:

“Oh, God, what will I do ?
God, what is happening to me ?
I can not bring up this baby,
I am lacking in courage.
I could not succeed
In such a mission
I am just realising
What I am expected to prove ?
It must not be betrayed”



Aviso: as mães e cachorros domésticos costumam não gostar!


Wesley PC>

"PMRSZ"

Câmbio, Câmbio!!!!!!!!!! Fazendo contato com o mundo virtual da Gomorra. Agora sim, entrando de vez, como se estivesse entrando em câmera lenta no mundo de uma TV ou numa pintura depois de horas, dias, meses contemplando as histórias, brigas, invasões, casos de amor desse mundo...
Vim para dividir com vocês um momento muito prazeroso entre o aperto das mensagens de Wesley.
Há algumas semanas fui contemplada com o “PMRSZ”. Então pessoal, antes de falar sobre o ”PMRSZ” queria começar do começo. Há um bom tempo, e tempo bom que estou participando do coletivo de mulheres “Severinas” e nele participo assumindo uma posição com tendências anarquistas num grupo majoritariamente marxista. Por esses tempos tive o prazer de ler um texto de uma anarquista-feminista chamada Margareth Rago, daí pra frente comecei a conhecer os trabalhos dela, mas com a certeza que a própria já tinha falecido em seu país europeu de origem. Um belo dia quis saber da vida dessa mulher: onde morou, que sabor de sorvete gostava, quantos anos tinha e em que época viveu entre outras coisas. É pessoal, acabei descobrindo que a enterrei viva no auge do seu trabalho e descobri muito mais coisas do que o sabor do sorvete que ela mais gosta. Descobri que ela mora aqui na budega do Brasil e no inferno: São Paulo . CARALHO! Aqui pertinho!!!!!!!!
Ah, pessoal não me esqueci do “PMRSZ”, que significa “Plano Milabolante para Realização dos Sonhos de Zuliana”, que um moço chamado Wendel o arquitetou. Fez o favor de me presentear com um livro da própria com dedicatória e tudo especialmente pra mim. Ah, tem mais!!! Ela me presenteou com mais outros dois livros dela e um deles veio especialmente para o coletivo “Severinas” já que ela tomou ciência da existência do próprio. VIXE pessoal, como estou feliz por alguém ter um plano para mim e por ter tido esse orgasmo intelectual em contado com essa mulher.

Bei-ZUliana




DE QUEM É A IGNORÂNCIA MAIOR?


Pelo menos um recado por dia, até o fim de meus dias, eu garanto... Por mais que estes não durem nem 10 minutos de existência e, ao que parecem, jamais serão respondidos. Pena, pena...

Wesley PC>

OBIGADO! DO FUNDO DO QUE RESTA DE MEU CORAÇÃO, OBRIGADO!


“Ó Mestre, Fazei que eu procure mais:
Consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
Amar, que ser amado.
Pois, é dando que se recebe,
é perdoando que se é perdoado,
e é morrendo que se vive para a vida eterna”...


Obrigado mesmo.

Precisava ouvir, ler, sentir algo parecido... É por causa de pessoas tão nobre e sinceramente gentis como Wendell ∞-gato que estou vivo e movente ainda. Obrigado mais uma vez!

Wesley PC>

É POSSÍVEL FICAR TRISTE APÓS UM FILME ERÓTICO?


Se este for dirigido por um gênio (ainda que perverso), sim. E é nesta categoria adjetiva que o italiano Tinto Brass se enquadra e foi assim que eu me senti após a audiência a “O Voyeur” (1993), uma de suas obras mais enigmáticas, por mais que todas as suas marcas registradas estejam lá: vaginas muito peludas e pênis artificiais eretos sendo mostrados em ‘close-ups’ de 30 em 30 segundos; senso de humor permeado pelo sarcasmo e pelas indiretas de cunho político; gente lasciva, em que toda e qualquer atividade é um pretexto para fazer sexo, ou, no mínimo, tirar toda a roupa e masturbar-se publicamente; gozos, gemidos, a trilha sonora gritante de Riz Ortolani... Está tudo lá! Mas, por ser baseado num romance do autor existencialista Alberto Moravia, “O Voyeur” é um filme que angustia!

Por mais que seu enredo tenha a pretensão evidente de deixar nossos paus ou bocetas tão intumescidos ou lubrificados, respectivamente, quanto aqueles mostrados insistentemente no filme, ao ser baseado num romance existencialista de Alberto Moravia, não tem como não nos sentirmos um tanto amargurados após a projeção do filme. Vejamos a trama: Eduardo (vivido e mostrado pelo sensual Francesco Casale) é um professor de literatura francesa constantemente angustiado por causa do abandono de sua esposa, com quem tem delírios eróticos freqüentes e muito demorados. Numa de suas aulas, conhece uma estudante do Congo (atual Zaire) infibulada, ou seja, com o clitóris arrancado, a qual ele acompanha até sua casa e, quando estava prestes a fecundá-la (vide foto), é surpreendido pela amante fotógrafa britânica da mesma, que faz sexo em sua frente, enquanto ele fotografa ambas as mulheres num ato de felação simultânea. Em sua própria residência, Eduardo conversa com a cínica enfermeira de seu pai, que, mesmo doente, não tem o menor pudor em exibir seu enorme e opressor falo, em perene estado de ereção.

Mais do que ser um fodedor ou um escopofílico (como o título ou o gênero do filme parecem indicar), Eduardo é um personagem que sofre e que vive preso a fantasias eróticas que nem sempre lhe confortam ou lhe dão prazer (já que, quase sempre, ele é interrompido antes do gozo). Numa das cenas mais brilhantes do filme, ele é mostrado percorrendo uma praia em que todas as modalidades pornográficas (inclusive andro-homossexuais) são praticadas. E, se o tal personagem sofre, é porque ele ama e está apaixonado, eternamente apaixonado, pela esposa que o abandonou, mas que está sempre ao seu lado, usando calcinhas que servem para qualquer coisa, menos para cobrir sua genitália capilar.

Acho que é suficiente o que falei para indicar o filme. Vejam Tinto Brass. Ele é genial e, se serve de consolo, possuo algumas de suas maravilhas em formato dvix. Se alguém se interessar, é só marcar a sessão e preparar as lágrimas e ejaculações, não necessariamente nesta ordem...

Wesley PC>

HOW SOON IS NOW?



São 5h38m aqui no Trópico de Capricórnio, meus cigarros acabaram e para terminar a madrugada, uma música com sua letra ardilosamente modificada.

HOW SOON IS NOW?
the smiths

I am the son
And the heir
Of a shyness that is criminally vulgar
I am the son and heir
Of nothing in particular

You shut your mouth
How can you say
I go about things the wrong way ?
I am human and i need to be loved
Just like everybody else does

I am the son
And the heir
Of a shyness that is criminally vulgar
I am the son and heir
Oh, of nothing in particular

You shut your mouth
How can you say
I go about things the wrong way ?
I am human and i need to be loved
Just like everybody else does

There's a club, if you'd like to go
You could see somebody who really loves you
So you go, and you stand on your own
And you leave on your own
And you go home, and you cry
And you want to die

When you say it's gonna happen "now"
Well, when exactly do you mean ?
See, i've already waited too long
And all my hope is gone

You shut your mouth
How can you say
I go about things the wrong way ?
I am human and i need to be loved
Just like everybody else does

Wendell Bigato
[Invasão nº6-C]

RENANTIQUE REALIZA CONCERTO


O conjunto de Música Antiga Renantique realiza concerto no dia 03/04 às 20 horas na SOFISE - Rua São Cristóvão, 431. Entrada FRANCA.

Trovadoras provençais, freiras medievais, aristocratas, servas, cortesãs, mulheres de todas as classes sociais da Idade Média e da Renascença eram educadas para serem cantoras e instrumentistas nos mosteiros e nas cortes de toda a Europa. Elas não são muito conhecidas na história da música, muito menos na história geral. E é com a proposta de apresentar essas mulheres e seus feitos – suas músicas – que o Conjunto de Música Antiga Renantique faz a sua nova série de concertos: ‘Mulheres na música Medieval & Renascentista’.

