sábado, 2 de janeiro de 2010

“EU JÁ CHOREI O SUFICIENTE PARA LAVAR OS MEUS PRATOS”...

Em dado momento da noite de ontem, quando me reunia com amigos no calçadão da praia 13 de Julho (Aracaju – SE), conforme fazemos sempre no primeiro dia do ano, tradicionalmente, discutimos sobre o como uma suposta “modinha ‘gay’” vem sendo oportunamente estimulada pelos meios de comunicação de massa. Pensamos nos motivos para tal permissividade direcionada e chegamos à conclusão de que a submissão dos representantes do chamado Movimento Gay aos tributos convidativos da cultura de massa é um problema bem maior que qualquer insatisfação ou nojo social que se instaure sobre qualquer um de nós. Foi uma discussão muito positiva e construtiva, portanto!

Antes da discussão, um amigo perguntou-me qual foi a melhor sessão de cinema que presenciei em 2009. Não soube escolher, diante de tantas e tantas opções, grande parte delas vivida em Gomorra. A madrugada de sábado para domingo em que vimos um filme homônimo na tela grande do cinema talvez seja o escolhido, em virtude de tudo o que compartilhamos ali...

Neste segundo dia de 2010, já vi 4 filmes até o presente momento: um documentário musical sobre uma obra-prima apócrifa do genial Lou Reed, um drama adolescente irlandês sobre sutiãs, um terno filme norte-americano sobre famílias desraigadas pela condenação social da esquizofrenia voluntária (de onde tirei a frase-título), e o pitoresco filme português de onde se destaca a nudez de Carlotto Cotta, que interpreta o vigilante que namora a protagonista, uma patinadora de supermercado que, na obsessão por ter um filho, acredita estar grávida do cadáver homossexual de um vizinho tímido. Não é um filme tão bom quanto a quase obra-prima tétrica anterior do diretor ["O Fantasma" (2000)], mas é um filme definitivamente inesquecível. Nome da obra em pauta: “Odete” (2005), do fanático estiloso João Pedro Rodrigues. Recomendo!

Wesley PC>

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

TAPA NA CARA (POSITIVO) INICIAL!

Conheço pouco da Mart’Nália. Sei que ela é filha do Martinho da Vila e cultiva a atmosfera lésbica ‘cult’ em seus trabalhos de MPB. Como ela será a atração menos ruim da péssima programação do Projeto Verão aracajuano desta no, resolvi ouvi-la, saber do que se trata. Tinha o “Pé de Meu Samba” (2002) aqui em casa e pus para rodar no executor de CDS. Nada de novo no front, mas a canção de abertura, “Filosofia”, composta pelo genial Noel Rosa, me lançou um agradável tapa na cara. Talvez a mulher seja bacana, talvez o concerto não seja de todo ruim...

“O mundo me condena
E ninguém tem pena
Falando sempre mal do meu nome
Deixando de saber
Se eu vou morrer de sede
Ou se vou morrer de fome

Mas a filosofia
Hoje me auxilia
A viver indiferente assim
Nessa prontidão sem fimV
ou fingindo que sou rico
Pra ninguém zombar de mim

Não me incomodo
Que você me diga
Que a sociedade
É a minha inimiga
Pois cantando nesse mundo

Vivo escravo do meu samba
Muito embora, vagabundo

Quanto a você da aristocracia
Que tem dinheiro, mas não compra alegria
Há de viver eternamente, sendo escrava dessa gente

Que cultiva hipocrisia”

Agora, é esperar para ver/ouvir!

Wesley PC>

E O ANO NOVO COMEÇA…

Entre as 23h30’ de ontem e 1h10’ de hoje, constatei um truísmo: pessoas não acessam MSN durante a virada do ano. Dos 272 contatos que eu possuo, nenhum estava disponível naqueles instantes. Nenhum! Nunca havia me acontecido isto: nenhum! Os telefones celulares já estavam apresentando sua pane habitual. Conclusão: num dos momentos em que mais precisei, não tinha com quem conversar. Bom indício de começo de ano?

