sábado, 30 de janeiro de 2010

“O PAPA É POP” (1990)

Quando eu tinha 9 anos de idade, este álbum do Engenheiros do Hawaii foi lançado. À época, nunca tive a oportunidade de ouvir integralmente as 11 canções do disco, mas hoje, 20 anos depois, o faço e gosto. As letras e melodias são quase todas famosas e, para além de algumas decepções (a repetição frasal enfadonha em “Nunca Mais Poder”, faixa 04, por exemplo) e algumas surpresas (os 7 minutos multiformes de “A Violência Travestida Faz Seu Trottoir” à frente), confesso que entendo por que a banda liderada pelo esnobe e pouco carismático Humberto Gessinger fez tanto sucesso e revestiu-se de certas responsabilidades no que diz respeitos aos anseios daquela geração que se recusava a ser ‘yuppie’, por mais que consumisse os produtos destinados a esta parcela específica do público. As duas versões de “O Exército de um Homem Só” contidas no mesmo disco respondem bem a esta reflexão, mas acho que a obra-prima do álbum, para além de toda nostalgia desencadeada pela versão em português para “Era um Garoto que Como Eu Amava os Beatles e os Rolling Stones”, está mesmo na faixa 05, “Pra Ser Sincero”. Como a gradação crescente do sentimentalismo reclamante desta bela letra tem a ver com meus anseios românticos pessoais. Gostei mesmo de ouvir este disco por acidente nesta manhã de sábado. Na pior das hipóteses, uma impactante (re)descoberta, cuja derradeira faixa (11 – “Perfeita Simetria”) reutiliza os acordes da faixa-título para dizer que “o teu maior defeito talvez seja a perfeição”. Não vou nem dizer de quem eu lembrei com este verso, mas prefiro aqui me contentar com a beleza de “Pra Ser Sincero”:

“Nós dois temos os mesmos defeitos
Sabemos tudo a nosso respeito
Somos suspeitos de um crime perfeito
Mas crimes perfeitos não deixam suspeitos...

Pra ser sincero, não espero de você
Mais do que educação, beijo sem paixão
Crime sem castigo, aperto de mãos
Apenas bons amigos...
Pra ser sincero, não espero que você me perdoe
Por ter perdido a calma, por ter vendido a alma ao diabo...

Um dia desses, num desses encontros casuais
Talvez a gente se encontre,
Talvez a gente encontre explicação...”


Acaba o CD, a voz de Freddie Mercury entra no rádio. Uma nova sessão de nostalgia apaixonada começa através de “I Was Born to Love You”, do Queen!

Wesley PC>

Um comentário:

Renison disse...

Quando a maioria reprova,é sinal que a coisa é boa! O tenho em vinil e CD.