Neste momento, o grupo mostrará todo o envolvimento das mulheres como compositoras, musicistas, copistas e patronas na música do séc.XII ao séc.XVII. O primeiro concerto desta série acontecerá na Sociedade Filarmônica de Sergipe - Sofise, dia 03 de abril, sexta-feira, às 20h. A entrada é franca.

Eu não estou aí, mas prestigiem!!!!!!!

Wendell Bigato
[Invasão nº6-B]

SOMBRA E DIVINDADE


DIÓGENES: Esse aí não é Heraclés?! Não pode ser outro, por Heraclés!- o arco, o porrete, a pele de leão, a estatura... é todinho Heraclés. Então, Heraclés, mesmo sendo filho de Zeus, tu estás morto? Dize-me, ó belo vencedor, tu estás morto mesmo?! É que, eu, na terra, te oferecia sacrifícios, como a um deus.
HERACLÉS: E o teu sacrifício era correto, pois Heraclés, em pessoa esta no céu e possui Hebe, de belos pés; eu sou a sombra dele.
DIÓGENES: Como é que é isso?! Sombra do deus?! E é possível alguém ser deus pela metade e estar morto pela metade?
HERACLÉS: Sim. Na verdade ele não morreu, mas sim eu, a sombra dele.
DIÓGENES: Entendo, Ele entregou a Plutão, como um sósia, em lugar dele; e tu, agora, estás morto em lugar dele.
HERACLÉS: É mais ou menos isso aí.
DIÓGENES: E como foi que Éaco, que é minucioso, não reconheceu que tu não eras ele, e acolheu um suposto Heraclés aqui presente?
HERACLÉS: É porque eu era perfeitamente parecido.
DIÓGENES: É verdade o que estás dizendo. És tão perfeito, a ponto de tu seres ele. Toma cuidado, então, para que não seja o contrário: O Heraclés és tu, e a tua sombra se casou com Hebe, lá dentre os deuses...

(...)

Recorte de Dialogo dos Mortos de Luciano de Samosata

Somos divindade e sombra, assim como Heraclés. Eis que pergunto, quando somos sombra? Quando somos divindade? É fácil a confusão.

Este é um texto dedicado a Wesley, sombra e divindade, melancolia e alegria. Faça como na imagem acima, olhe para si mesmo para que nunca deixe a sua sombra sobrepor a sua divindade, caro amigo. Então para fechar essa pequena homenagem a pessoa quase nunca citada neste blog (apenas auto-citada), deixo uma música que é a sua cara, tanto pelo seu passado religioso quanto porque creio que esta fala exatamente da forma de sua divindade.




Wendell Bigato
[Invasão nº 6]

sexta-feira, 27 de março de 2009

DE QUE ADIANTOU TER VIVIDO TANTO TEMPO...


...se até hoje eu nunca havia ouvido falar de Odilon Redon?

Serviu para que eu percebesse que nunca é tarde para se perder as esperanças (ou vice-versa), para que eu descobrisse, ainda vivo, que existiu no mundo uma obra-de-arte pictórica de nome “Parsifal”, datada de 1891, em que eu pudesse perceber similaridades com a ciclotimia declinante de meu humor. Serviu para que eu descobrisse que tenho uma amiga erudita na Galícia (Espanha) e que esta muito me ajuda a descobrir quem sou. Porque eu não sei se serve de consolo, mas Marisa Monte é a co-compositora desta canção:

“Ninguém vai me dizer o que sentir
Meu coração está desperto
É sereno nosso amor e santo este lugar
Dos tempos de tristeza tive o tanto que era bom
Eu tive o teu veneno
E o sopro leve do luar”.

Wesley PC>

LEMBRANÇAS VANGUARDISTAS DA INFLAÇÃO ALEMÃ


Os preços subiram tanto em 1923, a inflação na Alemanha era tão absurda e elevada, que os artistas da escola de Bauhaus chegaram ao cúmulo de desenhar um cédula de 100 milhões de marcos. Repito: 100.000.000 marcos! Sabe quanto isto valia? Imagina o preço de uma bala num País enfrentando tal calamidade econômica! Não foi à toa que eles creram nas promessas genocidas de Adolf Hitler. Quando os marcos passam a não valer mais nada, resta-nos apelar para o Mal?

Wesley PC>

RECAÍDA SUICIDA


“O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.

O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.

O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina.

O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos.

Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina.

O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água.

O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome”

(João Cabral de Melo Neto)


Aponta esta arma para mim. Destrói-me de uma vez por todas!

Wesley PC>

PROGRESSO TERAPÊUTICO (NA FALTA DE UM PERDÃO)


Estou tentando. Quando consigo deixar de ouvir Legião Urbana por alguns instantes masoquistas, dedico-me à audição compulsiva de música tradicional japonesa e, durante todo o trecho iluminado pelo Sol deste sábado vindouro, planejo engendrar uma maratona com 9 dos primeiros filmes do gênio nipônico Yasujiro Ozu (1903-1963), que, ao morrer, pediu que em sua lápide constasse apenas um ideograma significando “nada”. Estou tentando...

(Em breve, dados objetivos sobre os filmes visto deste brilhante cineasta, levando-se em consideração, evidentemente, que todos os seus filmes são verdadeiros marcos da Sétima Arte, mas nem por isso tal substantivo precisa estar em destaque. Infelizmente...)

Recomendação musical específica: “Etenraku” (Kurahashi Yodo)

Wesley PC>

CONTRA OS PARASITAS DA SUA VIDA!RS!!!




CONTRA TODAS ENFERMIDADES DA SUA ALMA, USE-ME!!!...OU...contra vermes e parasitas...kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk literalmente....kkkkkkkkkkkk

AMAR TAMBÉM É DISCORDAR E PERCEBER DEFEITOS QUE PODEM (OU DEVEM) SER CORRIGIDOS!


Quem não esteve em Gomorra nesta última quinta-feira (ou foi embora cedo), perdeu a magnânima “lavagem de roupa íntima suja” que se desenrolou coletivamente na cozinha escura deste fabuloso ambiente doméstico com pretensões libertárias. Todos falaram o que pensavam, todos puseram para fora suas angustias verbais e discutiram problemas e/ou discordâncias que, se continuassem recônditos por mais tempo, poderiam ocasionar brigas evitáveis e desnecessárias. Como costuma acontecer, o alvo da maioria das acusações foi nosso querido e performático amigo Rafael Coelho, que, durante o almoço, reclamou que as pessoas que o cercam ficam mais preocupadas com seus erros que com seus acertos. Expliquei que não eram os erros que tanto nos obsedam ou incomodam, mas sim traços de comportamento iterativos e desconfortáveis, ao que ele parece ter reagido bem. Então, para que não fique nenhum mal-entendido perpetrado aqui, acrescento: prezado leporídeo com cara de palhaço felliniano, nós todos amamos a ti – com ou sem defeitos evidentes!

Wesley PC>

MENOS PALAVRAS, MAIS AÇÕES!


Meio-dia. Recebo um telefonema sério, avisando que um amigo meu sofrera violência homofóbica no Terminal DIA, em plena noite de quinta-feira. Sem qualquer motivo aparente, um rapaz mal-intencionado que atravessava o ambiente aplicou um violento soco na nuca de um amigo com o mesmo nome que eu, evadindo-se do local em seguida. Sem qualquer razão, exceto um ódio (in)explicável e longevo contra o comportamento homossexual, dado que meu amigo homônimo veste roupas curtas, que lhe realça os dotes calipígios. Um tipo de violência que eu conheço, que já senti em pele e alma e que não é de hoje que é posta em prática, que atravessou séculos e que se manifesta até mesmo em pequenas ações. Um tipo de violência que, mais do que ser temia, deve ser combatida! Não escolhemos amar pessoas do mesmo sexo. Aconteceu – e, ao contrário que os parentes de alguns de nós pensam, não tem sopapo no mundo que resolva isto!