Minhas primeiras atividades culturais de 2010 foram baixar o álbum “Berlin” (1973), do Lou Reed, e conhecer o artista francês Jean-Leon Gérôme, que, em 1846, dotou uma pintura sobre uma rinha de galos com o máximo de academicismo ao incluir um rapaz nu na tela. Aprovei o resultado, gostei do artista. Tentei dormir, mas o barulho era altissonante (e ruim) ao meu redor. Deitei-me mesmo assim. Ás 4h40’, meu irmão bate no portão e entra em casa, chutando qualquer coisa metálica que pudesse fazer o maior estrondo possível. Em seus planos imediatos, a intenção de berrar a plenos pulmões três frases de ordem: “Deus é bom”;faça por onde que eu te ajudo”; e “eu quero que vá todo mundo tomar no cu”. E assim o ano começava. Tudo igual, que bom!

Wesley PC>

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

FAIXA 02: “I FEEL IT ALL”!

“Ooo, I'll be the one who'll break my heart
I'll be the one to hope come
I love you more
I love you more
I don't know what I knew before
But now I know I want to win the war”

Mas, por dentro, onde realmente importa, eu não sou tão anglofílico...

Wesley PC>

“OS ALIENÍGENAS NÃO ENTENDEM O CONCEITO DO DIREITO DE POSSE E PROPRIEDADE”!

Que bom para eles, digo de antemão! Frase e reflexão advieram do filme que, agora, às 20h28’ de 31 de dezembro de 2009, ouso chamar de “o melhor do ano”: “Distrito 9” (2009, de Neill Blomkamp). Perdi a chance de vê-lo na tela grande do cinema, como deveria, mas, graças aos esforços conjuntos de meu chefe (que baixou o filme) e de alguns amigos virtuais (que me obrigaram a vê-lo antes que o ano acabasse), tive acesso a um verdadeiro petardo anti-preconceito, um filme de ficção científica em que o ótimo roteiro é vital e importante, focando o drama de uma população alienígena que é obrigada a se confinar numa favela em Joanesburgo, África do Sul, depois que a nave em que viajavam quebra. Recolhidos por um grupo assistencialista, eles vivem duas décadas na tal favela, que logo multiplica seu tamanho e passa a incomodar drasticamente os vizinhos humanos, que se sentem constantemente em perigo frente à fome e decadência dos alienígenas. Estes são viciados em comida de gato e tornam-se reféns velados de mafiosos nigerianos, que traficam armas, jogos e prostitutas nas fronteiras da favela que dá título ao filme, o que força uma operação de despejo patrocinada por uma empresa bélica, cujas motivações são tudo menos humanitárias (ou “alientárias”, conforme corrigiu um esperto crítico brasileiro).

Todas estas informações são despejadas nos 3 primeiros minutos de projeção e revelam que o filme não é somente divertido ou assustador, mas uma poderosa denuncia contra qualquer tipo de segregação já existente neste mundo, de maneira que as oposições catastróficas enfrentadas pelos alienígenas acossados (bem como com um humano posteriormente filiado a eles), que se encontram perseguidos por racistas, mendicantes, empresários, militares e gangsteres, entre outras configurações humanas iracundas. O desfecho do filme é impressionante, bem como o uso original da nova fórmula do “falso documentário” que impregna diversos filmes contemporâneos. O pior (ou melhor): ao final, percebemos que não é só um filme. A ameaça é real e os alienígenas representados podem ser associados simbolicamente ás minorias vitimadas de nossa sociedade. Se o filme não é uma obra-prima completa, isso se deve às imposições produtivas de entretenimento coletivo, mas, mesmo nesta área delicada, ele consegue ser muito bem-sucedido, configurando-se num dos filmes de ação mais inteligentes da década. Obrigatório!

E, com isso, deixo o meu recado... Deixo o meu recado... deixo o meu recado...

Wesley PC>

DÊ-ME TEU PERDÃO ANTES DE MORRER – PARTE III

Acho que ainda voltarei a escrever aqui hoje, mas que o faça, convém explicar o título das três ultimas postagens: enquanto estava aqui sentado em frente ao computador, minha mãe via a reprise de um capítulo definitivo da telenovela vespertina. No capítulo em pauta, um criminoso estava pronto para confessar seus crimes, arrependido, mas fora envenenado por uma cúmplice vilanesca. Morre em pleno tribunal, antes que pudesse se livrar da carga vocabular de seus males. Isso não impediu, porém, que uma personagem dada como boa se levantasse e o perdoasse: “vá em paz, que eu te concedo o meu perdão”, disse ela.

