sábado, 11 de abril de 2009

CENAS ANTOLÓGICAS DE MEU CINEMA PARTICULAR – IV:


Ela fica seminua na frente dele mais uma vez. Eles conversam, antes de terminarem definitivamente a relação.

“ – Eu faço qualquer coisa para ficar contigo. Faço tudo para provar que te amo!
- Ótimo, então eu quero que tu vás até um carro de polícia e beije um policial na boca.”


E ele vai. Bate no vidro do carro, pedindo que o policial o abra. Quando este o faz, ele apenas diz: “posso te beijar na boca?”. Os dois policiais no interior no carro começam a sorrir, escarnecendo. Ele, então, junta dois dedos aos lábios e esboça um cumprimento, tão sarcástico dum lado, tão desesperado do outro...

Fonte: “Contos de Nova York” (1989) – episódio “Lições de Vida”, dirigido por Martin Scorsese.

Wesley PC>

DÁDIVAS DE MINHA HERANÇA ANTROPOFÁGICA


Pela manhã, vi um filme extremamente alegórico de nome “Pindorama” (1970), dirigido pelo Arnaldo Jabor. Para além de eu ter me chateado com a pirraça que o filme faz encima de um clássico popular da fase final do movimento cinemanovista, confesso que o filme me deixou pensativo, me fez imaginar que existe muito mais a ser considerado no que diz respeito àquelas pífias dicotomias que nos são ensinadas na escola sobre economia colonial X submissão metropolitana ou supremacia portuguesa X valoração miscigenada nacional. Dentre todas as disciplinas ensinadas às crianças em sala de aula, a História é, sem dúvida, a mais delicada, no sentido de que, sem querer, podemos estar apenas legitimando “o que foi escrito pelos vencedores”, conforme criticavam intelectuais como Oscar Wilde, Machado de Assis ou Charles Darwin. Farei a minha parte, portanto, ao divulgar (os erros válidos de) o filme. Espero que eu pague, assim, ao menos a milionésima parte de meu débito com o passado. E, como dizia o escritor Paulo Porto, “confia no futuro, pois ele não pode ser pior do que o passado”. Será?

Wesley PC>

CONTINUAÇÃO (INVERTIDA) DA POSTAGEM ANTERIOR À POSTAGEM ANTERIOR: SABE A LILLY ALLEN? EIS O QUE ELA CANTA NA PRIMEIRA ESTROFE DO SUCESSO “ALFIE”:


“Oooooh, tadinha de mim
Meu irmão menor está no quarto, fumando erva
Eu falo que ele tem que acordar porque já são quase três e meia
Mas ele nem se incomoda porque está alto de THC.
Eu pergunto pra ele, muito gentilmente, se ele gostaria de uma xícara de chá,
Mas eu não consigo nem vê-lo, pois o quarto está todo esfumaçado,
Não entendo como alguém pode ver tanta TV.
Meu irmãozinho Alfie, como eu gostaria que tu pudesses ver...”


Eis o início de um dos videoclipes mais executados na MTV até recentemente. Trata-se da canção “Alfie”, composta e interpretada pela inglesinha Lilly Allen, que biografa desta maneira seu irmão caçula e tenta mostrar para ele o caminho verdadeiro a ser seguido. A música está contida no álbum “Allright, Still” (2006), que fez o maior sucesso antes de chegar ás lojas, graças à Internet. Na faixa 01, “Smile”, depois de ser abandonada por um namorado mulherengo, ela canta:

“Primeiro, quando te vejo chorar, me dá vontade de sorrir,
Sim, me dá vontade de sorrir.
No pior dos casos, me sinto mal por um momento,
Mas de novo logo sorrio, e sigo adiante e sorrio”.


E no final de “Alfie” (faixa 11), ela volta a ser conselheira:

“Ooh irmãozinho, por favor, pare de fazer isso,
Estou tentando ajudar você, então por favor pare de ser um escroto.
Chegou a hora de você e eu sentarmos e termos uma conversinha,
Só olhe nos meus olhos e tire esse seu boné estúpido”


Então, a cantorinha inglesa, simpática que só ela, merece ou não merece nossos elogios morais? Que cada um destine o julgamento que lhe for melhor conveniente (risos), mas, por mais que eu curta seu som e tenha muitíssimos problemas com os vícios de meu irmão (que, enquanto escrevia estas linhas, estava no quintal, a fazer algo que minha mãe não gosta), acho que ela não me convence não, visse?

Wesley PC>

CONTINUAÇÃO DA POSTAGEM ANTERIOR: DA MINHA IMPOSSIBILIDADE EM NÃO ACREDITAR EM DEUS...


No meu caso, "tem culpa eu"?

Wesley PC>

MEU CONTATO COM GOMORRA E O RESPEITO AOS “DEZ MANDAMENTOS DA LEI DE DEUS” (+ UMA INDICAÇÃO DE FILME)


Desde que passei a freqüentar a Comunidade Gomorra com certa regularidade (certa, nos dois sentidos do termo), não foram poucos os questionamentos por que eu passei, seja no que se refere ao enfrentamento de minha própria moralidade, seja no que se refere aos sustos que minha insaciedade erotógena provoca em alguns dos membros desta comuna (Rafael Coelho à frente). Nunca escondi de ninguém (sequer de mim mesmo) que sou um religioso (teísta da gema) nem que tenho uma relação muito esquisita com o sexo, visto que não o pratico de modo convencional, mas saúdo-o diuturnamente, em cada ato de meu viver.

Escutando (contra a minha vontade, diga-se de passagem) algum destes programas televisivos que forçam uma religiosidade extremada e patenteada em virtude da suposta comemoração sacra envolvendo o final da quaresma, comecei a pensar no quanto eu ainda sou obediente aos “10 Mandamentos da Lei de Deus” e no quanto estes servem mais a regras pequeno-burguesas de conduta do que ao valioso Deus propriamente dito. Eis algumas de minhas reflexões respeitosas, portanto:

- Mandamento 1: “Amar a Deus sobre todas as coisas”

Reflexão: como sou uma espécie de panteísta, considero que todas as coisas são Deus também. Portanto, além de amar infinitamente o meu conceito mui pessoal de Deus, sempre que me demonstro apaixonado por alguma música, filme ou pessoa (Rafael Maurício, por exemplo), tenho consciência de que estou amando muito a Deus neste processo. Por isso, acho que obedeço piamente a este mandamento!

- Mandamento 2: “Não invocar o Santo Nome de Deus em vão”

Reflexão: nenhum pequeno ato de vida é considerado vão para mim. Sendo assim, tenho certeza que Deus se sente valorizado (se é que Ele é um conceito antropomorfizado) sempre que pronuncio seu amado nome.

- Mandamento 3: “Guardar o dia de sábado” (ou domingo, a depender da tradução oportunista)

• Reflexão:
ah, o próprio Jesus, quando de sua vinda à Terra, aboliu este mandamento, com o qual nunca concordei ou talvez nunca tenha entendido ou achado válido. Portanto, ignoro-o!

- Mandamento 4: “Honrar pai e mãe”

Reflexão: não conheço meu pai e trato minha mãe Rosane como se fosse uma pessoa (admirável) qualquer. Por isso, não preciso ficar me preocupando com isto. Amo-a como ser vivo, como criatura com quem eu gosto de conviver, mas ela também se equivoca e, quando o faz, a gente busca métodos válidos de concordância como todo mundo, ora bolas!

- Mandamento 5: “Não matar”

• Reflexão:
este eu obedeço cegamente. Não mato sequer animais que me assustam, como cupins ou carrapatos, mas sou favorável á eutanásia e, se um dia minha mãe estiver com câncer e pedir que eu a desfaleça letalmente com comprimidos, confesso que não terei pudor em fazê-lo.

- Mandamento 6: “Não pecar contra a castidade”

• Reflexão:
o que é isso?

- Mandamento 7: “Não roubar”

• Reflexão:
prefiro abordar o tema por outra via: “não desejar conquistas materiais”, “não desejar ter”. Uma coisa invalida a outra, portanto!

- Mandamento 8: “Não levantar falso testemunho”

• Reflexão:
sou radicalmente contra a mentira! Em minha opinião, tudo o que possa ser chamado de “crime” ou “pecado” advém dela, portanto...

- Mandamento 9: “Não desejar o cônjuge do próximo”

Reflexão imediatista: e se ele quiser que eu assim o faça?

- Mandamento 10: “Não cobiçar as coisas alheias”

Reflexão: mandamento repetitivo e desnecessário, em virtude de já existir o Mandamento 7, ao que acrescento: “não cobiçar sequer as suas próprias coisas”.

Ao que concluo: puxa, como estou precisando de uma experiência sexual com pessoas de ambos os sexos ao mesmo tempo! Lembro que já tive a sorte de proto-namorar uma menina e um menino simultaneamente e que um dos primeiros filmes a considerar “perfeito” chamava-se “Três Formas de Amar” (1994, de Andrew Fleming), sobre uma menina que, acidentalmente, é hospedada numa república masculina de estudantes e se apaixona por um ‘gay’, que, por sua vez, está completamente deslumbrado por um dos meninos mais bonitos da universidade, que demonstra interesses avançados pela menina acidentalmente instala numa república masculina de estudantes. Acho que este foi o filme que mais marcou a possibilidade de sonhar em minha adolescência – e, por mais que ache o filme deveras comercial se visto hoje, não tenho como evitar de me empolgar: o tratamento conferido à suposta “liberdade (de variação) sexual” é lindo, uma verdadeira aula para os membros mais (in)saciados de Gomorra...

Wesley PC>

“A RAINHA DAS RAINHAS”!