Wesley PC>

De Bette Davis à greve

Olá galerinha! Ói eu de novo! Vim dizer primeiro que estou muito chateadinho comigo mesmo de não ter ido à Gomorra ontem, hehehe. E muito barreadinho com a greve de ônibus que nos assola nesta sexta-feira calorenta (e sem calourada porque não tem busu pra eu ir à UFS, ¬¬).

Bom, passado os protestos, quero relembrar uma boa tarde que passei em Gomorra, faz um tempinho já, em que assisti 'All about Eve', que recebeu este título infame no Brasil: ' A Malvada. Foi a primeira vez que vi uma atuação da Bette Davis, só conhecia ela antes através da música 'Bette Davis Eyes', já escutaram? Acho que sim, pois ela é muito famosa. Gostei muito da atuação dela, é muito sarcástica, principalmente com a guria que se faz de boazinha. Hehehhe. Ah, e tinha vinho lá também, há coisa melhor? ( sei que tem, lol, mas esse não é o ponto)

Então desde já faço o pedido para Wesley, traz o filme de novo! E traz também o Fahrenheit 451, gostei muito muito.


Sobre a música da Bette Davis. Ela é cantada pela Kim Carnes, e a letra fala sobre... tcharam, isso mesmo, os olhos da Bette Davis. Bacano, não?

Tae o clip:


Música muito boa, não?


Ah! E tem uma surpresinha especial, para os amiguinhos Paulo Bruno e Joel, a Blair regravou a música! Blair é o nome da personagem que a atriz norte-americana Leighton Meester interpreta no seriado adolescente tão amado por esses dois.
Aqui está ela ( é a morena):




Lembrei da brincadeira do sabor do sorvete, hehehe.


E aqui está a música. Eu gostei, só o arranjo que ficou meio tosquinho, mas a voz tá massa, heueheue.

E assim encerra-se minha 'coluna' semanal no blog da comunidade. Hehehehe, brincadeira, mas quem sabe né? Hoje só escrevi porque tava com o tempo livre em casa... lol


E sim, eu assisto Gossip Girl também. Kkkkkk



Até mais, galerin.


Américooooooo.



UPDATE.:

Faltou uma imagem do filme 'All about Eve, né? Lá vai:



Olha só que interessante, aquela galega ali é a Marilyn Monroe, em uma participação pra lá de especial no filme. Agora diz aí se o filme não é bacano?
See ya.

quinta-feira, 26 de março de 2009

CENAS ANTOLÓGICAS DE MEU CINEMA PESSOAL – IV:


“Por Deus como minha testemunha, eles não vão me destruir! Eu sobreviverei a isto e ao que vier depois. Eu nunca sentirei fome novamente – nem eu nem quem estiver ao meu lado! Nem que eu tenha que mentir, roubar, trapacear ou matar, por Deus, eu juro, jamais passarei fome novamente”!


E assim, na pré-adolescência, encontrei em quem me inspirar, mesmo desejando cumprir ao menos 8 dos Dez Mandamentos Bíblicos...

Fonte: “...E O Vento Levou” (1939, de Victor Fleming + George Cukor, William Cameron Menzies & Sam Wood)

Wesley PC>

PROFILAXIA DE UM BLOGUEIRO COMPULSIVO


Concedendo-me um mínimo de bom senso e autocrítica, posso facilmente constatar que dois de meus assuntos favoritos – a veneração incontinente do ser mais perfeito com que já entrei em contato e a vã bajulação do ser mais imperfeito com que já desejei sequer contatar – não são merecedores de muita audiência por aqui (risos). A fim, portanto, de que eu não sature os eventuais leitores do blog (e a mim mesmo) com estes repetitivos clamores, resolvi enganar meu subconsciente desejoso com algumas subseções, como, por exemplo, “Cenas Antológicas de Meu Cinema Pessoal” e “Fotógrafos Cujo Trabalho Deve ser Conhecidos Antes que Morramos”. Apesar de ambas as séries indicarem um subjetivismo contumaz, seria muito interessante que mais de uma pessoa aderisse a este compêndio indicativo. Pode ser? Basta acompanhar a numeração crescente. Juro que será bastante divertido para vocês e terapêutico para mim. Obrigado.

E, só para não perder o (último) hábito:

- Rafael Maurício, tu és perfeito! – mesmo sociopaticamente doente e/ou acometido por este previsível e abominável tédio empregatício;

- Marcos Vicente, se queres mesmo que eu deixe de me confessar apaixonado por ti, peça que alguém me mate (ou faça tu mesmo, se gosta das coisas bem-feitas) e queime todo e qualquer objeto com que eu já tenha entrado em contato, pois, advirto-lhe: em tudo o que faço, abundam os traços de tua memória.

Metadona emocional - Dose 1: podem mandar!

Wesley PC>

SUPONDO QUE FIQUE ALGUÉM ACORDADO (OU VIVO)...


“Then love,
Love will tear us apart again
Love,
Love will tear us apart again”


Longa vida ao Joy Division!

Wesley PC>

É TÃO DIFÍCIL ASSIM MANTER UM ACORDO?


“Vênus” (2006), de Roger Michell, o mesmo diretor de um filme que eu considero subestimado pelos críticos passionais [“Um Lugar Chamado Notting Hill” (1999)] esteve jogado em minha casa há tempos. Como eu estava me sentindo cansado hoje, pu-lo no reprodutor de dvds “apenas para relaxar”, como dizem os trabalhadores diuturnamente seduzidos pela Indústria Cultural ao longo de anos e anos árduos de submissão empregatícia. De repente, deparo-me (em primeira pessoa) com o diálogo abaixo, entre um ator de mais de 70 anos (vivido pelo extraordinário Peter O’Toole) e uma moçoila de mais ou menos 20 anos (na pela da estreante Jodie Whittaker):


“- Eu vou morrer em breve. Posso tocar a sua mão?
- Esse é o tipo de fase que eu mais ouvi na vida!
- Eu sou impotente. É claro.
- Graças a Deus!
- Mas eu ainda posso manter um interesse teórico.
- Tu pensas em mim?
- Durante todo o tempo em que estou no hospital.
- Em que parte de meu corpo?
- Teu cabelo, teus pés, tuas pernas, tuas costas, teus olhos...
- Meus olhos?
- Teus cotovelos, tua boceta.
- Oh, cale-se. Tu podes tocar em minha mão.

(Ele beija sua mão)
- Mas somente com os dedos. Qualquer coisa a mais me faria vomitar!”.

Preciso dizer se gostei ou não do filme? Oh, Deus, por que isso acontece tanto comigo?

Wesley PC>

Engraçado como a atualidade sempre se reinvidica libertária

Notícia enviada pela lita da femehnacional por Rafael Digal.

Feop

x - x - x

absurdo em pleno século XXI...


Gays precisam de tratamento, acreditam terapeutas britânicos
Qui, 26 Mar, 08h31
PARIS, França (AFP) - Em pleno século XXI, terapeutas britânicos ainda propõem tratamentos para ajudar os gays a virarem heterossexuais, contra qualquer prova de que tal medida tenha utilidade e não seja nociva, de acordo com um estudo divulgado nesta quinta-feira pela revista especializada "BMC Psychiatry".

Esses tratamentos tiveram seu apogeu na Inglaterra, nas décadas de 1960 e 1970, mas há muito tempo a orientação homo ou bissexual não é mais considerada uma doença mental, sobretudo, pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

A equipe de pesquisadores de Londres, liderada pelo professor Michael King, pediu a mais de 1.400 profissionais de Saúde Mental (psiquiatras e psicólogos eram quase metade), que tentassem mudar a orientação sexual de um cliente, caso lhes fosse pedido - 1.328 questionários puderam ser analisados.

Apenas um em 25 (4%) disse que o faria, mas um a cada seis (17%) indica ter ajudado pelo menos um cliente a reprimir suas tendências "gays", ou "lésbicas", geralmente pela terapia. O estudo não revelou sinal de um declínio dessas práticas no período recente.

Além de sua ausência de eficácia demonstrada, esse tipo de tentativa "pode ser, realmente, perigosa", advertiu King, acrescentando que "é, então, surpreendente que uma minoria significativa de notáveis ainda ofereça esse tipo de ajuda a seus clientes".

