sábado, 12 de dezembro de 2009

INFERN.L (OU DE QUANDO FALTA O “A”)


Pela primeira vez nos sete anos em que trabalho no DAA da UFS, funcionamos por quase 11 horas ininterruptas. A quantidade de pessoas se inscrevendo no Processo Seletivo para Transferência Externa era tão aberrante que não pudemos fechar as portas, salvo na necessidade inelutável de comer às 13h10’, quando saiu a última pessoa atendida no turno matutino. E, dentre as centenas de pessoas que atendemos nesta sexta-feira, apareceram algumas que são legislativamente merecedoras de “atendimento especial”, que foram desde mulheres caolhas até homens paraplégicos. Uma destas pessoas foi uma mulher carregando uma criança de mais ou menos 3 anos de idade no colo. O garotinho não parava de falar e, em dado momento, gritou com um amigo de atendimento: “vá mais rápido, idiota!”. A mãe, supostamente envergonhada, explicou que a criança aprendera a palavra recentemente e, como tal, usava-a em qualquer oportunidade. Insatisfeita, a criança continuava a cobrar agilidade imaginária, ao que a mãe continuava explicando: “é que ele não está acostumado a passar mais de uma hora na fila”. A mim? Bastou rir. “Vá mais rápido, idiota!” é agora jargão daático! (risos) O que me deixa consciencioso do porquê que filmes como este da fotografia sejam produzidos aos borbotões ano após ano (mais risos)...

Wesley PC>

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

KUMBIA NABIS



Tom Zé disse:
"Eu digo desenrock-se
Meu nego desenrock-se
Desintoxique-se desse apocalipse
Para evitar complicação com a intoxicação
E o buraco das meninas não aparecer com cera
Paraguai e Argentina querem fechar a fronteira
."

Seguindo o conselho do genial Tom Zé, estou baixando algumas bandas de países latino-americanos. Entre os grupos que pesquei na minha navegação pela Internet o que mais me chamou a atenção foi o Kumbia Nabis. Este é um grupo formado por Argentinos radicados em Barcelona. O disco que tive contato (Protestango Por La Yeka, de 2004) traz uma mistura de Cumbia e Tango com certas matizes psicodélicas. Dentro dessa forma híbrida, mesmo com meu pouco conhecimento da língua espanhola, mas que mesmo pra leigos nem sempre fica difícil de entender, pude perceber nas letras do Kumbia Nabis um grande teor de crítica social.
Deixo aqui, pra quem quiser dar uma sacada, um vídeo da banda tocando a música "Reflexion".



Leno de Andrade

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

LINHAS PÓS-MODISTAS SOBRE O TERROR DA TEMPORADA:


Eu ainda não gostei do filme, mas estou tendo problemas para dormir depois que o assisti. “Atividade Paranormal” (2007, de Oren Peli) é uma experiência apavorante, no melhor sentido do termo, e ainda legitima as minhas teses sobre a necessidade sobressalente de conservação de relacionamentos amorosos. Só por isso, merece uma nota 4,0. Mas, se eu vê-lo de novo, aumento a nota. Certeza! Pode não ser bom como apregoam, mas é um filme que perturba. Muito. Muito mesmo!

Wesley PC>

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

PARA FICAR OUVINDO DEBAIXO DO TRAVESSEIRO:

“Estou vendendo um realejo
Quem vai levar, Quem vai levar?
Já vendi tanta alegria, Vendi sonhos a varejo
Ninguém mais quer hoje em dia acreditar no realejo
Sua sorte, seu desejo ninguém mais veio tirar
Então eu vendo o realejo.
Quem vai levar?”


Esta canção data de 1967 e até hoje eu não a havia escutado. Levo-a, portanto, comigo no sono que se aproxima. Que ela me sirva de alento ao despertar. Porque Chico Buarque de Holanda permanece!

“Estou vendendo um realejo. Quem vai levar, quem vai levar?
Quem comprar leva consigo todo encanto que ele traz
Leva o mar, a amada, o amigo, o ouro, a prata, o praça, a paz
E de quebra leva o harpejo de sua valsa se agradar
Estou vendendo um realejo. Quem vai levar? Quem vai levar?”


Wesley PC>

“EU DEI A MEU AMOR UM FRANGO SEM OSSOS”...