Neste feriado santo, o que mais foi ouvido em Gomorra atende pelo nome “The Girlie Show” é um concerto realizado por Madonna em 1993, quando seu nome era vinculado aos escândalos do disco “Erótica” (1992) e ao livro de fotografias “Sex”. Não obstante eu ser uma espécie de fã óbvio da cantora (quem não é?), não gostei tanto quanto meus companheiros (Renison Souza e Lucas Ferreira, principalmente) do concerto apresentado: em minha opinião, a versão germanizada de “Like a Virgin”, o ufanismo patético de “Holiday” e a remixagem sintética do capítulo 12 do Apocalipse funcionam bem melhor no papel que na prática. Porém, clássicos como “Rain”,“La Isla Bonita” e “Deeper and Deeper” compensam o investimento libidinal/ocular/auditivo, sem contar que aproveitei a oportunidade para conhecer uma música belíssima, “In This Life”, contra o preconceito e a incompreensão que vitimam pessoas com vida sexual ativa e que, eventualmente, são afligidos por doenças sexualmente transmissíveis, como a AIDS.

“In this life I loved you most of all
What for?
'Cause now you're gone and I have to ask myself:
What for?”


Não sei se posso dizer que sinto saudades da velha e lasciva Madonna (visto que acho a fase tântrica que antecedeu seu atual retorno ao ‘dance music’ retrô é genial), mas que o DVD deste concerto me trouxe boas lembranças de quando eu aprendi o que era orgasmo numa fila de posto de saúde, às 5h da manhã de uma madrugada qualquer de meus 9 anos de idade, ah, isso trouxe! E, repito, isto compensa – e muito! – qualquer investimento libidinal descarregado.

Wesley PC>

A CULPA (NÃO) É (SÓ) DO BERTRAND TAVERNIER!


Estando em casa nesta Sexta-feira da Paixão, desejoso por algum filme que me mostrasse os benefícios e deméritos da amoralidade, pus “A Isca” (1995, de Bertrand Tavernier) para ser executado em meu problemático aparelho de DVD [marca: Samsung, que também está apresentando defeitos na casa de Rafael Maurício. Será tendência criminosa empresarial? Mera coincidência? Um sinal de coligação extra-maquinária? Demos tempo ao tempo...]. Como já havia me favorecido com a passionalidade empregatícia generalizante deste cineasta, em detrimento dos sentimentos pessoais de seus personagens, cri que tal filme saciaria meus intentos. Não o fez (visto que, conforme muitos críticos foram sábios em apontar, a prolixidade extrema de sua realização esvazia a crítica marginal do mesmo), mas, ao perceber que um hedonismo primário pode redundar em ambição empresarial (o tema do filme é a vontade de enriquecer de alguns jovens, que praticam latrocínios com o objetivo de acumularem capital para abrir uma fabrica têxtil nos EUA), relembrei de um filme francês produzido no mesmo ano que o premiado “A Isca” e fui catapultado para a minha adolescência, quando entrei em contato com o doloroso atestado de a/imoralidade que atende pelo nome de “Não Esqueça que Você Vai Morrer” (1995).

Escrito, dirigido e protagonizado pelo gracioso prodígio Xavier Beauvois, “Não Esqueça que Você Vai Morrer” é uma das mais impactantes descidas ao inferno da juventude que eu já tive a oportunidade de ver numa tela (mesmo que o filme não seja necessariamente bom). Quando eu assisti a este filme, era um sociopata de mais ou menos 16 anos e fiquei impressionado com aquelas imagens fortes, com aqueles conselhos truncados, com aquela falta de perspectivas... Vamos ao que fala o filme: trata-se de um jovem bonito que, ao descobrir que está com AIDS, enraivece-se por completo e, sem querer se importar com quem lhe passou a doença, resolve se vingar equivocadamente da sociedade que deu origem a esta síndrome e resolve experimentar tudo o que se privara até então, desde o consumo de heroína até o homossexualismo promíscuo e a guerra, transmitindo inadvertidamente a doença incurável de que é agora cometido e morrendo, antes de morrer de verdade.

É um filme sem sentido, da mesma forma que é sem sentido o mundo que cercava o personagem e que me cercava à época (como se o mundo atual tivesse sentido – risos amargos). Lembro que, quando vi o filme, pouco me lixava em pegar AIDS. Como era um ser odiado por quase todos que conviviam comigo, achava que, se estivesse com a tal doença, podia forçar alguns meninos bonitos que me deploravam a ficarem nus em minha frente, numa enfermaria qualquer... Ledo engano. Quando entrei na Universidade, alguns anos depois, conheci alguns amigos ‘gays’, que tentaram me fazer temer a AIDS, apelidada por eles de “tia”, doença esta que “nasceu” na mesma era que eu, que quase posso considerar uma irmã geracional. Não sei o que faria se descobrisse agora que estou com AIDS ou qualquer uma destas famosas doenças terminais, mas o arsenal de sofrimento que o personagem do Xavier Beauvois despeja em todas as pessoas que passam por sua frente jamais saiu de meu pensamento. Por precaução, prefiro manter meu foucaultismo ferrenho e manter-me longe dos hospitais...

Wesley PC>

RUFUS WAINWRIGHT


Conhecido na imprensa especializada como “o bardo ‘gay’ canadense”, Rufus Wainwright, além de ser lindo, é um dos mais poéticos e carismáticos cantores e compositores masculinos da atualidade. Possuo o álbum “Poses” (2001) em minha casa há alguns anos e, apesar de não ter ouvido muitas das outras músicas do cantor [salvo sua versão para “Hallelujah”, do Leonard Cohen, em alguns filmes hollywoodianos, a pungente execução de “The Maker Makes” durante os créditos finais de “O Segredo de Brokeback Mountain” (2005, de Ang Lee), sua regravação cativante para “Across the Universe”, de The Beatles, ou sua contribuição com Antony and the Johnsons em “What Can I Do?”], acho-o um intérprete extraordinário e, ao ouvi-lo novamente na noite de ontem, quantas memórias e fantasias entupiram a minha cabeça! Quantas!

Não sabia que ele foi sexualmente violentado aos 14 anos (acabo de descobrir, pesquisando sobre sua vida pessoal), o que fez com que ele dedicasse os 7 anos seguintes de sua vida ao celibato, mas é público e notório que, em qualquer entrevista que ele concede, a frase “meu nome é Rufus Wainwright e eu sou ‘gay’” será publicada como primeira resposta (risos). Mas, para além de seu fanatismo auto-declarativo, ele é um excelente compositor, permeando suas canções tristes com lamentos homossexuais, elegias entediadas – decorrentes do excesso de posses materiais e do concomitante decréscimo de ganhos espirituais – e vícios contemporâneos diversificados, como jujubas, promiscuidade sexual, metanfetaminas e leite achocolatado. Como sou muito suspeito para elogiar este gênio pederasta, resta-me dizer que concordo com ele quando afirma que “uma vez que tu decaias da virtude clássica, são poucas as almas que se dispõem a reerguê-lo” ...


“Tu irás me proteger esta noite
Mesmo que tu não estejas aqui comigo
E que eu esteja longe de ser feliz”
(“Shadows”)

Fica a indireta e a recomendação: ouçam-no!

Wesley PC>

DICA DE ALUCINÓGENO: AZEITONAS COM AZEITE DE OLIVA


Quem encontrou comigo na noite de quinta-feira, pôde perceber que não estava em meu juízo normal (supondo que algum dia já estive - risos). Motivo: fui vítima de um experimento científico-gastronômico de minha mãe Rosane, que adicionou azeitonas com azeite de oliva à minha comida, deixando-me ainda mais frenético que o (in)comum. Não era daquele dia que conhecia as propriedades eufóricas e afrodisíacas do fruto das oliveiras (árvores que acompanharam o aprisionamento de Jesus), mas nunca tinha experimentado a mistura desta deliciosa oleácea com o azeite dela extraído. Confesso que o resultado é bem melhor que as misturas de leite em pó em leite líquido ou de sêmen dissolvido em qualquer tipo de leite, misturas estas que se revelaram particularmente inócuas e perdulárias. O problema é que o excesso de azeitonas tem efeitos colaterais gravíssimos para quem fica observando seus objetos de desejo em processo soporífero, mas quem foi que disse que não se paga para viver e/ou fingir que um dia se pode ser feliz?

Wesley PC>

sexta-feira, 10 de abril de 2009

VERSÍCULOS BÍBLICOS DO EVANGELHO DE SÃO MARCOS


“E, voltando, achou-os outra vez dormindo, porque os seus olhos estavam pesados e não sabia o que responder-lhe. E voltou terceira vez e disse-lhes: ‘dormi agora e descansai. Basta; é chegada a hora. Eis que o Filho do homem vai ser entregue nas mãos dos pecadores’. Levantai-vos, vamos; eis que está perto o que me trai. (...) Ora, o que o traía, tinha-lhes dado um sinal, dizendo: ‘aquele que eu beijar, esse é; prendei-o, e levai-o com segurança’. E logo que chegou, aproximou-se dele e disse-lhe: ‘Rabi, Rabi’. E beijou-o. E lançaram-lhe as mãos, e o prenderam” (Marcos, 14: 40-46, com exceção do versículo 43, omitido).

Porque, acima de tudo, compactuar com a queima de bonecos imitativos de Judas Iscariotes no sábado de Aleluia é um ato de hipocrisia!

Wesley PC>

OU DO TEMPO, QUE TRANSFORMA...


Quando saía do banho hoje, sem ter me enxugado, sou repreendido ternamente por Juliana Aguiar, que disse que, se eu continuasse a fazer isso, vestir-me ainda molhado, poderia adquirir alguns fungos que contêm bactérias fatais. Na mesma hora em que ela me falou isso, lembrei duma preciosa memória infantil, quando, me frente a um programa da TV Bandeirantes, ouvi que era bastante saudável não se enxugar após o banho em épocas de extremado calor, pois isto ajudava a queimar calorias. Não duvido de que Juliana esteja certa e de que suas intenções sejam as melhores possíveis, mas é estranho perceber-me traído assim por memórias que considerava tão preciosas.