Os terapeutas apresentaram algumas razões para justificar sua atitude, indo de opiniões morais, ou religiosas pessoais sobre a homossexualidade até o desejo de ajudar pacientes que sofrem discriminação.

Os pesquisadores, especialistas em Saúde Mental, também observaram um certo "grau de ignorância" sobre a ausência de eficácia dessas terapias - em particular, nenhum artigo comparativo científico foi escrito sobre o tema.

O professor King ressalta que a melhor maneira de ajudar os pacientes é lhes mostrar que não há absolutamente nada de patológico em sua orientação sexual, cabendo aos profissionais da área e à sociedade ajudá-los a enfrentar os preconceitos dos quais são objeto.

DE NOVO, DE NOVO E DE NOVO...


“E assim foi. Eles nunca falavam sobre o sexo, deixavam-no acontecer. Primeiro, apenas na barraca à noite. Depois em plena luz do dia, com o sol quente a pino, e à noite, na luz do fogo, de modo rápido e desajeitado, rindo e murmurando, sem falta de sons, mas sem dizer uma palavra não ser uma vez em que Ennis disse ‘não sou bicha’, e Jack respondeu com um ‘nem eu. Isso é só uma vez ou outra. É problema nosso e de mais ninguém’. Eram apenas os dois na montanha, flutuando no ar eufórico e amargo, atentos como águias enquanto observavam as luzes dos veículos na planície lá embaixo, desligados de todas as coisas comuns e longe dos cães pastores que uivavam durante a noite. Eles acreditavam estar invisíveis”...

Diante de tamanha e inexplicável rejeição, só mesmo apelando para os inesquecíveis personagens de Annie E. Proulx, em “O Segredo de Brokeback Mountain”, publicado originalmente em 1997 e transformado num dos filmes basilares de minha vida, 9 anos depois. Obra-prima!

“O amor é uma força da natureza”, dizia a publicidade do filme. E a culpa, de quem é?

Wesley PC>

MORRER PELA ARTE É O QUE HÁ! VIVER POR ELA É MELHOR AINDA!

Ou fingir morrer, na falta de melhores oportunidades...

Na imagem, Larry Clark, antecipando o que aconteceria se lhe impedissem de andar de ‘skate’, de contemplar jovens, de viver...

Wesley PC>

COLEÇÃO “FOTÓGRAFOS CUJO TRABALHO DEVE SER CONHECIDO ANTES QUE MORRAMOS”: ROBERT MAPPLETHORPE


Polemista, perseguido, pornográfico. Robert Mapplethorpe é isto e muito mais!

Imagem: “Lisa With Scorpion” (1983)

Amo!

Wesley PC>

CENAS ANTOLÓGICAS DE MEU CINEMA PESSOAL – III:


“ – Eu já contei à mamãe sobre nós dois. Ela ficou tão feliz que até chorou e ela quer que tu uses o vestido de casamento dela, com um laço branco;
- Bom, eu não vou poder me casar com o vestido de tua mãe. Eu e ela não vestimos o mesmo número;
- Nós podemos consertar;
- Oh, não. Vou falar sinceramente contigo: nós não podemos nos casar!
- Por que não?
- Bom, em primeiro lugar, eu não sou uma loira natural;
- Isso não é importante.
- Eu fumo! Eu fumo o tempo todo!
- Eu nao ligo.
- Eu tenho um passado terrível. Por três anos, eu vivi com um saxofonista.
- Eu te perdôo.
- Nos não poderemos ter filhos!
- Podemos adotar um.
- Mas tu não entendes mesmo. Ok, eu sou um homem!
- Bem, ninguém é perfeito!”


Tem uma pessoa que é sim... Mesmo doente, o título é dele!

Fonte: “Quanto Mais Quente Melhor” (1959). Direção: Billy Wilder.

Wesley PC>

Saga radioheadiana de um gomorrense no Rio - Parte II


Às 8 da noite, mais ou menos, chegamos na cidade. Eu não queria, a uma hora dessas, em pleno Rio de Janeiro, ficar enfurnado dentro de um quarto de hotel vendo TV. Pedro também não. Saímos então pra tentar conhecer um pouco da noite carioca na Lapa. A minha primeira impressão assim que saímos do hotel e andamos pela rua foi com um pouco de receio, confesso. A mídia sensacionalista brasileira fazendo efeito em mim. Havia uma amiga de Pedro, de Fortaleza, que também estava na Lapa, também pelo show do Radiohead. Ligamos pra ela pra ver se tomávamos uma direção etílica mais precisa e ela nos ajudou. Demoramos um pouco até achá-la porque no meio do caminho aconteceram alguns imprevistos. A gente foi pedir informação prum senhor na rua e ele nos animou muito dizendo que por ali tava cheio de ladrão. Se tinha ladrão a gente não pôde comprovar, felizmente, mas putas, travestis, freaks, bêbados, tinha de monte. Disso eu gostei. Sempre gostei de ver/estar em ambientes subversivos. É tudo mais sincero, real, desmascarado, vivo, mesmo quando aparenta estar morto. E em meio à tão instigante cenário, conseguimos chegar até um bar chamado alguma coisa Brazooka, não lembro direito. Lá estava a amiga de Pedro, junto com mais duas pessoas: seu irmão e sua cunhada. Muito interessante, a garota. Bonita, agradável, inteligente, gentil... algumas qualidades que me atraem nas mulheres, apesar de acreditar que só com tempo se confirma esse tipo de coisa. Os acompanhantes dela também eram legais. Bebemos umas cervejas, conversamos, rimos, tiramos algumas fotos, até que os três recém-conhecidos resolveram ir embora. Eu e Pedro, não. Fomos pra outro bar, sentamos e voltamos a beber mais algumas cervejas. Conversamos muito sobre cachaça limpa, porque era algo que nos rodeava de forma absurda por ali, conversamos sobre o show, sobre relacionamentos amorosos (ou não), sobre uma carrada de assuntos, e principalmente sobre música, nosso maior gosto em comum. Na mesa ao lado, tinha um casal sentado. A mulher da situação não parava de olhar pra nossa mesa, fitando a gente. Ela não era bonita e nem parecia interessante e inteligente. Puxou conversa, tentou drasticamente parecer familiar com Aracaju quando soube de nossas origens, fazendo umas piadinhas lá que envolviam a Bahia. Ato falho. Começou a ficar um clima sem graça, forçado, e então resolvemos sair de lá. Como a movimentação não era mais tão grande nas ruas, e tínhamos que poupar grana, resolvemos voltar pro hotel.


Sexta-feira, dia do show. O café da manhã por conta do hotel tinha seu prazo até às 10 da manhã. O celular programado tocou às 9. Acordamos e fomos prontos pra comer o máximo que pudéssemos, a fim de não termos fome por um bom tempo e assim pouparmos grana. Acho que conseguimos. Depois, saímos pra dar uma volta pelo bairro, fomos numa dessas feirinhas que vendem de tudo, e eu estava atrás de uma camisa que não tivesse estampas, de cor branca, pra poder escrever em letras garrafais: "CABEÇA DE RÁDIO". Era assim que eu queria ir ao show. Comprei uma camisa e depois de comprar um pote de tinta pra tecidos que eu não sabia que demoraria 72 horas pra secar, peguei uma caneta e improvisei daquele jeito mesmo. Fiz "CABÊÇA DI RÁDJU" por influência de Pedro. Ficou bonito, eu achei. Meio pop art. Talvez o Andy Warhol gostasse, haha. Os portões da Praça da Apoteose estavam previstos pra abrir às 4 da tarde, que foi a hora que chegamos por lá. Uma fila enorme, formada em sua maioria por pimbas de todo tipo - a gente até tirava onda dizendo que tava no ENAPIM (Encontro Nacional dos Pimbas) - , supostos fãs do Radiohead, Los Hermanos ou Kraftwerk. Um cambista-de-lugares-em-filas tentou nos vender uma posição privilegiada. 15 reais por cabeça. Não, obrigado, fomos pro final mesmo. A fila quase arrodeava o quarteirão, mas a gente foi. Ao nosso lado, vejam só que coincidência, conhecemos um casal aracajuano. Conversamos um pouco, moram na Atalaia, se não me falha a memória, coisa que ela faz com certa frequência. Pouco depois, chegou o pessoal de Fortaleza que conhecemos na última noite. Ficamos conversando, bebendo umas cervejas, até a hora em que finalmente que abriram os portões, às 5 da tarde, mais ou menos. Foi uma loucura! Foi bonito também. Gente correndo, se batendo, caindo. Todos queriam uma posição digna diante do palco. E a gente no meio da loucura, é claro. Nesse momento, pude perceber o quão doloroso é ser sedentário nessas horas. Preciso voltar a fazer alguns exercícios físicos. Mas o esforço valeu a pena, conseguimos ficar a uns 10 metros de distância do palco. Prontos pra sentir Thom Yorke e cia. o máximo que conseguíssimos, ficamos ali, estáticos, tanto pelo medo de perder a oportunidade de estar perto quanto pela quantidade de gente igualmente eufórica amontoada nos espremendo. Mas não que estivesse ruim, pelo contrário, tava muito bom. Ah, o calor humano...