E o celular de meu irmão caçula toca. Ele acabara de ser contratado para trabalhar num restaurante italiano. Sem pensar, minha mãe, entusiasmada com a súbita ocupação deste membro-problema de nossa família, oferece a ele minha certeirinha de passe escolar e uma calça preta, pouco se lixando se eu tenho vontade de sair também ou não. Reclamo? Interrompo o contentamento deles dois? Para quê? Quem sou eu aqui? Ao invés disso, escuto canções antigas na voz de Adriana Calcanhotto e peço perdão, perdão, perdão...

“Que bom
Que eu não tinha um revólver
Quem ama mata mais com bala que com flecha
Ela deixa um furo
E a porta que abriu jamais se fecha...


Nada disso tem moral, nem tem lição
Curto as coisas que acendem e apagam
E se acendem novamente em vão...
Será que a gente é louca ou lúcida?
Quando quer que tudo vire música?
De qualquer forma, não me queixo
O inesperado quer chegar, eu deixo...”

Perdão, perdão, suplico vosso perdão!

Wesley PC>

DÊ-ME TEU PERDÃO ANTES DE MORRER – PARTE II

Na manhã de hoje, vi um filme de terror chamado “A Órfã” (2009, de Jaume Collet-Serra. A audiência de tal filme fazia parte de um projeto pessoal em dedicar este último dia do ano a uma retrospectiva cinematográfica com os filmes mais falados de 2009. “A Órfã” foi um deles, mas me incomodou deveras por ser um desagradabilíssimo convite à busca de bodes expiatórios por nossos próprios crimes. Tudo bem que era sabido que a protagonista-título era uma má pessoa, mas isso justifica que ela fosse tão maltratada na escola? Que ela sofresse preconceitos práticos apenas por ser diferente ou estranha? Era ela quem guardava um revólver na aparente placidez de seu lar? Não, não era, mas é ela que mata, é ela que seduz, é ela que suplica para continuar viva... É ela!

Não vou defender o filme nem a personagem, mas é obvio que me sinto injustiçado como ela. Para além de ter ou não motivos, a injustiça existe. Talvez, outra grande injustiça foi eu dedicar mais tempo de cólera a este filme do que à aguardada audiência de “A Fita Branca” (2009, de Michael Haneke), um dos filmes mais elogiados e premiados do ano que está se passando, e que eu vi neste início de madrugada. Um filme cruel e severo que traça um percurso diametralmente oposto ao de “A Órfã”, um filme que deposita a culpa dos males sociais do mundo justamente na transmissão da retidão, uma retidão em preto-e-branco que não hesita em amarrar os braços de um adolescente com um símbolo têxtil de pureza para que este não conheça o seu corpo, uma retidão que explica por que crianças aparentemente dóceis penetram o corpo de um passarinho canoro com uma tesoura ou torturem até a cegueira um pequeno deficiente mental, filho bastardo de uma parteira. Viver é fazer escolhas, ambos os filmes me ensinaram, portanto!

Wesley PC>

DÊ-ME TEU PERDÃO ANTES DE MORRER – PARTE I

Todos estão cansados de saber que os passos que dei entre 01 de janeiro de 1992 e o dia de hoje estão documentados em minha casa nas páginas de diversas agendas pessoais. O tom excessivamente confessional e incomedidamente particular dos textos neste ‘blog’ revela que faço o mesmo em diários íntimos, devidamente escondidos, ansiando para serem lidos quando eu deixar de existir e, como tal, precisar justificar meus atos inglórios, os estratagemas medíocres de que me servi nesta luta irrefreada pela sobrevivência emocional. Sobrevivi! Estou aqui ainda!