Uma das doenças que a tal prática de vestir roupas molhadas pode causar é a famosa candidíase, muito comum entre mulheres que (não) usam calcinhas. A doença em pauta é causa pela bactéria ‘Candidas albicans’ (vide foto) e pode desencadear conseqüências insalubres terríveis, desde uma simples e recorrente coceira até o nascimento de caroços semelhantes a verrugas que, na melhor das hipóteses, deteriora visualmente o importante aspecto externo da genitália humana.

Além de entrar em conflito com o aparentemente falacioso conselho televisivo sobre a perda voluntária de calorias durante o ato de se secar ao vento, lembrei de outra famosa divergência educacional: ao passo em que éramos rigorosamente proibidos de vermos fotos de pênis ou vaginas (mesmo para propósitos educacionais) na escola, éramos levados pelos professores para contemplarmos aquelas horrorosas fotografias de órgãos sexuais carcomidos pelo cancro mole, sífilis ou doenças do gênero. Sendo eu um ser religioso que prefere louvar o Bem ao invés de reclamar do Mal, pergunto: por que esta tendência vitoriosa em educar pelo medo? Por quê?

Wesley PC>

quinta-feira, 9 de abril de 2009

“VIDAS SECAS” (1963). Direção: NELSON PEREIRA DOS SANTOS


E, para que não pensem que somos apenas imitadores cristãos (visto que estão programadas para hoje uma reencenação da Última Ceia e da Missa do Lava-Pés), acataremos uma sugestão de Rafael Torres e veremos a versão cinematográfica do precioso livro de Graciliano Ramos, o que me será particularmente delicioso e emocionalmente criminal, no sentido de que não somente este filme é uma das obras mais extraordinariamente perfeitas da cinematografia do Brasil como sei que cairei no choro na cena em que a família de retirantes se sente na obrigação de matar a fiel cadela Baleia. Que seja o que as entidades alagoanas quiserem!

Wesley PC>

ENTÃO...


Gente reunida, pessoas não sendo mais obrigadas a sofrer as agruras do trabalho coercitivo, aulas suspensas por alguns dias, muita força de vontade e uma idéia na cabeça: que tal uma daquelas famosas reuniões gastronômicas em Gomorra, em que tio Charlão possa voltar a aparecer por lá? Hoje estávamos em dúvida se púnhamos em prática a idéia de Marcelino de uma salada de frutas ou se engendrávamos uma nova feijoada vegetariana, bem como um possível luau na madrugada de sábado para domingo. Todas as idéias são válidas. Então, alguém se habilita?

Wesley PC>

PARA QUEM NÃO ESTEVE EM GOMORRA NA QUINTA-FEIRA...


...uma nova oportunidade de apreciar o cinema inspirado e exageradamente glúteo do Tinto Brass. Nesta manhã de sexta-feira, nossos historiadores favoritos participarão de uma farta sessão do clássico “Calígula” (1979), que, não obstante ser um dos trabalhos mais valorosos do gênio lúbrico italiano, é um filme que causou muita discórdia a seu realizador, a ponto de este desejar retirar seu nome dos créditos e transmitir tal honraria ao produtor do filme (e que terminou sendo seu co-diretor) Bob Guccione. O motivo: apesar de ser extremamente genital, o cineasta italiano não era favorável à adoção de cenas de sexo explícito em seus filmes, ao contrário do que ansiava o oportunista dono da revista Penthouse. O resultado é que “Calígula” parece um tanto irregular nalguns momentos, mas é uma obra-prima!

No elenco, merecem destaque o alucinado protagonista Malcolm McDowell, a bela Theresa Ann Savoy, a talentosíssima Helen Mirren e o não menos psicótico e talentoso Peter O’Toole. A trama apenas recicla todas as conhecidas práticas imperiais romanas, com o detalhe de que a lascívia do imperador-título chegava a níveis patológicos. A demonstração prática de como se pode acabar com a virgindade de um homem que já tenha feito sexo várias vezes em sua vida é impressionante e inesquecível!

Wesley PC>

VAZOU O DISCO NOVO DO THE GATHERING!


Os fãs da banda holandesa The Gathering estavam apreensivos: será que a nova vocalista Silje Wergeland conseguiria substituir com precisão, sem uma mudança drástica de estilo, a graciosa Anneke van Giersbergen? Apesar de, numa primeira audição, “The West Pole” (2009) parecer uma versão ainda mais melosa – no sentido não necessariamente elogiável do termo – do disco solo da Agua de Annique, “Air” (2007), pelo menos três faixas merecem destaque imediato: a abertura instrumental e sintetizada com “When Trust Becomes Sound”, a plácida e lamentosa “You Promised Me a Symphony” e a apaixonante pérola orquestrada “Pale Traces”. Os temores dos fãs foram abrandados: Silje Wergeland é uma flor de simpatia gótica e o álbum é muito bom, triste e sofrido como todos nós merecemos!

“Quando, quando tu perdestes teu sorriso?
Era muito para agüentar de uma vez só?
Então, de repente, que não tinhas mais nada a perder
Nem o inverno mais frio pode congelar seu coração”


Wesley PC>

NUMA FRASE E ½ ?


Se estou disposto a pagar qualquer preço? Não sei... Cobre!

Wesley PC>

RECADO DE QUINTA-FEIRA SANTA, 09 DE ABRIL DE 2009


Acordei com três informações renitentes em minha cabeça, na manhã de hoje: uma data, um filme e uma letra de música. Mesclando as três informações e traduzindo-as numa escrita linear, encontrei a seguinte mensagem:

“Prezado Wesley,

Hoje é quinta-feira. Bruno/Danilo, Luiz Ferreira, Juliana Aguiar, Rafael Torres e Rafael Coelho estarão em Gomorra, ávidos por diversão comemorativa de feriado. Tu não crês que seria interessante para todos (tu, mais do que incluído) se pusesses um dos melhores filmes do Tinto Brass na bolsa e te dirigires para lá, a fim de ver “A Pervertida” (2000) ao lado de companheiros mui adequados? Além disso, tu poderias pensar no que aquela deliciosa canção do Secos & Molhados representa para ti... Aceitas o convite?

Atenciosamente,

Teu subconsciente lascivo”.


OK, mensagem compreendida, almoçarei, tomarei banho e parto para Gomorra!

“Oh! Mulher infiel,
Traiçoeiramente ativa
Com minha vida consumida pelo teu jeito,
Pelo teu peito saliente,
Eficiente nas horas vivas e nas horas vagas, pagas...
Oh! mulher infiel”


Wesley PC>

CONFORME PROMETIDO, RESENHA DE “ALICE IN WONDERLAND: AN X-RATED MUSICAL FANTASY” (1976, de BUD TOWNSEND)


Enquanto minha mãe e meu irmão revezavam-se na sala de minha casa assistindo à novela da TV Record ou ao jogo de futebol da TV Globo, eu sentei-me em frente a minha casa, com um livro de Cálculo Numérico e um fone de ouvido nas mãos. Apareceram alguns vizinhos para conversar comigo e, pouco mais de 90 minutos depois, estava sugando o pênis de meu fornecedor habitual, que ejaculou uma estranha secreção amarela, que, a despeito de qualquer estranheza inicial, foi prontamente consumida por minha língua ávida. Olhei para o relógio: meia-noite. Acho que dá para voltar para casa e ver meu filme. Despedi-me do menino, fechei o cadeado de sua casa e entrei na minha residência.

Todos dormindo? OK. Preparei cuscuz com leite e sentei-me diante da TV. Antes do início do filme, uma advertência: esta é a versão integral de “Alice in Wonderland: An X-Rated Musical Fantasy”, contendo cenas que foram excluídas quando de seu lançamento oficial nos cinemas. Intérprete da protagonista: uma tal de Kristine DeBell, que, na primeira cena, recebe o namorado gostoso numa biblioteca, mas brigam, pois ele insiste em “aceitá-la do jeito que ela é”, ao passo que a mesma teme que ele só esteja a seu lado para fazer sexo. Ele sai, ela canta e chora: “como é difícil crescer!”.

Sonolenta, ela percebe um coelho branco, que diz que “todos nós temos problemas para crescer”. Seduzida pela lição de auto-ajuda leporídea, ela segue o bicho, que se esburaca através de uma minúscula porta. Ela chora, mas logo percebe um líquido de encolhimento, que só faz efeito em seu corpo, continuando suas roupas azuis a permanecerem gigantescas. Conclusão: ela segue as pegadas do coelho enrolada apenas numa toalha. Cai num rio, mas é socorrida por alguns animais, que a ensinam como se enxugar usando a língua e para os quais, ela, em agradecimento, ensina para que servem os seios. Segue em frente. Ao sentar numa pedra, ouve vozes. Pensa ser sua imaginação, mas, quanto mais alisa a pedra, mais esta fala demonstrando prazer. Ela descobre, então, “que se tocar é bom” e, aos 25 minutos de projeção, vemos o primeiro ‘close-up’ de sua vagina, enquanto ela se masturba com muito gozo convidativo. É espionada, com méritos e, em seguida, conhece um chapeleiro louco e sabe para que serve aquele delicioso pedaço de cartilagem localizado no meio de suas pernas. Toca o órgão sexual timidamente e, obedecendo a uma ordem do chapeleiro, beija-o, logo sorvendo com a mesma intensidade e fervor que eu, até poucos instantes, também estava fazendo. Identificação positiva. Ah, se fosse eu de novo (risos).