Conhecemos mais algumas pessoas por lá, tanto de outros estados, como do próprio Rio, e quando a gente falava que tinha vindo de Aracaju, Sergipe, a reação era uniforme: espanto! Todos se espantavam com o fato de a gente ter saído de tão longe só pra ver o Radiohead. Com tanta gente diferente, sugeri a Pedro que tentasse vender alguns EPs recém-lançados de sua banda, a Elisa, mas acabou só distribuindo mesmo. A propósito, se não conhecem, conheçam, eu recomendo. Eles tem myspace, é esse: www.myspace.com/bandaelisabr. Considero música bonita sem ser melosa. Mas bem, após uma longa espera, ao som de um DJ que eu não conheçia, começa o show de abertura do evento e também da volta dos Los Hermanos. Não sou o maior fã deles, mas os acho muito competentes e talentosos, e sinto que têm feeling (característica importantíssima pra mim) quando tocam. Porém, não foi isso que eu senti ao vê-los dessa vez. Achei tudo meio fadigado, sem vontade, sem sal. A galera pareceu ter gostado, pelo menos a maioria, mas percebi que alguns sentiram o mesmo que eu, ou seja, não sentiram. Em seguida, mas não tão em seguida assim, tive a oportunidade de ver um dos shows mais estranhos e ao mesmo fascinantes que já vi: Kraftwerk. Alemães que são considerados pioneiros quando se trata de música eletrônica, começando lá pelos anos 70 (!), programando musiquinhas em MS-DOS. Bizarro, no mínimo. Sei mais da história deles do que de suas músicas. O Wendell me disse ser fã, falem com ele se quiserem uma opinião mais concreta. E enfim...

A tão aguardada, tão ansiada, tão suada apresentação da maior banda de música alternativa dos anos 90 pra cá, quiçá de todos os tempos. Depois de tanto protelarem pra entrar no palco, o Radiohead iniciou o show. Meu deus-que-não-sei-se-acredito, caralho! Tudo, absolutamente tudo que foi de problema que eu tinha em minha cabeça se evaporou de uma forma única. Eu não conseguia ver mais nada, só aquelas luzes ofuscantes que entravam por meus olhos e numa sintonia peculiar com a música que adentrava meus ouvidos, me levavam a um estágio de puro transe. Eu ora parava e ficava olhando, estático, a cada um deles, ora enlouquecia, e começava a me debater, dançando freneticamente de olhos fechados. Era lindo demais, puta que pariu. Cada trago que eu dava em cigarros "compartilhados" com outros fumantes da platéia, entravam pela minha garganta e saíam pela minha boca embalados pelas batidas fortes da música do Radiohead. Thom Yorke tem uma presença de palco surpreendente, vibrante, mas era o Jonny Greenwood que me chamava mais a atenção, tanto pelas performances quanto pelo estilo de tocar mesmo. Desde sempre, inclusive. O ápice de minha admiração por ele se deu no dado momento em que ele conseguiu a façanha de tocar sua guitarra e ao mesmo tempo tocar teclado com a mão da guitarra! Foda. O show foi passando, eles foram mesclando clássicos com músicas menos conhecidas, mas não menos conhecidas para fãs de verdade...
Paranoid Android, Everything In Its Right Place, Electioneering, How To Desappear Completely, Bodysnatchers, foram alguns pontos altos, particularmente falando. Meus pés em metade do show já não suportavam meu peso e a dor era evidente e permanente, afinal, quase 8 horas ali em pé tinham que causar seus efeitos colaterais, mas quem se importava? Eu mesmo não. Não sairia dali antes de vê-los sair por definitivo do palco nem a pau.

Creep. Foi com ela que eles terminaram o show. Perfeito. Quase 30 mil pessoas (foi o que eu soube) em coro cantaram verso a verso a música que mostrou o Radiohead pro mundo e que foi a primeira deles que me deparei também. Antes mesmo da famigerada "música do Carlinhos", a bela Fake Plastic Trees, que eles não tocaram no show.

Tenho quase certeza que não vou presenciar um momento tão bonito como aquele tão cedo na minha vida. Foi lindo. Valeu muito a pena. Toda a viagem, na verdade.




É, escrevi demais, mas agora, fudeu. Culpem Leno, a ideia foi dele.




Fábio Barros

Saga radioheadiana de um gomorrense no Rio - Parte I


JustificarEu fui num show do Radiohead. Talvez não tenha melhor - e essa palavra aqui abrange seu mais extenso sentido - expressão pra começar esse texto que pretende relatar um pouco dessa que foi uma das mais significativas experiências estético-musicais que já vivenciei.

Como todo mundo aqui deve saber, eles vieram pela primeira vez ao Brasil. Shows em São Paulo e no Rio. Fui pra esse último. O Rio é o último a que me refiro aqui no texto, mas cronologicamente foi o privilegiado primeiro lugar a receber os venerados ingleses. O show se deu na Praça da Apoteose, o famoso sambódromo onde as escolas de samba cariocas desfilam bundas lindas e glamour anualmente (sem trocadilhos). Há um bom tempo, fiquei sabendo desse show, e assim que soube, fiquei muito tentado a ir. Viajar pra outro estado e esse estado sendo o Rio de Janeiro é que era o problema. Não por preocupações de cunho social causadas pela mídia sensacionalista brasileira, longe disso, os impecílios eram os custos de passagens e a estadia. Ganho um pouco mais de um salário mínimo onde trabalho e tinha um monte de dívidas pendentes em cartões de crédito. Coisa de pobre que não pode meter dois conto no bolso que já se endivida. Meus pais não tinham condições suficientes pra bancar uma viagem dessas por completo. Eis meu dilema. Enfim, tinha que dar um jeito: separei uma grana, tratei de comprar logo meu ingresso de meia-entrada, arrumei uma pessoa pra ir comigo, e aí então, só me preocupei em saber como iria e onde ficaria. Eu tenho uma tia que mora no Rio, em Copacabana, mais precisamente. Só a vi uma única vez na minha vida, e isso aconteceu quando ela veio aqui pra Aracaju nos visitar há sei lá quantos anos. Pronto, este foi meu primeiro e último contato com ela até então. Radiohead tocando no Rio e uma tia que mora no Rio... bingo! Perfeito (mas não é o simpático Rafael Baiano desta vez)! Já tinha achado um canto pra me aconchegar por lá. E bem, isso significava, além de uma suposta segurança, economia de grana pra gastar lá também, né? Teoricamente, tudo resolvido, tudo no seu lugar. Falei então com minha mãe pra que ela falasse com a minha tia e a comunicasse da minha ida. Ressaltei que havia um amigo que iria comigo. Minha tia não tem filhos, e segundo minha mãe mora numa casa grande, só com seu marido, um cidadão que mais parece o inestimável Agostinho de A Grande Família - sim, o seriado da rede Globo - , com aquelas roupas de bicheiro e colares de prata. Da vez que ele esteve aqui, não o achei engraçado como a personagem interpretado pelo Pedro Cardoso, mas tudo bem, eu o suportaria. Minha mãe relutou um pouco em aceitar essa viagem (aaaah, mães! Todas elas, genéticas ou adotadas na rua!), mas findou aceitando.