Como sou um tanto supersticioso e demasiadamente simbolista, o último dia do ano sempre representou muito para mim, sempre foi um pólo de depressão irresoluta, no sentido de que as brigas em minha casa manifestavam-se cedo e eu nunca tinha tempo para gritar que também sofro, que tenho problemas e que necessito de uma atenção diferente da que (não) me davam. Além de acalmar as insatisfações deles, precisava abrandar os maus augúrios que me cercavam, mas nunca me sobrava tempo. Por isso, era comum que eu me dedicasse a choramingações longevas nas últimas horas do ano. Recentemente, talvez eu esteja mudando de tom. Talvez eu esteja crescendo, talvez eu tenha pessoas ao meu redor, talvez eu seja feliz e não saiba. Talvez...

O certo é que hoje, 31 de dezembro de 2009, estou muito mais contente do que estive há 6 anos, apenas para citar uma data aleatória (abri a primeira agenda que encontrei!). As reclamações de minha vida não mudaram muito em seis anos, mas os motivos de agradecimento sim. Sou a mesma pessoa, e, ainda assim, diferente. Que bom!

Wesley PC>

O ESTRATAGEMA DO FALSO CONVITE – II:

Na tarde de ontem, fui à UFS tirar R$ 8,00 para entregar a minha mãe. Encontrei Bruno/Danilo, que retirava uma quantia monetária dez vezes superior à minha. Conversamos brevemente sobre os eventos de 25 de dezembro e comentei com ele que não tinha vontade de ir à praia este ano. Não vale a pena suportar gritos e brigas no ônibus cheíssimo de volta para casa para ouvir Simone e/ou Jorge Aragão. Ele concordou. Falou que os meninos tinham planos de ficarem em Gomorra mesmo. Interessei-me e fui lá conferir. Rafael Coelho confirmou-me, mas agora ele é um homem que fala pouco. “Não quero falar hoje, Wesley!”, disse-me ele. Ok.

Quando chegou, Bruno/Danilo sentou-se na calcada para ler um livro do Platão. O novo morador, Fábio/Bichão, sentou-se para ler um livro sobre Oratória. Glauco/Madruga compunha canções aliteradas sobre Augusto Cury e Paulo Coelho. Hugo Kitanishi estava ocupado, como sempre e Rafael Torres/Barba dançava ao som do Mundo Livre S/A, enquanto preparava-se para voltar para casa, visto que sua avó reclamou que ele estava há 9 dias dormindo na rua! Eu queria ver um filme com eles, qualquer que fosse. Discutimos sobre os conceitos de liberdade e tédio, até que Bruno/Danilo convidou-me para acompanhá-lo numa sessão previsivelmente ruim do filme mais recente do Roland Emmerich, adequadíssimo para a ocasião. Aceitei. Em dado momento, ele comentou que eu estava respirando muito perto do pescoço dele e que isto o incomodava. Não gostei do filme, mas ele terminou sendo um pouquinho melhor do que esperava. Divertiu, ao menos, por mais estadista e inverossímil que fosse. Às 20h, caminhei de volta para casa. Mas o convite (não) estava feito. É só esperar agora...

Wesley PC>

O ESTRATAGEMA DO FALSO CONVITE – I:

Na tarde de anteontem, desci no terminal do Campus para esperar outro ônibus. Um vendedor de picolés que estava no mesmo veículo que eu desceu e foi abordado por alguém com uniforme de cobrador: “ei, tu tens algum picolé boiado para vender? Não? E aí, tu conheces Wesley?”. Aí, eu, pensando: “êtcha, caralho, será que este homem esquisito está falando de mim? Como pode ser?”. Era! O vendendo de picolés subiu noutro ônibus e o cobrador veio falar comigo: “Wesley, como tu estás? O que nadas fazendo da vida? Já te formaste? Vais pra onde? Tiveste um bom Natal? Tu cresceste, estás diferente, grandão... Mudaste muito!”. Logo deduzi que se tratava de alguém que estudou comigo nas primeiras séries do ensino fundamental. Relaxei um pouco e respondi mecanicamente a tudo o que ele me perguntava. Com forte acento pessimista, diga-se passagem.