Daí para frente, ela encontra as mesmas criaturas que na estória clássica (exceto pelo Gato), incluindo um casal de irmãos belamente incestuosos, uma amazona insaciável montada num cavaleiro negro e a infame rainha, que, por qualquer deslize, manda cortar a cabeça de quem quer que seja. Ao fugir (numa inspirada seqüência, que revela a claquete do filme, após uma série de cortes saltadores, os famosos ‘jump-cuts’ técnicos), Alice volta para a biblioteca onde estava no início e, ao encontrar novamente seu delicioso namorado, diz estar apta para novas experiências com ele, pondo em prática tudo o que aprendera, chupando, metendo, gozando junto com o jorro abundante e incolor de seu parceiro e, ao final, voltando ao ambiente natural, onde se casa, adquire um cachorrinho e “vive feliz para sempre”... Eis o resumo do filme!

Sei que me empolguei e contei mais detalhes que o permitido sobre a história, mas, advirto: é um ótimo filme e garanto que nada do que eu contei aqui vai estragar a diversão (no sentido mais literal do termo) de quem conseguir encontrar esta preciosidade, a qual só possuo num Dvix sem legendas. Se alguém quiser que eu traduza ao vivo os textos... (risos).

Apesar de as canções não serem muito inspiradas (e serem surpreendentemente freqüentes, o que desperta suspeitas acerca de qual seria o público-alvo do filme), o filme é bem-dirigido, as interpretações são sinceras (sim, porque as cenas de sexo são esparsas e os textos são longos e cativantemente ingênuos), a direção de fotografia é muito boa e o final da trama é inspiradíssimo, ainda que possamos reclamar de certa previsibilidade. Quer dizer, reclamar não é um termo adequado, já que eu, com a garganta ainda banhada de “leite macho alheio”, ansiava por aquela conclusão feliz. Ao menos na fantasia, temos direito a este tipo de compensação, não é? Belo filme, recomendo!

Wesley PC>

quarta-feira, 8 de abril de 2009

INDIRETA FÍLIMICO-MUSICAL nº 2.439.712:


“Hello darkness, my old friend,
I've come to talk with you again,
Because a vision softly creeping,
Left its seeds while I was sleeping,
And the vision that was planted in my brain
Still remains
Within the sound of silence”
(Paul Simon & Art Garfunkel)

Traduzindo as referências:

Linha 1: tenho medo de ficar cego, mas “a gente se acostuma com tudo nessa vida!”;

Linha 2: de novo e de novo e de novo. Não me canso de te procurar!;

Linha 3: e estas visões recorrentes que não param de me assombrar!;

Linha 4:
como se já não fosse suficiente eu desgostar de dormir;

Linha 5:
e não há quem tire tais visões de minha mente, salvo tu, ocupado e independente;

Linha 6:
“ainda permanece”, só isso...;

Linha 7:
pois poucas coisas neste mundo me apavoram mais que o (teu) Silêncio!;

Fotografia:
obra-prima de Mike Nichols que tem tudo a ver comigo, pois o que chamamos de amor ou desejo, em casos ridiculamente específicos, talvez não seja mais do que pirraça pós-adolescente!

Wesley PC>

O PÓS-MODERNISMO DEPOIS DA ARTE PÓS-MODERNA


Pegando carona no que Wendell respondeu sobre a possibilidade de morte durante uma pretensa encenação artística em que o corpo humano nu é o principal ator, mostro aqui um dos quadros pintados com sangue de Hermann Nitsch, artista austríaco que, junto aos geniais Otto Muehl e Rudolf Schwarzkogler, fundou o movimento que viria a ser conhecido como “Actionismo de Viena”, em que cisnes eram decepados nas vaginas de mulheres bonitas, merda, comida e sexo mesclavam-se em pastas cromaticamente indissociáveis e arte era concebida como uma tentativa de se livrar dos “cheiros de campos de concentração” com que foram acostumados a lidar na adolescência. Alguns deles morreram “em ação”, outros fundaram uma comuna socialista e vegetariana a fim de redimir os assassinatos de animais no passado. São perigosos, equivocados, errôneos, lúbricos, mas eu gosto muito, muito!

Na imagem, o tardio “Splatter 1”, datado de 1986.

Wesley PC>

QUESTIONAMENTO BÁSICO: SE ALGUÉM ADMITE QUE NÃO PRESTA, MERECE UMA SEGUNDA CHANCE? E, SE CONTINUAR A NÃO PRESTAR, MERECE UMA TERCEIRA? E UMA QUARTA? A


[Advertência inicial: escreverei aqui mais um capítulo esdrúxulo de meus rituais pró-espetacularização (in)voluntária de minha vida, mais um trecho do livro de auto-ajuda que será publicado quando a Polícia invadir a minha casa e, depois de meu suicídio altruísta, descobrir meus escritos apócrifos, mais uma demonstração literária dos enigmas que permeiam a minha psicose... Custava eu ter obedecido? Custava eu ter levado à frente o périplo imitativo a que me dedicava hoje, quando dormi mais de 10 horas seguidas, quando faltei uma aula importantíssima, quando experimentei mais uma dose insuspeita de tédio? Custava?]

Voltando à linearização: é sabido que eu não sou favorável à comercialização da pornografia. Desde que eu me entendo por gente (no sentido eréctil do termo), não me recordo de ansiar pelo material pornográfico típico que seduzia meus vizinhos e colegas de classe. Costumava excitar-me com qualquer coisa, desde caroços de manga que anteriormente roçaram os testículos de um moço loiro até cuecas sujas de amigos briguentos de meu irmão, sem contar lápis cobertos por pêlos pubianos alheios e resquícios de papel higiênico adocicado com o sêmen de pessoas que passaram a se masturbar em minha casa entre os anos de 1998 e 1999... Mas nunca me interessei por filmes pornográficos, salvo quando estes demonstravam conter uma visão psicofilosófica do mundo, conforme detectamos naquelas obras-primas realizadas na década de 1970. Pelo contrário, tal qual acontecia com a popularização crescente da maconha entre meus amigos de adolescência, as masturbações ocultas embasadas na audiência parcial a péssimos comerciais filmados e disfarçados de pornografia causavam-me ciúmes lancinantes, marcaram páginas terríveis de minha existência. E tudo volta agora...

Mas, talvez a culpa seja minha, que, ao invés de prestar atenção nos jogos de palavras e epanáforas realizados por Alanis Morissette em suas canções, ficava me preocupando em imaginar o que estava sendo feito naqueles quartos escuros e trancafiados, onde tudo o que podia perceber eram aquelas luzes coloridas, que variavam de acordo com os fachos catódicos da TV... É por esse motivo que, nostalgicamente, planejo me deliciar, na madrugada de hoje para amanhã, com o clássico “Alice in Wonderland: An X-Rated Musical Fantasy” (1979, de Bud Townsend), musical em que as mulheres abocanham pênis enquanto cantam e os homens lambem clitóris enquanto recitam as letras das canções. O restante da trama acompanha de perto os delírios lisérgicos e hebefílicos do autor Lewis Carroll, com a diferença de que o buraco em que o Coelho Branco entra é bem mais profundo do que se pode supor numa investigação superficial...

Prometo escrever algo sobre o filme após a sessão. Enquanto o horário apropriado para tal não chega, lamento por ter agido errado com um portador de celular da operadora cujos prefixos começam em -88 e dedico-me agora à repetição de versos pornográficos que por vezes me confortam no pecado:

“My loneliness is killing me
I must confess, I still believe
When I'm not with you, I lose my mind
Give me a sign
Hit me baby one more time”


Nunca gostei da Britney Spears, mas, neste caso, sou obrigado a concordar que ela foi prenhe de razão! “Mesmo aqueles que a odeiam, têm de admitir que é uma das melhores músicas dançantes da época”, escreveu o crítico norte-americano Jim Harrington. Sou obrigado a concordar!

Wesley PC>

POR QUE EU ENTENDO TUDO ERRADO?


Por quê? Custava eu ter dito antes que siglas devem ser escritas em letras maiúsculas (vide INSS, UFPE, PSOL e UNIMED, para ficar apenas em exemplos rasteiros)? Custava eu ter explicitado que não haveria cobranças morais entre nós? Custava eu ter insistido? Custava eu ter elogiado um pouco mais as colaborações entre o cinema alemão e os cineastas trucos? Custava? Custava? Agora quem perdeu fui eu... Como sempre, eu! E, segundo os usuários de heroína, uma picada é melhor do que sexo...

Wesley PC>

“COM O MENTIROSO, VEM O LADRÃO”...


Depois de muito tempo de recusa injusta (apesar dos elogios de Charlisson), vi “Ray” (2004), cinebiografia do músico Ray Charles, dirigida pelo artesão hollywoodiano Taylor Hackford. Não obstante ter gostado muito do filme, há que se ressaltar aqui um problema típico deste gênero de filmes: o moralismo reabilitativo. Ou seja, a forçação de barra no que se refere ao vício em heroína do cantor, que o dividia entre a paixão legitima pela música e sua incontrolável aptidão para a fornicação com mulheres – forçação de barra esta que se justifica pelo fato de o roteiro do filme ser parcialmente baseado nas memórias do filho do artista, além de ser acompanhado de perto pelo próprio Ray Charles, que morreu no ano em que a produção estava sendo rodada, aos 74 anos de idade.