Com uma promoção da TAM em vista e a certeza da hospedagem familiar no estado em que o Radiohead tocaria, segui minha vida planejando, acertando detalhes, e esperando os meses passarem até que o dia da viagem chegasse. E o dia chegou. Mas antes, dois dias antes, foi quando minha querida mamãe resolveu pegar o telefone e ligar pra minha tia. Isso, DOIS DIAS antes da viagem marcada na última quinta-feira, minha progenitora me faz esse favor. Eu já tinha pedido a ela pra fazer isso há séculos, mas, mais uma vez nesta vida, ela não me ouviu. Pois é, aconteceu isso que vocês tão pensando mesmo: minha tia, que descobri tardiamente que é uma medrosa e frustrada de marca maior e que mora na "cidade maravilha" por puro status, vegetando vida, mal saindo de casa, com pavor de que a violenta Rio de Janeiro roube seus pertences valiosos (quanta mediocridade, meu deus-que-eu-não-sei-se-acredito. Minha mãe disse que ela raramente sai com seu carro de casa, com medo da bandidagem!), me deixou na mão (calma, eu não iria comê-la) e disse que viajaria na sexta, não podendo assim me receber em seu suposto belo lar. Legal, né? Raiva foi um sentimento que eu não senti, imaginem. Desespero também não, cês acham? Enfim, discuti com mama e depois fui pôr minha cabeça no lugar pra pensar no que fazer. Tentei ajuda com uma amiga minha que é de lá mas que tá aqui. Não consegui muita coisa, ela morava em Campos lá no Rio, não tinha conhecidos de confiança na capital. Fui na internet atrás de albergues, pousadas, motéis, qualquer coisa que me custasse pouco dinheiro e que ao mesmo me proporcionasse possíveis oportunidades de prazer além do show. Depois de muita pesquisa, Pedro Yuri, o amigo que me acompanhou na viagem, lembrou da sugestão de seu pai, sobre um hotel meia-boca que fica na Lapa, e que estava no mesmo valor da maioria dos lugares que a gente tinha pesquisado. Fechou. Hotel Carioca, se chama. Com tudo decidido, de certeza, agora, saímos daqui por volta de 4 da tarde da quinta-feira à caminho do Rio, à caminho do Radiohead!

quarta-feira, 25 de março de 2009

A BELEZA EXISTE!


“As observações e as descobertas de um homem devotado à solidão e à beatitude são menos distintas e mais penetrantes do que aquelas dos homens sociáveis. Seus pensamentos são mais fortes, mais estranhos e nunca sem uma ponta de tristeza. Imagens e percepções que poderiam, de outra forma, ser facilmente perturbadas por uma distração, por um sorriso ou por uma troca de comentários atingem profundidades inauditas, tomam significados, tornam-se experiências, aventuras, emoções. O fruto da solidão é a originalidade, algo ousado e desconcertantemente belo, a criação poética em si mesma. Mas o fruto da solidão pode ser também a perversão, o desproporcional, o absurdo e o proibido”.

Tal depoimento é atribuído a Thomas Mann, autor de “Morte em Veneza”, um dos livros mais maravilhosos que já li em vida, futuramente transformado num dos mais belos filmes já trazidos diante de meus olhos. E, se eu pudesse metonimizar numa fotografia o que senti diante de filme e livro, esta imagem roubada corresponderia perfeitamente ao sentimento violento de estesia que me ataca agora. Calo-me e contemplo, portanto!

Wesley PC>

"DE BOAS INTENÇÕES, O INFERNO ESTÁ CHEIO"...


...mas, ainda assim, dependo delas para sobreviver como eu sou.

Drama da vida real: há alguns anos, a mãe do “menino mais lindo do mundo” comprou-lhe um dvd de presente. Recebendo visitas em casa, este “menino mais lindo do mundo” resolve emprestar-me o tal dvd, que, num surto de genialidade espontânea, resolvo ver ao lado de minha mãe. Como funcionou! Vejamos de que filme se trata...

Trata-se de uma obscura co-produção teutônico-polonesa, falada em inglês, de aspecto televisivo, chamada “Os Anjos da Guerra” (2001), mas que seria melhor traduzida como “Os limites do Senhor”. O diretor é um tal de Yurek Bogayewicz, cujo filme mais conhecido até então é “As Amantes” (1993), uma comédia lésbica ingênua porém divertida. Acho que o diretor trabalha melhor as lágrimas que os pretensos sorrisos...

Conforme li numa recente observação hobsbawmiana, por mais que conheçamos estórias e mais estórias sobre o Holocausto Judeu na II Guerra Mundial, sempre vai surgir algum detalhe surpreendente que ainda não sabíamos. É o caso deste filme: no roteiro, um menino judeu consegue a anuência de um padre e de uma família católica para escondê-lo, desde que este se disfarce de cristão. O menino, vivido pelo competente Haley Joel Osment o faz, cônscio de que Deus entenderia o seu gesto sobrevivencial. Vivendo com esta família, porém, o garotinho, de nome Romek, descobrirá a maldade nascente de seus vizinhos infantis, que saqueiam os pertences de refugiados judaicos que pulam de trens em movimento. Além disso, ele presencia um assassinato por causa de um porco, presencia o estupro da jovem que, noutro contexto etário, ele se apaixonaria, e, a fim de não ser morto, finge-se de colaborador nazista por alguns minutos ao apontar uma arma carregada contra seus verdadeiros companheiros de religião. Surpreendi-me. Cria que o filme fosse tolo, mas somente estas seqüências descritas já revelam um respeito dramatúrgico elevado por parte da equipe técnica deste filme, que contém, entre outros, o ator Olaf Lubaszenko (que já fizera um importantíssimo papel num clássico romântico/masoquista do Krzysztof Kieslowski), o expressivo norte-americano Willem Defoe (que interpreta o padre bem-intencionado que, numa cena patética, tenta agarrar um suíno fugitivo, a fim de tentar salvar a vida de alguns camponeses), o músico Jan A. P. Kaczmarek (posteriormente cooptado por Hollywood) e o fotógrafo Pawel Edelman (que trabalhou em filmes recentes do também polonês Roman Polanski).

Resta-me, portanto, agradecer ao “menino mais lindo do mundo” por ter me emprestado este dvd, dado por sua mãe e visto ao lado da minha. Lembro que, ao me entregar o dvd, um tanto envergonhado pro causa de minha cara de despeito ao recebê-lo, ele explicou: “o filme possui temática religiosa. Certeza que tu gostarás”. Quando o filme começou, percebi que a suposta religiosidade do filme era mostrada no plano institucional. Quase julguei o comentário do “menino mais lindo do mundo” como precipitado, até que, perto do final, uma cena simples, mas de uma violência simbólica chocante: numa cerimônia de primeira comunhão adolescente, o recôndito judeu Romek engole um pedaço de hóstia católica (em câmera lenta), enquanto uma narração em ‘off’ agradece a “bondade daquelas pessoas tão generosas”, sem a qual ele não teria sobrevivido como era. Fiquei absorto. Como “o menino mais lindo do mundo” me conhece! E olha que, por alguns minutos, fiquei chateado porque o dvd que ele me emprestou estava com ranhuras que quase estragaram o meu aparelho reprodutor de dvds. Mas, pensemos bem: além de ser “o menino mais lindo do mundo”, uma das criaturas mais sensíveis, inteligentes, tolerantes, bem-humoradas, graciosas, sarcásticas e geniais que conheço, ele teria também a obrigação de ser materialmente cuidadoso? Ah, tenha dó!

Wesley PC>

CINE-GOMORRA EM PRETO-E-BRANCO:


Como ninguém ainda se pronunciou sobre as minhas sugestões para o Cine-Gomorra de amanhã (aliás, ninguém se pronunciou acerca de nada publicado aqui ultimamente!), deixo mais uma óbvia sugestão, em homenagem ao crescente envolvimento romântico de meu prezado amigo Rafael Coelho, contente por ter descoberto que é tio pela primeira vez: “A Bela e a Fera” (1946), clássico apaixonado do surrealista Jean Cocteau.