Depois que ele foi embora, reanalisei a situação e o desconforto temido do encontro por um novo viés: estou diferente! Talvez não seja mais tão merecedor do ódio gratuito que meus inimigos de infância depositavam sobre mim. Creio ter reconhecido o cobrador: Tony, um daqueles que me espancavam sem razão e me tornavam um servo infantil do ódio. Sorri para ele, do meu jeito fugidio. Quando percebeu que eu estava com um VHS nas mãos, ele se adiantou em perguntar: “isto aí é um filme de sexo?”. Eu: “não. É um filme suicida. Quero sumir!”. O tempo passou e hoje estou ouvindo Caetano Veloso.

“Cinema Transcendental” (1979): é impressionante o quanto este álbum tem de leveza pré-homossexual. Vários elogios a homens e moços bonitos percorrem o disco, fazendo com que eu... Corroft! Segue trecho auto-explicativo da faixa 03:

“Moço lindo do Badauê
Beleza Pura!
Do Ilê-Aiê
Beleza Pura!
Dinheiro hié!
Beleza Pura!
Dinheiro não!...”

Wesley PC>

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

“NORMALIDADE É REVOLUÇÃO”?

Eu acredito que sim, mas a frase não é minha, mas de um personagem conformado com a vida de casado em “O Último Beijo” (2001, de Gabriele Muccino), o filme ideal para se ver no fim do ano. Vi-o pela primeira vez em 29 de dezembro de 2007 e, por uma doce coincidência, estive revendo-o exatos dois anos depois, cercado por amigos que não conseguiam conter a empolgação durante a sessão, rindo, gritando, correndo pela sala, levantando-se e sentando-se freneticamente, fazendo gestos vulgares com a mão, todos empolgados pela mistura de cocaína com Diazepan de que o frenesi melancólico do filme parece se servir...

Não dá para enxergar direito as pessoas na foto, mas estão lá Martina Stella e Stefano Accorsi. Ele acaba de descobrir que sua namorada histérica e longeva está grávida e ela é uma adolescente que em breve estará apaixonada por ele, sem saber inicialmente de seu compromisso com outra mulher. Quatrocentas e doze ações dramáticas interpor-se-ão entre os dois, que sofrerão violentamente todas as agruras psicológicas possíveis, não sem antes compartilharem uma noite sexual que anuncia o começo do fim. Ao final, o que muitos enxergam como uma vingança.

Não posso adiantar muita coisa sobre o filme, mas ele retrata na tela muitas de minhas indagações e reflexões recorrentes sobre envelhecimento e conformismo, de maneira que logo se tornou, se não um dos melhores, um dos filmes mais importantes de minha vida recente, em razão de sua perspicaz leitura de minha mente atormentada e satisfeita. Descobri, inclusive, que ele foi regravado cinco anos depois por Hollywood, com o ator Tony Goldwyn na direção. Título: “Um Beijo a Mais” (2006). Com certeza, muitos das complexas e destrutivas relações entre os diversos personagens foram atenuadas, mas, puxa, bem que eu queria ver o plágio também... E o ano quase termina... E logo, logo ele começa outra vez!

Wesley PC>

Compilação de clipes: Mundo Livre S/A

Mundo Livre S/A é uma das bandas que fizeram minha trilha sonora de 2009, e já pode ser ouvida na caixa amplificada da Gomorra (Barba e Coelho já arranjaram amigos na farmácia? rsrsrs).
Fred Zeroquatro, vocalista e principal compositor da banda, deve ser uma espécie resultante de um triângulo amoroso entre Jorge Ben, Tom Zé e Joe Strummer.

Livre Iniciativa


A Bola do jogo


Samba esquema noise


Seu suor é o melhor de você


Bolo de Ameixa


Maroca


Melô das musas


Azia Amazonica


Laura Bush tem um senhor problema


Carnaval inesquecível na cidade alta


Abrindo o coração para uma cadela chapada e bêbada


Soy Loco por sol


Estela


Leno de Andrade

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

SUPER PRA FRENTEX

Há algum tempo fala-se em um tal estilo comportamental chamado "super pra frentex". O video abaixo deve ser o hino dessa galera:




Leno de Andrade

O “PROBLEMA SEXUAL DO PAPA” E OUTRAS COISAS QUE (NÃO) VEMOS NA TV...