Para além de todo o discurso antidrogas do filme (que só está sendo aqui discriminado por desprender-se de suas funções biográficas para se tornar um pseudo-leitmotif moralista e comercializável), o filme acerta ao dedicar boa parte de seus 152 minutos de projeção às músicas do cantor, as quais eu não conhecia profundamente e das quais me tornei obviamente fã. Dentre as faixas mais conhecidas executadas no filme estão as célebres “What I’d Say”, “Hit the Road, Jack”, “What Kind of man Are You?”, “I Can’t Stop Loving You” e a icônica “Geórgia on My Mind”, mas a minha preferida mesmo é “Born to Lose” (composta por Ted Daffan), cujo refrão diz:


“Nascido para perder, eu vivi a minha vida em vão
Cada sonho somente me trouxe a dor
Toda a minha vida eu fui tão triste
Nasci para perder e agora estou perdendo a ti”


De resto, o filme mostra como o artista não se deixou levar pela cegueira, como escutou oportunamente alguns dos conselhos de sua mãe, como lidou com o trauma de ter presenciado o afogamento de seu irmão mais novo numa bacia de lavar roupas, como criticou seu pai por ter se dividido infielmente entre três famílias e terminou repetindo o mesmo erro, como decidiu se internar numa clínica de reabilitação e recusa-se até mesmo a tomar soro a fim de não entrar em contato com agulhas, como reconhecia se uma garota era bonita ou não, como aderiu à discreta luta anti-racista e como produziu sucessos que foram polêmicos pela mistura de estilos, como, por exemplo, o ‘gospel’ com o ‘rhythm’n’blues’. O ator que o interpreta, Jamie Foxx, ganhou um Oscar por sua minuciosa reprodução dos tiques do artista, comandados pelo próprio, quando ainda vivo, mas a interpretação é apenas correta. Nada que atrapalhe o saldo do filme, que é digno de ser visto por quem aprecia boa música. Recomendo, portanto!

Wesley PC>

“TEARDROP” (Massive Attack)


“Love, love is a verb
Love is a doing word
Fearless on my breath”


Lançado em 1998, “Mezzanine” talvez seja a obra-prima do grupo de música eletrônica Masive Attack. São apenas 11 canções, quase todas elas sofridas ou conscienciosas acerca das inevitáveis dores que acompanham mudanças, mas todas muito dançantes, todas adequadíssimas para qualquer estado de humor. E, dentre elas, destaca-se a faixa 3, “Teardrop”, cantada por Elizabeth Fraser (vocalista do etéreo grupo Cocteu Twins), cujo videoclipe é tão genial quanto a sintética capa do álbum e cuja letra é tudo, incluindo dilacerante:


“A água em meu olho é o espelho mais fiel que existe
Indomável em minha respiração
Gota de lágrima lançada ao fogo de uma confissão
Indomável me minha respiração
O espelho mais fiel de todos
Indomável em minha respiração”


Wendell com certeza sabe do que se trata (em todos os sentidos),

Wesley PC>

AS PALAVRAS (NÃO) DITAS...


Sempre que me vejo num dilema em que a resolução do mesmo está na dicotomia falar X não falar algo, opto pela primeira opção. Em minha cabeça psicótica, defendo que lido melhor com as ações ditas que com as omissões preditas. Porém, à medida que este sofrido ano de 2009 passa, aprendo [visto que o sofrimento, antes de tudo, ensina] que algumas coisas ficam melhor quando ditas intimamente, em ambientes específicos, diante de ouvidos compreensivos e responsivos.


[Interrupção telefônica]


Aí eu durmo mais de 11 horas intermitentes, sonho com a mesma pessoa em diferentes contextos (num deles, divertindo-se com substâncias alucinógenas em frente a uma caixa-d’água de colégio. Acordo chateado (detesto dormir tanto) e ligo o rádio, recém-chegado do conserto. Pego um CD qualquer, de olhos fechados, e, de repente, me vejo ouvindo “Chega de Saudade”, na voz do João Gilberto...

Lembro que, num dos intervalos do largo sono de hoje, assisti a um filme que passava sempre no SBT, mas que, até então, nunca tinha visto: “Amores em Conflito” (1988), de um tal de Robert Greenwald. O filme é um daqueles típicos dramalhões norte-americanos sobre casais inexplicavelmente em crise. O casal em pauta, formado por Don Johnson e Susan Sarandon, admitem que se amam, mesmo brigando o tempo inteiro, quando percebem que qualquer coisa pode ser consertada, mas o que me interessou mesmo foi o comentário da amante desenvolta de um amigo do casal (vivido por Jeff Daniels), que, em dado momento, chega para ele e diz: “durante toda a minha vida, eu fui como um ônibus: os homens subiam em mim, percorriam um dado trajeto, e depois largavam, me deixando na estrada, percorrendo sozinha o caminho que eu devia percorrer”. O interessante é que ela não fala isso com mágoa, mas consciente de que esta é sua missão filantrópica de vida. Dar, sem esperar algo em troca. Agradecer, mesmo quando é julgada por ter se bronzeado nua num dia qualquer de juventude. Gostei muito da personagem vivida pela Elizabeth Perkins...

O que me leva ao trecho final desse texto sobre o que (não) deve ser dito: o mundo dá muitas voltas, todas as partes de nosso corpo podem ser canais expressivos, vermelho é minha cor favorita e o Perfeito é perfeito, infinitamente perfeito, conforme demonstrado pela imagem ultra-especular, que só faz masculinizar o objeto da letra da canção composta pelo Tom Jobim, excluindo obviamente os comentários imperiosos sobre ósculos, peixes e abraços um pouco mais apertados ao que posso me dar ao luxo...

“É só tristeza e melancolia, que não sai de mim, não sai de mim, não sai”...

Wesley PC>

A NATUREZA DAS DESCOBERTAS SUB-REPTÍCIAS


“Andrei Tarkovsky dizia que, por mais estranho que pareça, e mesmo que o mundo seja em cores, a reprodução em preto e branco garante uma verdade psicológica, naturalista e poética” (Santiago Otheguy)

E, às margens do Rio Paraná, um pescador solitário lida com os fantasmas de sua sexualidade reprimida, lida com o medo da repressão, lida com o enfrentamento da natureza, lida com os desejos que não têm hora para se manifestar...

E foi assim, zapeando na Internet, que descobri a existência de “La León” (2007), filme do argentino Santiago Otheguy, cuja foto e sinopse não negam: é algo que precisa ser divulgado subjetivamente, com toda a urgência possível! De hoje em diante, se alguém se deparar com este filme em qualquer lugar, favor me prestar um telefonema emergencial...

Wesley PC>

“SALIVA” (2007), DE ESMIR FILHO, E O FRACASSO DE MINHA VIDA OSCULAR


Conforme dito em várias ocasiões, está em cartaz, até o final deste mês, no Cinemark Jardins, a programação gratuita Curta Petrobrás às 18h – Sessão Descoberta, em que somos apresentados a três bons curtas-metragens recentes sobre os encantos e medos que permeiam contatos iniciais de adolescentes com o sexo, o amor e a responsabilidade social advinda do contato reiterado com as duas atividades anteriores. Evidentemente, tal assunto iria me encantar deveras e, previsivelmente, iria escrever algum texto confessatório aqui após a sessão. Faço, com atraso, em virtude de uma onda letárgica que me atingiu, mas... Estou de volta e, dentre os três filmes exibidos, quero destacar aqui algumas reverberações entre o curta-metragem que menos gostei dos três e a minha própria vida.

“Saliva” é um filme que vem chamando a atenção de todos os seus espectadores. Desde que eu soube desta programação de curtas-metragens, recebi inúmeras admoestações elogiosas de amigos que viram o filme antes de filme – e olha que nem todos sabiam de meu famoso “problema com beijos”! Vem-me agora linear básico: falo antes da sinopse do filme ou resumo logo o meu “problema”? Na dúvida, recorro á escrita automática:

“Saliva” fala sobre o medo desejoso (ou desejo amedrontado, melhor dizendo) que a garotinha de 12 anos (Mayara Comunale) nutre em relação ao primeiro beijo, que se torna cada vez mais e mais próximo, não necessariamente porque esteja apaixonada, mas porque todas as suas amiguinhas já beijaram repetidas vezes e ela passa a se sentir coagida a fazer isso também. Nesse sentido, ela e suas amigas treinam beijos em lâmpadas, braços, espelhos, bonecos, papel crepom, etc.. Passam o dia inteiro imaginando e reimaginando ósculos, até que acontece algo que, a fim de preservar o ineditismo narrativo de quem ainda vai ver o filme, omito agora, quando passo a falar de mim:

Como todos sabem, desde antes dos 5 anos de idade que conheço a aplicabilidade do sexo. Porém, foi somente aos 7 anos de idade que tencionei beijar alguém. Era uma moça chamada Sandra, que tinha 14 anos e usava meu corpo insipiente para diversões fetichistas. Já que meu pênis minúsculo era comumente introduzido em sua vagina abocanhadora (que, no futuro, tornar-se-ia famosa pelos 9 abortos que levou sua proprietária a cometer!), achava que seria um passo natural e contíguo beija-la na boca. Um dia, tentei. Ela era bem mais alta que eu, subi num saco de cimento e tentei grudar meus lábios em sua boca. Ela recusou veementemente. Percebi, então, que há uma diferença qualquer entre ambas as atividades. À medida que fui crescendo, e revigorando meus desejos, percebi que talvez tivesse uma necessidade inata de experimentar os beijos na boca que todos os meus parcos amigos e diversos espancadores gabavam-se de comemorar. Possuía cáries, porém, desfrutava de uma afetação homoerótica perceptível, causava repulsa nas pessoas. Nunca tive a oportunidade de testar.

Somente aos 21 anos de idade, numa brincadeira de “eu nunca”, vim a ter novamente a chance de praticar o assunto. Em dado momento, soltei a seguinte frase “eu nunca beijei na boca de ninguém”, o que fez todos os participantes da brincadeira abaixarem os dedos e eu ganhar a brincadeira e escolher a prenda aplicada aos perdedores. Entretanto, uma das pessoas que estavam brincando comigo (hoje, uma grande amiga, mas que estava conhecendo efetivamente neste dia) creu que eu não havia beijado ainda apenas mulheres e quis me beijar à força. Deitou-se em cima de mim, trancafiou-me numa sala e disse que só me liberaria quando eu pusesse a minha língua no interior de seu palato. Após muita resistência, desespero e relativa repulsa, o fiz. Não sei se um trauma foi quebrado ou nascido neste momento, mas o fiz!