Recentemente, eu tachei o diretor Frank Capra de “hipócrita” num texto clemente sobre aquela que talvez seja a sua obra-prima, “A Felicidade Não Se Compra” (1946). Ao conversar com alguns amigos virtuais espanhóis sobre ele, fui convencido de que, ao invés de ter escrito “hipócrita”, deveria ter escrito “feliz”. Afinal de contas, mais do que qualquer outro cineasta vivo até 1991, o mais norte-americano dos italianos não fez outra coisa senão mostrar que as pessoas poderiam ser felizes. Mesmo que, para tal, devessem servir-se de eufemismos tão extremos que mentiras converter-se-iam em “ilusões”. Isso foi o que percebi exatamente agora, ao ver seu último e mais estranho filme, o ótimo “Dama Por Um Dia” (1961), regravação contemporaneizada de um filme que ele próprio dirigira em 1933.

Na esquisitíssima trama do filme, um contrabandista de bebidas crê que sua sorte nos negócios ilegais advém dos contatos eventuais que trava com uma mendiga bêbada que lhe vende maçãs. Ele é vivido por Glenn Ford, célebre por seus papéis de gângster na era de ouro hollywoodiana. Ela é interpretada por Bette Davis, eterna megera injustiçada e imperiosa dama do cinema norte-americano. 5 minutos de filme e a hipercodificação advinda do reconhecimento destes astros facilitam a apreensão do filme. Algum tempo decorre e descobrimos que a mendiga possui uma filha rica vivendo na Espanha e que a mesma a visitará em breve. A fim de que a mesma não descubra que sua mãe é paupérrima e miserável, um complô arriscado proposto por uma protegida órfã do contrabandista fará com que a mendiga se hospede num dos mais caros hotéis de Nova York e sem-teto pernetas sejam convertidos em posudos tocadores de acordeom. E isto é apenas o começo de 136 minutos de completa inversão dos ditames classistas de Hollywood: Frank Capra chega a ser subversor com este filme! Logo ele...

Não sei se será de bom tom pré-natalino estender-me nas diversas reviravoltas e imbricações morais a que este filme se submete, mas... Fiquei absolutamente perplexo com o discurso difícil de ser interpretado de forma maniqueísta que foi conduzido por este ferrenho defensor da democracia oportunista que atende pelo nome de batismo Francesco Rosario Capra. À medida que o filme se aproximava de seu final, mais eu me agoniava diante da completa (im)possibilidade de um “final feliz”. Como uma típica fábula de dezembro poderia terminar de maneira otimista quando seus personagens queimam as axilas de outrem, são perseguidos pela polícia por, entre outras atividades, seqüestrar repórteres, e agem de forma muito libertina em relação aos costumes sexuais da época? Não conseguia encontrar resposta e, receio dizer, continuei sem a encontrar após a conclusão do filme. Porém, aceito agora de muito bom grado a correção que meus amigos virtuais espanhóis me fizeram: Frank Capra é um gênio! E, se por um momento eu enganei-me acerca dos significados inter-relacionados dos termos “hipócrita” e “feliz” é porque talvez eu seja mesmo um invejoso. Tenho mais é que ter cuidado com o que penso do mundo!

Wesley PC>

domingo, 6 de dezembro de 2009

DA ARTE DE MATAR SAUDADES (E OUTRAS COISAS MAIS):


Hoje eu revi um filme muito pessoal: o português “O Fantasma” (2000), de João Pedro Rodrigues. Se digo que ele é muito pessoal, os motivos são fáceis de serem conhecidos: o personagem principal é um lixeiro; a obsessão por sexo do mesmo leva-o a extremos como masturbar-se usando uma cueca encontrada no lixo; lambe paredes de banheiros públicos enquanto se enforca durante a masturbação; fica obcecado por um motoqueiro, perseguindo-o invadindo a sua casa e seus locais de lazer; mija para marcar território; usa a nudez como arma (que atira pela culatra, inclusive); sofre e faz sofrer.

Vi este filme duas vezes no extinto Cine Vitória, da antiga Rua 24 Horas. Foi o último filme lá exibido, visto que, na semana seguinte, protestos de famílias sergipanas contra a imoralidade do local conseguiram que o cinema fosse fechado. Não sei que ano era, mas sei que me vi loucamente no filme, que sentia-me como o protagonista Sérgio (muito bem vivido por Ricardo Meneses) e esta cena da piscina repercutiu em minha mente por meses. Pena que não tenha conseguido uma fotografia com melhor resolução para dar uma idéia do que se trata, mas advirto: é um filme forte, nojento, bizarro, animalesco, selvagem, cruel, pornográfico, mas, acima de tudo, humano, apaixonado e vivo – mais ou menos como eu!

Wesley PC>