De antemão, “problema sexual do Papa” é uma piada interna que os gomorrenses estão utilizando para se referir ao problema de acessibilidade que nosso ‘blog’ vem sofrendo nos últimos dias. Porém, me fez pensar em algumas situações que se descortinaram atrás de mim, na TV, enquanto tentava digitar algo por aqui. Destaco três:

1 – Ainda hoje, num telejornal vespertino da Rede Globo de Televisão, a apresentadora estava comentando o caso de um garoto baiano de 4 anos de idade que teve os órgãos internos de seu corpo afligidos por agulhas num ritual de magia negra. Pelo que entendi, houve uma cirurgia para retirar as agulhas que danificavam o coração, mas uma delas precisou ser quebrada, depois de atingir uma válvula cardíaca, o que tornou indispensável o acompanhamento médico em relação à saúde do garoto pro pelo menos cinco anos. Dada a gravidade inevitável do assunto, a apresentadora fez uma expressão de desânimo, parou um pouco e tascou, sorridente: “bom, vamos mudar de assunto”... Pelo menos, ela foi sincera!

2 – Ontem à tarde, no ridículo arremedo de novela juvenil “Malhação”, algumas crianças do sexo feminino desejavam participar da eleição da menina-maçã e, como tal, teriam que exibir seus dotes calipígios. Uma delas, temendo ser desprovida de músculos glúteos externos, usou uma calcinha de enchimento e, ao ser flagrada pelos companheiros, explicou seu receio em participar do concurso. Um dos meninos, então, argüiu: “e o que tem a ver o cu com as calças?”. Não sei se é comum falar esta palavrinha mágica de 2 letras em programas específicos para televisão, de maneira que fiquei chocado com o pronunciamento da mesma. Será que isso já aconteceu antes e eu nunca percebi em virtude da banalização da expressão? Será que isso é positivo? Ai, ai, onde é que isso vai parar?!

3 – Por fim, algo sobre nosso Papa Bento XVI, que, como sabemos, foi atacado e derrubado antes da Missa do Galo deste ano, por uma mulher com alegados problemas mentais. No telejornal do dia 25 de dezembro, foi divulgado que sua mensagem natalina em 2009 pregava sobre a necessidade de pôr o perdão acima da vingança. Segundos depois, o mesmo telejornal anunciou que a mulher que o derrubou estava sendo julgada pelas autoridades do Vaticano. Não soubemos o veredicto. Alguém acredita que ela foi perdoada?

É isso: ‘blog’ querido, funcione direitinho, senão serei mais e mais obrigado a ouvir este tipo de coisa enquanto estiver pacientemente sentado no computador...

Wesley PC>

DICA DE FILME MACONHEIRO:

Acabei de ver um filme brasileiro relativamente surpreendente e bastante simpático de nome “Quart4B” (2005, de Marcelo Galvão & Rodrigo Tavares). O mote tramático diz respeito a um tijolo de maconha encontrado numa escola primária. Os pais de todos os alunos são convocados para uma reunião de domingo chuvoso e trocam acusações preconceituosas entre si. Há o advogado belicoso que insiste que o tijolo de maconha pertence a um surfista. Há a dona-de-casa preconceituosa que acusa o faxineiro. Há a mãe de uma criança afetada que culpa os idosos que adotam um garoto aos nove anos de idade. Há o diretor que se confessa homossexual para fugir dos assédios românticos de uma professora e causa um desvio na discussão principal. Há o diretor norte-americano de filmes pornográficos que aproveita a reunião para elencar atrizes. E por aí vai...

O que me surpreendeu foi que este filme tão bem interpretado tenha passado quatro anos sem que as pessoas ouçam falar dele. O roteiro tem um ponto de partida muito interessante e as interpretações de todo o elenco (com exceção de um ‘rapper’ entregador de pizza que surge no quartel final do filme) são ótimas, de maneira que, insisto, ele merece melhor atenção por parte da crítica e, principalmente, melhor respeito por parte do público, dado que diverte bastante e, com certeza, ajuda a resolver/atenuar conflito sobre assuntos que, infelizmente, ainda são tabus na sociedade brasileira.