Percebendo a minha angústia posterior, esta amiga (que, à época, era apenas uma conhecida, volto a dizer) achou que meu problema com beijos era somente com mulheres e tratou-me de arranjar um pseudo-namorado promíscuo após este evento. O mesmo problema com beijo manifestou-se, indo reverberar nos meus contatos com outras pessoas, de ambos e sexos, no futuro, até que, no final de 2006, fui a uma boate ‘gay’, repleta de adolescentes, e creio que interagi tranquilamente num beijo bucal pela primeira vez em minha vida – isto porque eu estava com raiva de algumas pessoas e senti-me vingado ao fazer isso comigo mesmo!

Arranjei outras pessoas que lidavam tranquilamente com beijos depois disso, mas eu sempre fui arredio. A fim de evitar questionamentos que possam me envergonhar, quando tocam no assunto, apenas digo que não gosto, que não tenho vontade, mas... Do fundo de minh’alma, eu não sei, juro que não sei... Mas é certeza que prefiro qualquer outra interação proto-sexual ao beijo, são mais acessíveis, me permitem sonhar mais... em outras palavras, portanto: vejam o filme do Esmir Filho!

Wesley PC>

GRUPO EMPREZA

Um amigo meu, o Marco Aurélio (sujíssimo diga-se de passagem), fala muito desse Grupo Empreza, é com Z mesmo. É um grupo lá da Goiania que tem performances impressionantes. Eu particularmente achei muito massa! Abaixo estão alguns videos de performances desse grupo (para corações forte aviso!).

SUA VEZ!



SOPA DE LETRINHAS



Wendell Bigato
[Invasão nº14-B]

VANESSA DA MATA E A VEROSSIMILHANÇA COM O FUNK

Há alguns minutos ouvi uma música da Vanessa da Mata no rádio. O nome da música é Ilegais. O que me chamou a atenção foi que com o refrão dá pra fazer um funk. É, a verossimilhança com um funk carioca é grande. O nome da música é Ilegais.

Ilegais

Vanessa Da Mata

Composição: Indisponível

Desse jeito vão saber de nós dois
Dessa nossa vida
E será uma maldade veloz
Malignas línguas
Nossos corpos não conseguem ter paz
Em uma distância
Nossos olhos são dengosos demais
Que não se consolam, clamam fugazes
Olhos que se entregam
Ilegais

Eu só sei que eu quero você
Pertinho de mim
Eu quero você
Dentro de mim
Eu quero você
Em cima de mim
Eu quero você

Desse jeito vão saber de nós dois
Dessa nossa farra
E será uma maldade voraz
Pura hipocrisia
Nossos corpos não conseguem ter paz
Em uma distância
Nossos olhos são dengosos demais
Que não se consolam, clamam fugazes
Olhos que se entregam
Olhos ilegais

Eu só sei que eu quero você
Pertinho de mim
Eu quero você
Dentro de mim
Eu quero você
Em cima de mim
Eu quero você

Porém como eu gosto também de um funk (Tati Quebra Barraco principalmente) não estou desvalorizando a música dela. Até porque essa música representa bem o que eu tenho vivido, e como!




Wendell Bigato
[Invasão nº14-A]

A vida é um dramalhão

Hey, folks!
Estoy aqui, a escrever, no blogdagomorraqueeutentocompreender... kkkkkkkkk
Só foi pra rimar, quem não entendeu passa pro próximo parágrafo.

Pois a vida é sim um dramalhão mexicano, mesmo a maioria de nós sendo brasileiros, continuamos sendo latinos e por consequencia irmãos dos hermanos. Embora eu ache que o Brasil se sobressaia e consiga ser diferente, por razões óbvias, temos muito em comum com os restante da América Latina, e com a Península Ibérica também. Mas ei! Os romenos são latinos também! Pois se vocês prestarem atenção nossos caninos são acentuados que nem os deles...
Eita viagem.

E ?


Voltando a falar sobre a vida, ela é tão previsível, não acham? As mesmas coisas parecidas acontecendo com pessoas diferentes. Não tô reclamando, até acho que essa é a graça. É como a linguagem: falamos palavras que pessoas de séculos atrás falavam, escrevemos idéias parecidas...Somos todos uma massa só. Filosofei mesmo. lol


Por falar em copiar algo que outras pessoas escreveram, eu escrevi/falei isso? Acho que não...
Qué qui é não posso ser incoerente só porque faço LETRAS? Não posso mesmo! heheheeh

Então deixando de enrolação, vou publicar aqui um texto que li há um mês atrás no dia da mulher, num blog duma guria muito massa que faz jornalismo- a Marjorie- lá em São Paulo, não a conheço mas me familiarizei com ela porque a leio direto,heueheueheu, achei muito foda. ( o texto tá no fim do post, o próximo parágrafo sou eu ainda, hehehe)

Desde criança sempre gostei de idéias feministas, mesmo sem saber o que era isso, pois na minha casa a predominância maior é de mulheres, e essa é a razão de eu achar que as compreendo. Sempre me senti incomodado com o patriacarlismo e com essa sociedade machista.

Vendo uma propaganda de cerveja hoje, no intervalo do bbb*, pude perceber o quão impregnado de preconceito contra as mulheres é a publicidade. A propaganda é assim: tá os amiguinhos lá no bar, todos homis, bebendo uma e tocando um sambinha (¬¬), aí de repente chega alguém pra estragar a festa. Uma mulher. Mas não é uma das gostosas tipo Juliana Paes, da propaganda da Boa, e sim uma mulher morena de óculos, não tão bonita, comum. Ela diz pros caras pararem de beber e se preocuparem com a crise. Resultado os carinhas enxotam ela e continuam a sambar.

Mas que bela merda, hein?


Todo mundo sabe que os culpados pela crise foram aqueles executivos estrangeiros de olho azul**, gravata, a grande maioria homis. Mas na propaganda sábia, a pessoa relacionada à crise é uma mulher. Bacano.



Voltando ao texto que segue abaixo... É melhor vocês lerem pra formarem suas próprias opinões e depois share( compartilhar) se quiserem.



Taeee o texto:

Dispenso esta rosa!

Março 7, 2009
Dia 8 de março seria um dia como qualquer outro, não fosse pela rosa e os parabéns. Toda mulher sabe como é. Ao chegar ao trabalho e dar bom dia aos colegas, algum deles vai soltar: ”parabéns”.
Por alguns segundos, a gente tenta entender por que raios estamos recebendo parabéns se não é nosso aniversário (exceção, claro, à minoria que, de fato, faz aniversário neste dia). Depois de ficar com cara de bestas, num estalo a gente se lembra da data, dá um sorriso amarelo e responde “obrigada”, pensando: “mas por que eu deveria receber parabéns por ser mulher?”.

Mais tarde, chega um funcionário distribuindo rosas. Novamente, sorriso amarelo e obrigada. É assim todos os anos. Quando não é no trabalho, é em alguma loja. Quando não é numa loja, é no supermercado. Todos os anos, todo 8 de março: é sempre a maldita rosa.

Dizem que a rosa simboliza a “feminilidade”, a delicadeza. É a mesma metáfora que usam para coibir nossa sexualidade — da supervalorização da virgindidade é que saiu o verbo “deflorar” (como se o homem, ao romper o hímen de uma mulher, arrancasse a flor do solo, tomando-a para si e condenando-a – afinal, depois de arrancada da terra, a flor está fadada à morte). É da metáfora da flor, portanto, que vem a idéia de que mulheres sexualmente ativas são “putas”, inferiores, menos respeitáveis.

A delicadeza da flor também é sua fraqueza. Qualquer movimento mais brusco lhe arranca as pétalas. Dizem o mesmo de nós: que somos o “sexo frágil” e que, por isso, devemos ser protegidas. Mas protegidas do quê? De quem? A julgar pelo
número de estupros, precisamos de proteção contra os homens. Ah, mas os homens que estupram são psicopatas, dizem. São loucos. Não é com estes homens que nós namoramos e casamos, não é a eles que confiamos a tarefa de nos proteger. Mas, bem, segundo pesquisa Ibope/Instituto Patricia Galvão, 51% dos brasileiros dizem conhecer alguma mulher que é agredida por seu parceiro. No resto do mundo, em 40 a 70 por cento dos assassinatos de mulheres, o autor é o próprio marido ou companheiro.Este tipo de crime também aparece com frequência na mídia. No entanto, são tratados como crimes “passionais” – o que dá a errônea impressão de que homens e mulheres os cometem com a mesma frequência, já que a paixão é algo que acomete ambos os sexos. Tratam os homens autores destes crimes como “românticos” exagerados, príncipes encantados que foram longe demais. No entanto, são as mulheres as neuróticas nos filmes e novelas. São elas que “amam demais”, não os homens.

Mas a rosa também tem espinhos, o que a torna ainda mais simbólica dos mitos que o patriarcado atribuiu às mulheres. Somos ardilosas, traiçoeiras, manipuladoras, castradoras. Nós é que fomos nos meter com a serpente e tiramos o pobre Adão do paraíso (como se Eva lhe tivesse enfiado a maçã goela abaixo, como se ele não a tivesse comido de livre e espontânea vontade). Várias culturas têm a lenda da
vagina dentata. Em Hollywood, as mulheres usam a “sedução” para prejudicar os homens e conseguir o que querem. Nos intervalos do canal Sony, os machos são de “respeito” e as mulheres têm “mentes perigosas”. A mensagem subliminar é: “cuidado, meninos, as mulheres são o capeta disfarçado”. E, foi com medo do capeta que a sociedade, ao longo dos séculos, prendeu as mulheres dentro de casa. Como se isso não fosse suficiente, limitaram seus movimentos com espartilhos, sapatos minúsculos (na China), saltos altos. Impediram-na que estudasse, que trabalhasse, que tivesse vida própria. Ela era uma propriedade do pai, depois do marido. Tinha sempre de estar sob a tutela de alguém, senão sua “mente perigosa” causaria coisas terríveis.