Já vi este filme N vezes, com N companhias diferentes e o resultado espectatorial foi sempre o mesmo: estupor. Sendo assim, creio que ele funcione como petisco fílmico de entrada. Eu juro que recomendo – e que tem a ver comigo!

Até amanhã, portanto, para quem achar que pode ou merece...

Wesley PC>

PS: além deste, levarei uma série de clássicos em preto-e-branco. Que tudo dê certo...

PIADA INFAME


Contavam-me desde que eu era pequeno (e eu sempre gargalhei):

“Um bêbado entra cambaleando no ônibus. Antes de passar na borboleta, olha na cara do cobrador e, com a voz completamente enrolada, dispara:

- Hoje eu quero comer...

O ônibus dá um solavanco e o bêbado cai no fundo do veículo, sem interromper sua fala trôpega:

- ... um cu!

Todo mundo olha para ele, obviamente, ao que o bêbado logo se safa do incoveniente com um chiste:

- Ei, eu só disse um!”


Sempre me papoquei de rir com esta piada – e, até hoje, nunca pratiquei sexo anal! A foto explica o porquê? (risos)

Wesley PC>

PIADA INTERNA: E AÍ, VALE A PENA?


O nome da talzinha na foto é Vanessa Ferlito, o nome do filme é “À Prova de Morte” (2007), o nome do diretor é Quentin Taratino e o convite/intimação foi marcado para hoje. E aí, vale a pena?

Wesley PC>

PS: apesar de esta dança erótica ser um dos grandes momentos do cinema ‘retrô’ contemporâneo, o filme é feminista, repleto de sangue e tem um dos mais geniais acidentes automobilísticos da História do Cinema. E aí, Rafael Maurício e eventuais convidados, vale a pena?

TRÊS COISAS QUE FAZEM A CABEÇA DE UM HOMEM EXPLODIR:


- Ficar longe de Gomorra;
- Não ter visto ainda “Zombie – O Despertar dos Mortos” (1978), um dos filmes mais elogiados do amante de zumbis George A. Romero;
- Pensar na mesma pessoa, da hora que acorda até a hora que dorme, e saber que isso de nada adianta...

Em ordem inversa,

Wesley PC>

JOGO DOS SETE ERROS – Edição extraordinária


No último Cine-Gomorra, quando víamos o exuberante filme “O Triunfo da Vontade” (1935, de Leni Riefenstahl), percebemos em uníssono que o chanceler Adolf Hitler possui inúmeras similaridades com nosso amigo Paulo Bruno (vulgo “irmão de Sakay” - risos). O grau de afetação entre os dois é idêntico. Aposto que, quando ia ao supermercado com sua mãe, o pequeno Adolf era repreendido pelo modo como quebrava a munheca em público (mais risos).

Que seja! Ontem pela manhã eu vi o documentário “A Vida Secreta de Adolf Hitler” (1958, de Westbrook van Voorhis), que, num abominável estratagema ideológico, utiliza cenas do clássico riefenstahliano deturpadas por uma narração anacrônica, que deposita informações futuras sobre imagens captadas em 1934. Além disso, vemos também a doce Eva Braun banhando-se e realizando exercícios aeróbicos, enquanto o tirânico Adolf Hitler sorri compulsivamente e ensaia alguns passos de dança, o que só me fez perceber o quanto ele realmente lembra nosso querido estudante de letras.Pensando nisso, realizei esta tosca montagem e lanço o desafio: o que um tem que o outro não tem (e vice-versa)?

Arrisco um primeiro palpite: o bigodinho. Se as regras do jogo estiverem compatíveis, ainda faltam 6 tentativas (risos).

Wesley PC>

PENSAMENTO (SEMI-REPREENSIVO) DE COMEÇO DE DIA


“Razão dos efeitos - a concupiscência e a força são a fonte de todas as nossas ações: a concupiscência produz as voluntárias; a força, as involuntárias”

Fragmento pensamental nº 334 de meu filósofo favorito, Blaise Pascal (1623-1662). Enquanto isso, eu me divido entre a concupiscência e a força, estando a segunda determinada em destruir a primeira, ao passo em que esta primeira nada mais tenta além de justificar sua existência perante a segunda. Porque, quanto mais reclamam que eu abuso da confiança corporal alheia, mais eu tenho vontade de provar que carícias nem sempre são sinônimo de estupro.

Beijo para Ayalla,

Wesley PC>

CENAS ANTOLÓGICAS DE MEU CINEMA PESSOAL – II:


“ – Eu tenho escrúpulos, sabia? Escrúpulos: sabe o que é isso?
- Não, eu não sei o que é, mas se tu tens isto, com certeza pertenceu a outra pessoa”.

Será que eu tenho?

Fonte: “Lua de Papel” (1973). Direção: Peter Bogdanovich.

Wesley PC>

terça-feira, 24 de março de 2009

CENAS ANTOLÓGICAS DE MEU CINEMA PESSOAL – I


“ – Tu já estiveste apaixonado?
- Não, eu fui garçom durante toda a minha vida!”


E a vida imita a arte!

Fonte: “Paixão dos Fortes” (1946). Direção: John Ford.

Wesley PC>

PROPAGANDA DE REMÉDIO


Sabem o que é Tylenol? Aquele analgésico á base de paracetamol que pode ser tomado por quem não sabe se está com gripe ou dengue? Pois então, os fabricantes e distribuidores comerciais desta droga farmacêutica foram um dos pioneiros na inserção do público homossexual como alvo mercadológico de suas campanhas publicitárias. Na imagem, uma efetiva propaganda: de um lado, afirma-se: “sua dor de cabeça não o deixa dormir”. Ao lado, outra afirmação relacionada: “a dor de cabeça de seu namorado não o deixa dormir”. Abaixo, a solução paga: “Pare. Pense. Tylenol PM”. E aí, tu comprarias este remédio?

Wesley PC>

SEM MEDO DAS CONSEQÜÊNCIAS DE MINHA PERVERSÃO!


Recentemente, meu computador foi atacado por vírus, conforme comentado aqui no blog. Precisava de alguém para reinstalar os programas. Liguei para um amigo que estuda Sistemas de Informação no CEFET, mas este não estava em casa. Seu irmão, porém, muito generoso e com quem eu nunca tinha conversado, atendeu a ligação e puxou assunto. Doze horas depois, ele estava em minha casa, dedicando quatro horas de seu tempo à reinstalação do Windows Vista em meu computador e trocando receitas de panquecas com minha mãe. Não cobrou nada no dia, mas fiquei sabendo depois que seus serviços e dedicação custaram-me R$ 30,00. Não pensei muito se era um preço justo ou não, pois estava agradecido. Paguei o valor devido. Alguns dias depois, ele me adicionou no Orkut. Esta é a foto de seu perfil, visto que ele possui orgulho de ser ciclista nas horas vagas. Salvei a foto em meu computador, mas fiquei cogitando finalidades para ele que vão além (ou aquém, não sei) do mero fervor esportivo. Tenho assuntos pendentes com o moço, ainda referentes ao computador, visto que ele esqueceu de instalar os aparatos sonoros. Vou ser preso mais cedo ou mais tarde (risos).

Wesley PC>

TIRANDO O ATRASO!


Já recebi carta apaixonada de uma jovem paulista com a letra de “Último Romance”, falei muito mal deste álbum só por causa de 2 ou 3 videoclipes vistos de relance na MTV, fiquei contente ao saber que ele foi uma das causas da reabilitação estomacal/intestinal de Cleidson Carlos e sei que a última faixa, “De Onde Vem a Calma”, é uma das canções que mais causam lágrimas em meu amigo Ferreirinha. Ainda assim, nunca havia ouvido o “Ventura” (2003) por completo. Faço-o agora e, ainda na faixa 03, “Tá Bom”, já estava completamente fisgado:

“Senta aqui, espera que eu não terminei.
Pra onde é que você foi que eu não te vejo mais?
Não há ninguém capaz de ser isso que você quer,
Vencer a luta vã e ser o campeão
Pois se é no "não" que se descobre de verdade,
O que te sobra além das coisas casuais.
Me diz se assim está em paz, achando que sofrer é amar demais?”