Os únicos ‘poréns’ alargados em relação ao filme estão na péssima edição do diretor principal Marcelo Galvão, que picota as situações quando seriam muito mais efetivas se os destacados atores carregassem nas costas a cômico-dramaticidade inerente ao argumento, e no experimentalismo desnecessário que se instaura em dado momento do enredo, que passa a dar idas e vindas imaginárias no tempo da reunião. Entretanto, antecipo logo a grande sacada do roteiro: nem bem se passam 25 minutos de filme e um dos pais sugere que eles fumem um baseado para entender o que o suposto filho traficante deles estaria sentindo ao carregar a maconha. O que vem a partir daí é muito legal para se ver em família ou, na pior das hipóteses, em grupo. Descubram este filme, fazendo favor!

Wesley PC>

REFLEXÃO CURTINHA

Enquanto comia um “isoporzinho com sal” na tarde de anteontem, pedi a minha mãe para interromper o que ela estava assistindo e ver um curta-metragem de 4 minutos. Ela permitiu. Na tela, um grupo de pré-adolescentes brincava de Verdade ou Conseqüência. Começa com um beijo heterossexual, evolui para um alisamento genital e termina com um brilhante compartilhamento de primeira menstruação entre duas meninas. Curta-metragem em pauta: “Action Verité” (1994), do François Ozon. Ao final da noite, percebi que abocanhar o pênis de quem dorme, por mais que seja uma atitude provida de amor, é algo que resvala na imoralidade... Pude escolher e/ou esperar - e o ‘blog’ agora está intermitente. Melhor do que nada!

Wesley PC>

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

CONFISSÃO (SUB?-)LITERÁRIA, COM ORGULHO!

Em 2001, quando soube do lançamento de um filme baseado na sensação literária do momento, um bruxinho inglês com cicatriz em forma de raio na testa, mantive-me indiferente à badalação e vi o filme do Chris Columbus por mera obrigação profissional, quando o mesmo me apareceu em VHS depois que a mãe de uma amiga locara-o por sugestão de entretenimento. À época, achei o filme vazio e nocivo em sua apologia disfuncional à magia, que representava pouco mais do que um bibelô diferencial para seus usuários. Protestei contra o seu sucesso e mantive-me indiferente, ao longo dos anos, aos demais filmes e livros relacionados ao personagem, até que me envolvi romanticamente com um garoto obcecado pelo personagem. Trocamos algumas carícias e, por convenção proto-namoratória, acompanhei-o ao cinema, em 2005, na sessão de estréia do quarto filme da série, onde trocamos abraços na fileira da frente, após os créditos finais, aos protestos dos pais de família que estiveram presentes.

O tempo passou, o garoto hoje me odeia e, por motivos vários, submeti-me este ano a uma revisão dos cinco filmes até então disponíveis com o personagem Harry Potter. Por sugestão de minha mãe, que aparentemente gosta dele, vi os cinco filmes na mesma semana. Odiei os dois primeiros exemplares (dirigidos pelo infantilizado Chris Columbus), me surpreendi drasticamente com o ótimo terceiro filme (dirigido pelo humano, demasiado humano Alfonso Cuarón), abominei o exemplar comandado pelo pusilânime britânico Mike Newell, e gostei da variação política de roteiro comandada pelo desconhecido David Yates. Queria, inclusive, ter visto o sexto filme da série, também dirigido por este último diretor em 2009, mas vários motivos me impediram de fazê-lo. Algo, porém, estava modificado: em virtude dos conselhos e elogios de amigos sergipanos, pernambucanos e espanhóis, agora eu não tinha tanto preconceito em relação ao personagem. Continuava sem gostar dele, mas já defendia a validade de sua existência ficcional.