Mas dizem que a rosa serve para mostrar que, hoje, nos valorizam. Hoje, sim. Vivemos num mundo “pós-feminista” afinal. Todas essas discriminações acabaram! As mulheres votam e trabalham! Não há mais nada para conquistar! Será mesmo? Nos últimos anos,
as diferenças salariais entre homens e mulheres (que seguem as mesmas profissões) têm crescido no Brasil, em vez de diminuir. Nos centros urbanos, onde a estrutura ocupacional é mais complexa, a disparidade tende a ser pior. Considerando que recebo menos para desempenhar o mesmo serviço, não parece irônico que o meu colega de trabalho me dê os parabéns por ser mulher?
Dizem que a rosa é um sinal de reconhecimento das nossas capacidades. Mas, no ranking de igualdade política do Fórum Econômico Mundial de 2008, o
Brasil está em 10oº lugar entre 130 países. As mulheres têm 11% dos cargos ministeriais e 9% dos assentos no Congresso — onde, das 513 cadeiras, apenas 46 são ocupadas por elas. Do total de prefeitos eleitos no ano passado, apenas 9,08% são mulheres. E nós somos 52% da população.

A rosa também simboliza beleza. Ah, o sexo belo. Mas é só passar em frente a uma banca de revistas para descobrir que é exatamente o contrário. Você nunca está bonita o suficiente, bobinha. Não pode ser feliz enquanto não emagrecer. Não pode envelhecer. Não pode ter celulite (embora até bebês tenham furinhos na bunda). Você só terá valor quando for igual a uma modelo de 18 anos (as modelos têm 17 ou 18 anos até quando a propaganda é de creme rejuvenescedor…). Mas mesmo ela não é perfeita: tem de ser photoshopada. Sua pele é alterada a ponto de parecer de plástico: ela não tem espinhas nem estrias nem olheiras nem cicatrizes nem hematomas, nenhuma dessas coisas que a gente tem quando vive. Ela sorri, mas não tem linhas ao lado da boca. Faz cara de brava, mas sua testa não se franze. É magérrima (às vezes, anoréxica), mas não tem nenhum osso saltando. É a beleza impossível, mas você deve persegui-la mesmo assim, se quiser ser “feminina”. Porque, sim, feminilidade é isso: é “se cuidar”. Você não pode relaxar. Não pode se abandonar (em inglês, a expressão usada é exatamente esta: “let yourself go”). Usar uma porrada de cosméticos e fazer plásticas é a maneira (a única maneira, segundo os publicitários) de mostrar a si mesma e aos outros que você se ama. “Você se ama? Então corrija-se”. Por mais contraditória que pareça, é esta a mensagem.

Todo dia 8 de março, nos dão uma rosa como sinal de respeito. No entanto, a misoginia está em toda parte. Os anúncios e ensaios de moda
glamurizam a violência contra a mulher. Nas propagandas de cerveja e programas humorísticos, as mulheres são bundas ambulantes, meros objetos sexuais. A pornografia mainstream (feita pela Hollywood pornô, uma indústira multibilionária) tem cada vez mais cenas de violência, estupro e simulação de atos sexuais feitos contra a vontade da mulher. Nos videogames, ganha pontos quem atropelar prostitutas.
Todo dia 8 de março, volto para casa e vejo um monte de mulheres com rosas vermelhas na mão, no metrô. É um sinal de cavalheirismo, dizem. Mas, no mesmo metrô, muitas mulheres são encoxadas todos os dias. Tanto que o Rio criou um vagão exclusivo para as mulheres, para que elas fujam de quem as assedia. Pois é, eles não punem os responsáveis. Acham difícil. Preferem isolar as vítimas. Enquanto não combatermos a idéia de que as mulheres que andam sozinhas por aí são “convidativas”, propriedade pública, isso nunca vai deixar de existir. Enquanto
acharem que cantar uma mulher na rua é elogio , isso nunca vai deixar de existir. Atualmente, a propaganda da NET mostra um pinguim (?) dizendo “ê lá em casa” para uma enfermeira. Em outro comercial, o russo garoto-propaganda puxa três mulheres para perto de si, para que os telespectadores entendam que o “combo” da NET engloba três serviços.
Aparentemente, temos de rir disso. Aparentemente, isso ajuda a vender TV por assinatura. Muito provavelmente, os publicitários criadores desta peça não sabem o que é andar pela rua sem ser interrompida por um completo desconhecido ameaçando “chupá-la todinha”.

Então, dá licença, mas eu dispenso esta rosa. Não preciso dela. Não a aceito. Não me sinto elogiada com ela. Não quero rosas. Eu quero igualdade de salários, mais representação política, mais respeito, menos violência e menos amarras. Eu quero, de fato, ser igual na sociedade. Eu quero, de fato, caminhar em direção a um mundo em que o feminismo não seja mais necessário.


…Enquanto isso não acontecer, meu querido, enfia esta rosa no dignissímo senhor seu cu.







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Ihuuuuuuuuuuuuuuu, massa né?
Me amarrei nesse tipo de protexto e viciei no blog da guria. Conscientização é a palavra.
Tái o blog dela:http://marjorierodrigues.wordpress.com/


*E sim, eu tava assistindo o bbb, afinal eu assisto novela também...
**E a frase do Lula sobre os culpados da crise foi uma das melhores, heueheueheu. Meu ídalo.



Agora já são 1:20 e tá chovendoooooooooooo! Aleluia!
Acho que o rodízio da DESO vai acabar, lol
Tenho que dormir né?
Inté mais procês.




Américool.
Am.
Américo.




Ps.: Cigarro black faz bem ao coração, e à imaginação.
lol

terça-feira, 7 de abril de 2009

CAPÍTULO ADICIONAL DE AUTO-AJUDA: “Aprenda a valorizar os efeitos colaterais de um bom boquete usando o celular!”

Na ilustração que acompanha esta postagem, um tubarão reclamava para o outro: “cuidado com os dentes!”. Cuidado? Cuidado durante uma atividade sexual?! Ah, eu não sou destes, ah, esse tipo de admoestação não funciona comigo...

Respeitar o parceiro, sim, sempre. Impor seus caprichos de mandatário na hora H, só se o outro for um masoquista compulsivo, que nem eu... Estás cansado de ouvir reclamações de seus parceiros, de ser chamado de tirânico na cama? Me liga, ora bolas!

Wesley PC>

DE NOVO, A METALINGUAGEM (AGORA SEM MASTURBAÇÃO)


Sempre que acontece algo com meu computador (infecções viróticas, perda de licença de programas pirateados, corrupções cibernéticas diversificadas), preciso recorrer ao auxílio dos famosos ‘nerds’, aqueles meninos esquisitos que falam muito rápido, usam óculos e cabelos compridos, têm um conhecimento esdrúxulo da língua inglesa e são solícitos ‘ad extremis’, de tal maneira que esquecemos às vezes que eles costumam cobrar R$ 30,00 por visita. Ontem, um destes problemas atacou meu computador. Por sorte (ou milagre, não sei), consegui resolve-lo apelando apenas para a ajuda telefônica de um amigo que estuda Ciência da Informação no CEFET. Aprendi a formatar meu próprio computador, instalei programas e, à noite, já estava pondo em prática meus conhecimentos recém-adquiridos no computador recém-adquirido de um vizinho (risos).

Mas, por que estou relatando aqui esta experiência? Porque, por mais que os tais ‘nerds’ nos visitem, por mais que eles sejam deveras explicativos enquanto futucam tudo em nossas máquinas, sempre fica algo por perguntar. Desta última vez em que recorri à Cibernética, duas dúvidas principais me afligem: a) Estando o computador bipartido em compartimentos :C e :D, havendo uma nova infecção virótica e uma decorrente necessidade de formatação, há o risco de eu perder o que está acondicionado na zona :D?; b) se eu passei anos sem saber o que era o navegador Mozilla Firefox, por que agora acho que este sistema é bem melhor que o Internet Explorer e estou digladiando comigo mesmo a fim de baixar a nova versão deste navegador? Ai, ai, tudo o que eu não preciso agora é tornar-me um viciado em computador... Já bastam todos os meus vícios anteriores: a masturbação, incluída!

Wesley PC>

"PRAZERES DESCONHECIDOS" QUE EU ADORARIA CONHECER...


“Unknown Pleasures” (1979) é o nome do primeiro álbum lançado pela banda inglesa Joy Division. É nele que encontramos a faixa “Candidate”, cuja letra prediz:

“Oh, I don't what made me. What gave me the right,
To mess with your values, and change wrong to right”.

Se tal título estivesse no singular, seria também o nome de uma gravação ao vivo de um concerto lancinante da extraordinária banda nova-iorquina Interpol, não à toa considerada a renovadora contemporânea da magnânima banda liderada pelo suicida Ian Curtis e que compôs uma bela canção de nome “Time to Be So Small”:

“When the cadaverous mob

Saves its doors for the dead men. You cannot leave”

E, se estivesse em chinês (“Ren Xiao Yao”), “Prazeres Desconhecidos” seria também o título de um dos filmes que mais desejo ver em vida, dirigido pelo magistral Jia Zhang-Ke em 2002. É isto o que preciso ver agora, urgente, dado que, aparentemente, estou conseguindo ver um futuro – só que não estou gostando muito do que estou vendo...