Ah, quanto tempo perdido!

Wesley PC>

VEREDICTO NÃO-INTERROGATIVO: PRA QUE PESTE ELES INSISTEM EM REGRAVAR AS GRANDES OBRAS DO PASSADO?


“Tu disseste que partilharia um amor e uma vida comigo
Permitiste que eu saísse desta solidão
Deixaste-me precisar de ti, estar a teu lado.
Aonde quer que tu vás, permita-me ir junto
Isso é tudo o que lhe peço”


Excetuando-se a letra óbvia desta canção e a fama grudenta de alguns acordes do Andrew Lloyd Webber, como é detestável esta versão do Joel Schumacher para a clássica estória do Gaston Leroux. Elenco inexpressivo, músicas ruins, ritmo enfadonho, arrastado por 143 minutos de projeção! Existe uma extraordinária versão, filmada em 1925 por Rupert Julian, que já dava conta do recado, que já supria todas as carências vinculadas à trama, mas não, não, o Capitalismo sempre pede mais, mais, em detrimento da qualidade pendente das obras de arte que transforma em simples mercadoria. Que pena, que pena!

De qualquer sorte, possuo “O Fantasma da Ópera”, protagonizado pelo atormentado Lon Chaney (vide foto), em meu acervo pessoal. Adoraria revê-lo com mais alguém...

Wesley PC>

DEFINIÇÃO DE “NÓ NAS TRIPAS”:


Minha obsessão (em primeira pessoa) por nematelmintos e parasitas de toda a espécie levou-me agora a descobrir o que é o famoso “nó nas tripas” de que nossos parentes mais velhos tanto falavam: é nada mais nada menos que uma obstrução intestinal ocasionada pelo excesso de lombrigas, uma espécie de suicídio reprodutivo de massa, em que, tal qual acontece com nossa espécie humana, o excesso destrói! Espero que eu entenda a mensagem...

Como é difícil lidar com gente intransigente, como é difícil lidar com quem, ao invés de enxergar a óbvia realidade e abordá-la de modo curativo, prefere zombar dos sintomas e masturbar-se vocabularmente ao seu bel-prazer. Lembro que, ontem à noite, enquanto escrevia aqui no blog, minha mãe assistia a um telejornal costumeiro, onde estudantes franceses eram mostrados protestando em frente a uma catedral francesa, por causa de uma declaração estapafúrdia do Papa Bento XVI, que, em visita á África, alegou que o uso de camisinhas prolonga a abrangência da AIDS. Não é melhor ignorar aberrações declarativas como esta, ao invés de dedicar ao diabólico mentor religioso a fama de que ele precisa? Então, talvez o mesmo pudesse ser feito com as lombrigas. “silêncio” é uma arma moral – quem viu os filmes “estranhos” do David Lynch sabe disso!

E não estou mandando nenhum recado para Rafael Maurício – ele é um anjo infectado. Obrigado!

Wesley PC>

AUTOR DA VEZ: ERIC HOBSBAWM


Enquanto estiver lendo este brilhante historiador de naturalidade egípcia, travarei conexões com as rejeições de minhas idiossincrasias no mundo comum. Acabo de renunciar ao filme musical “O Fantasma da Ópera” (2004, de Joel Schumacher), em exibição na TNT, a fim de que meu irmão e minha mãe vissem os programas esportivos e telejornais que reclamavam. Não era sequer um bom filme, mas eu tinha curiosidade de vê-lo e desisti, a fim de evitar uma hecatombe familiar de maiores proporções.

Segundo Eric Hobsbawm, a vulnerabilidade da política liberal repousa na falta de confiabilidade, por parte dos governantes nacionais, em relação à democracia representativa enquanto forma de governo ideal e característica e em mais quatro condições sustentaculares, nem sempre de fácil acesso, que serão compartilhadas com situações de meu próprio cotidiano:

1 - O repouso deste tipo de democracia no que diz respeito ao consentimento e à legitimidade geral, que chafurda, em minha casa, na total falta de respeito de que disponho enquanto arrimo monetário de família;

2 – A verificação de um certo grau de compatibilidade entre os vários componentes populares, havendo a possibilidade de se determinar a soberania de um governo comum, condição que se estabana na total divergência de apreciações dos produtos culturais de massa entre os moradores de minha casa;

3 – A imposição preventiva de uma limitação no tempo de governo de quem estiver gozando da sobrnaia democrática, condição esta que, em minha residência como na de quase todos os que conheço, é invalidada pelo apreço doentio à autoridade patriarcal/matriarcal, acima de qualquer questionamento social;

4 – E, para finalizar, a necessidade de riqueza e prosperidade materiais, sobre as quais não preciso sequer tecer comentários (risos).

Como o canal TNT independe de um decodificador de sinal de TV por assinatura, estou conseguindo gravar o filme supracitado enquanto meu irmão e minha mãe satisfazem a sua sanha por tragédias televisivas. Isso é democracia?

Wesley PC>

“TIVE UM SONHO DE VERÃO”...


Mas não numa praia que nem a famosa canção de minha infância – e, se brincar, nem mais no verão, visto que já adentramos no Outono –, mas tive novamente um daqueles pesadelos característicos de minha infância católica: sonhei que o mundo se acabava mais uma vez, e que eu via e sentia e estava lá, eu estava lá!

Não sabia o porquê exatamente, mas o Sol estava a se apagar, a rotação da Terra se extinguia, Netuno e Urano já haviam se desintegrado. No meu quintal, velhas em cadeiras de roda eram abduzidas por uma luz seqüestradora diante dos olhos assustados de Wesley de Castro e sua mãe, Rafael Torres e meu irmão caçula Rômulo catavam mangas, enquanto, no meu quarto, com as paredes repletas de mensagens de despedida, Jadson Teles chorava, angustiado com a proximidade do fim e satisfeito por ver que estávamos todos juntos. Acordei apavorado. Dormi de 0h até às 9h30’ de hoje. Faltei aula novamente.

Pensei que já tinha me acostumado com isso. Ainda não, pelo visto! Mas todos estavam lá, ao meu lado. Serve-me de consolo. Acho que é nisso que dá ficar lendo bilhetes suicidas alheios antes de dormir...

Seja como for, amo-vos,

Wesley PC>

segunda-feira, 23 de março de 2009

E, COMO RAFAEL MAURÍCIO SE DISPÔS A OUVIR ANTONY AND THE JOHNSONS...


... (não) dedico a ele a faixa 07 do álbum “I Am a Bird Now” (2005) – “Fistful of Love”, co-interpretada pelo mestre ‘underground’ ‘gay’ Lou Reed:

“Eu olho nos seus olhos e os mares se abrem para mim
Eu digo que te amo e que sempre te amarei.
E eu sei que tu não podes me dizer o mesmo
Então, eu aceito me recolher às insinuações e aos pequenos símbolos de sua devoção.
Eu sinto os seu punhos – e eu sei que é por amor!
E eu sinto o chicote – e eu sei que é por amor!
Eu sinto os seus olhos flamejantes queimando buracos diretamente em meu coração
E é por amor, é por amor”...


A história de minha vida em palavras alheias.
Na foto, meu muso sonoro, Antony Hegarty.
“No peito, na alma e no coração”: o ferimento e o agradecimento.
Pessoas diferentes, diferentes reações...

Wesley PC>

RINOCERONTE


Segundo a Wikipédia, “os rinocerontes são grandes mamíferos perissodátilos (com número ímpar de dedos em cada pata) caracterizados por apresentarem uma pele espessa e pregueada e um ou dois chifres sobre o nariz; é esta característica que está na origem do nome”. Além disso, está dito lá que “estes animais habitam as savanas e florestas tropicais da África e Ásia”.

No final de “E La Nave Vá” (1983), um dos mais perfeitos, eruditos e subestimados filmes de Federico Fellini, o personagem principal diz que o leite de rinoceronta é uma delícia. Nunca provei, mas, como diz o Fernando Pessoa, transformado em senso comum: “tudo vale a pena, quando a alma não é pequena”.

Wesley PC>