Neste mês de dezembro, temporada de presentes, meu fornecedor habitual de vitaminas humanas ganhou, a contragosto, o último livro da série de sua madrinha católica. Chamado “Harry Potter e as Relíquias da Morte”, este livro fora publicado em 2007 pela autora J. K. Rowling e apresentava nada mais, nada menos que 590 páginas. Ainda assim, imbuído de estranha curiosidade, decidi-me a lê-lo. Quase duas semanas depois, eis-me aqui com algumas conclusões sobre o desfecho da saga do bruxinho, que será convertido em dois filmes a partir do ano que vem, aparentemente dirigidos pelo mesmo David Yates. Fiquei com vontade de ver o filme agora. Antes, o que achei do livro (com detalhes sobre o final):

Meu personagem preferido, desde o início, era Severo Snape, interpretado magnificamente por Alan Rickman nas versões cinematográficas. Era óbvia e reiterada a vilania do personagem, mas eu sempre torci por ele, enxergava algo de positivo em seu coração. Para minha total surpresa, estava certo: na penúltima página do livro, ele é chamado de “o homem mais corajoso que existiu” pelo protagonista crescido, o que me encheu de estranho orgulho, visto que me identifiquei com os motivos que engendraram o comportamento taciturno de Severo, um amor não-correspondido que o perseguia desde a infância. Mas, até que eu chegasse a este elogio, muita coisa se desenrola nas mais de 500 páginas anteriores. Como eu suportei ler um livro tão grosso a contragosto? Por que a autora insistia em atolar seu livro com clímaxes aventurescos, quando o que me interessava mesmo era a boa construção emocional dos personagens? Por que insistem em vender a trama como infantil se sangue e violência não pára de cercar as atitudes de todos eles? Vai entender os meandros do mercado literário e cinematográfico.

Minha conclusão é que o livro não é mal-escrito como eu pensava. Até que o vocabulário e os estratagemas ficcionais da autora são bons. O que não me convencia era o tom profético e auto-anunciado da trama, os preconceitos de classe velado entre os personagens [os comentários de Rony e dos filhos de Harry Potter, ao final, sobre os trouxas (humanos não-bruxos) e a casa Sonserina (associada ao mal anunciado) me irritaram deveras, provando que pouca coisa mudou nos 19 anos de elipse na trama] e o acúmulo de ações que poderiam ser mais enxutas, mas, confesso, um tanto orgulhoso por ter enfrentado a mim mesmo, o livro é interessante! Sendo assim, estou com vontade real de ver o filme, ao passo em que já me preparei para livrar-me dos possíveis vícios inoculados por esta infindável leitura: uma das obras-primas de Lima Barreto já me espera, ansiosa, na estante...

Wesley PC>

SE A MINHA PAZ TEM NOME DUPLO DE HOMEM BRASILEIRO?

“Hoje constatei que gasto em média 54 segundos eliminando cocô, um terço de uma canção média da canadense Feist”: escrevi este início de texto há quase uma semana, enquanto aguardava ansioso que o ‘blog’ voltasse a funcionar e eu provasse a mim mesmo que sobrevivo a desabafos natalinos. Porém, para aqueles que estão longe da Bahia, os endereços eletrônicos com extensão .blogspot parecem não funcionar. O que estaria acontecendo?

Busquei informações na Internet, mas não encontrei, salvo o consolo de amigos sergipanos e pernambucanos que também estão sem conseguir acessar direito nosso ‘blog’. Enquanto isso, muitos outros pensamentos vêm à cabeça. Outras canções, outras atividades fisiológicas, outros filmes, as mesmas pessoas... Dentre estes filmes, um belo libelo romântico japonês: “Ondas do Oceano” (1993, de Tomomi Mochizuki).

Na trama, um adolescente aplicado na escola, mas ainda assim excessivamente cobrado por seus familiares e superiores administrativos, sempre insatisfeitos, conforme manda o rígido sistema educacional japonês. Um dia, em frente a uma estação de trem, vê uma moça bonita. Admira-a. Para sua surpresa, alguns dias depois, ela estará no mesmo colégio que ele, solitária e sem amigos, ressentindo-se sozinha do divórcio complicado de seus pais. Mal fala com ele, ela pede dinheiro emprestado, utilizando para tal mentiras que logo serão desvendadas. Ela mente, ela engana, ela é traiçoeira, ela despreza o sotaque interiorano dele, bem como tudo a que ele está relacionado. Por que ele gosta dela mesmo assim? Um dia, por sugestão indireta dela, ele vai embora, planejando estudar na capital. Será que ele deve algo a ela? A resposta contida no desfecho do filme me fez responder sim. Sim à pergunta-título escrita sabe-se lá há quanto tempo!

Que o ‘blog’ perdure, ao menos...

Wesley PC>