Wesley PC>

COLISÕES! – F, G, H, I e J DE UMA VEZ SÓ (risos)


Aí, de repente, sem que ninguém se dê conta do fato, talvez o feitiço passe e vejamos as coisas “ridículas” como elas querem parecer e suspendamos os juízos encantatórios e poli-justificativos que, antes disso, faziam com que até mesmo a promessa de socos violentos tivesse a força de uma penetração erotógena ou, para quem curte, de um beijo apaixonado. E olha que “senso de ridículo” é algo que, se eu viesse a possuir um dia, orgulhar-me-ia bem menos do que esta recente compulsão pelo ato de chorar... E olha que, noutro contexto, o efeito desta colisão seria completamente diferente... E olha que talvez os acompanhantes não tivessem culpa... E olha que, conforme já citado aqui, quando utilizei uma colaboração textual entre a Clarice Lispector e o grupo Barão Vermelho para explicar porque algumas pessoas são importantes em minha vida (a despeito do que elas façam em relação a mim e ao mundo que as cerca), “corro perigo, como toda pessoa que vive, e a única coisa que me espera é o inesperado”. Colidiram comigo! E, diante do fato, talvez o melhor seja aceitar aquele conselho de ônibus e pensar: “custa agir de forma não tão sentimental de vez em quando?”. Parei um pouquinho para pensar e respondo: “para mim custa!”.

Wesley PC>

“ARRANJEM-ME UMA GRAVATA AGORA – E QUE SEJA VERMELHA!”


Num raríssimo momento de “total entrega ao destino”, ontem eu perambulei pelo mundo sem fazer programas. Pela primeira vez em muito tempo, não sabia o que faria na hora seguinte, aceitando de bom grado as sugestões da pessoa que estava comigo. Foi estranho, foi diferente, foi bom.

Foi então que, assim sem perceber, me vi, de repente, dentro da sessão do filme “The Spirit – O Filme” (2008), sobre o qual não sabia muita coisa, exceto que fora dirigido pelo cultuado desenhista Frank Miller, que já encetara alguns passos co-directivos no ótimo “Sin City – A Cidade do Pecado” (2005), em que Robert Rodriguez e Quentin Tarantino ajudaram-no. Trabalhando sozinho, sobre um roteiro do desenhista igualmente cultuado Will Eisner, o resultado foi a caricatura crônica, o pasticho, a colagem de referências, o fim-de-mundo adolescente...

Do que se trata o filme? Vejamos: tem um herói-título (Gabriel Macht), ostensivamente andromaníaco, que se torna policial mesmo depois que o pai de sua amada é morto por uma briga acidental de bêbados, e, num episódio muito mal-contado, é também assassinado, mas seu corpo é encontrado por um cientista transtornado, que, ao acha-lo “perfeito” (!!!), ressuscita-o, mas não consegue impedir que Lorelei (Jaime King), “o anjo da morte”, continue aparecendo frequentemente diante dele, querendo leva-lo para outro mundo, convite erótico que ele nunca aceita “porque as mulheres do mundo precisam dele”. Além disso, seu ex-amor de adolescência (vivida por Eva Mendes), ambiciosa e ressentida como sempre foi, é agora uma traficante de relíquias e se envolve na caçada a um baú que supostamente contém o sangue do herói mitológico Herácles. Basicamente isto!

Além da confusão de estórias paralelas que compõem a trama, “The Spirit – O Filme” utiliza táticas gráficas consagradas em outros filmes, como a mixórdia de imagens estilizadas em preto-e-branco com seqüências parcialmente colorizadas e uma direção de fotografia (a cargo de Bill Pope) estilizada a ponto de fazer cair o queixo dos mais crédulos. Porém, o que mais me escandalizou no filme foi o seu estranho senso de humor pós-caricato, nonsense ao extremo, em que o vilão cita ovos de 10 em 10 segundos, seus ajudantes possuem nomes estampados nas camisas pretas (como Ethos, Pathos, Logos, Adios e Amigos) e as piadas envolvendo a promiscuidade altruísta do protagonista são sempre acompanhadas por uma trilha sonora com altos e baixos clicherosamente sensualizados, que culminam com a execução extremamente remixada de “Falling in Love Again (Can’t Help It)”, outrora eternizada por Marlene Dietrich, agora executada por Christina Aguilera, durante os créditos finais. Ri. Ri muito!

“Falling in love again , I never wanted to
What am I to do? I can’t help it!
Love has always been my game. Play it how I may!
I was made that way, I can’t help it”


Fiquei imaginando o que Rafael Coelho acharia de “The Spirit – O Filme” (2008, de Frank Miller), se estivesse na sessão conosco, já que não somente ele pensa “besteira” quando vê a Scarlett Johansson em cena como parece que aqueles diálogos foram escritos tendo em vista o seu constante estado de espírito lombrado. Incrível o quanto ri dos absurdos do filme, “como se eles fossem ovos”!

Wesley PC>

"OLHA O ADICURI"!

Acordei aos gritos de uma vendedora ambulante, que oferecia (por R$ 1,00 a lata) o fruto cujo nome cinetífico é ‘Cocos coronata’. O que me fez despertar sobressaltado é que, por mais que eu e meus parentes e vizinhos sempre tenhamos chamado o tal fruto de palmeira pelo nome “adicuri”, tal palavra não consta em nenhum dicionário, visto que lá só encontramos os termos ouricori, alicuri ou, no máximo, aricuri. Resignei-me, portanto, e, tal qual ocorrera com o “mangelão”, percebi que existem muitas divergências entre aquilo que penso que sei e aquilo que “as coisas realmente são”. É chegada a hora de rever os meus conceitos, visto que, para tornar esta experiência de vida ainda mais chocante, minha mãe compra uma lata do referido fruto e, assim que apareço na cozinha, flagro-a quebrando alguns destes coquinhos e me perguntando: “queres adicuri?”. Não, não quis! Ainda não estava preparado para tal...

Wesley PC>

COLISÕES - E

E há 101 anos atrás, em Tungunska, na Sibéria, algo aconteceu no mesmo mês, Julho, dia 30. Algo com força equivalente a algumas bombas atômicas entrou tangentemente na atmosfera da terra e fez um estrago inexplicável durante algum tempo. Segundo dados foi o pedaço de gelo de um cometa que entrou na nossa atmosfera e por sorte (e que sorte!) derreteu antes de tocar o solo. Mesmo assim fez esse estrago todo, opaí no video!



Imaginem se não tívessemos um planeta próximo a nós, que tem nome do deus supremo do Olimpo, e tem trabalhado como tal na integridade do nosso planeta. Júpiter meus caros, com seu grande poder gravitacional, tem por milhoes de anos arrastado tudo quanto é corpo celeste pra ele, diminuindo bastante a probabilidade de colisão com a Terra, pois como o sistema solar interno é muito pequeno em escalas astronomicas, qualquer coisinha que entrar pode querer nos visitar. E foi em Julho também que algo bizarro aconteceu, dia 20 de Julho de 1994. O cometa Shoemaker foi fazer seus sapatos lá dentro da atmosfera do gigante gasoso. Vejam no video abaixo.



Agora, comparando, se uma espirradinha daquela de Tungunska fez aquele estrago todo. Shoemaker, faria sem dúvida muito, mas muito mais!

Wendell Bigato
[Invasão nº13-E]

COLISÕES - D

Em Julho de 2005, dia da Independência dos EUA, o Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa - JPL, concluiu uma das missões mais impressionantes na minha opinião. Imagine-se querendo acertar um alvo com um dardo e que você é forte o suficiente para lançar esse dardo a uma distância muito longa. Então seria fácil acertar daí da Gomorra, com este dardo, um alvo lá na minha casa no Santos Dumont? Lembre-se que a olho nu, não dá para ver o alvo. Você poderia usar uma camera no dardo, mas mesmo assim seria fácil?

Bem, em escalas um pouco mais astronômicas foi isso que o JPL fez com a sonda Deep Impact (o dardo) no cometa Tempel-1 (o alvo) neste dia. Bem, eu achei uma operação linda do ponto de vista da precisão e da evolução nas técnicas de manobras espaciais. Mas será que conseguindo acertar um cometa em cheio não vai ficar fácil acertar qualquer afegão por aí?

Vejam um video ilustrativo do impacto.




Wendell Bigato
[Invasão nº13-D]

COLISÕES - C

Antes dele, um físico chamado J. J. Thomson achava que o átomo era como uma ameixa, uma pasta de elétrons e átomos. Bem, então ele que era aluno do J. J., veio e desbancou essa teoria experimentalmente e ainda refez uma nova teoria. É o Rutherford, o filho de Rutherford, o primeiro era Ernest, o segundo James. Ele achou pouco o seu prêmio Nobel em 1908 e pimba! DESCOBRIU O NÚCLEO ATÔMICO!

Ruther era especialista em radiação alpha (prótons livres), então querendo testar a teoria de seu mestre, decidiu bombardear uma folha de ouro com esta radiação. De acordo com o átomo de Thomson, as partículas alpha teriam tanta energia que seria fácil varar a "ameixa", porém algumas vararam, outras desviaram um pouco, e incrível muitas voltaram! Mas como? Elas só poderiam ter colidido com algo muito duro lá dentro do átomo. EIS O NÚCLEO!

Ruther não satisfeito com os dados experimentais, chegou a um modelo teórico usando os conceitos de forças centrais. Barbarizou ao chegar em resultados tão aproximados usando a mecânica clássica, quando na verdade nesse ambiente já se está no mundo quântico.

Eis aí no vídeo uma simulação do aparato do Rutherford.




Wendell Bigato
[Invasão nº13-C]