quinta-feira, 18 de março de 2010

A BELEZA DOS ANIVERSARIANTES DO DIA 18 DE MARÇO

Os dois rapazes mais bonitos que conheci este ano nasceram no mesmo dia. Um deles completa hoje 18 anos, enfrentou preconceitos contra epilepsia na infância e hoje é conhecido pelo tamanho do pênis e por ter um charmoso ‘piercing’ nos testículos. O outro completa 24 anos, é boçal, inteligente, estudante de História Noturno e prefere ser elogiado pelos textos que escreve do que pelo corpo em si. Eu, porém, não gosto do tom arrogante de seus textos literários, inclusive daquele que resenhou um de meus livros favoritos, “Morte em Veneza”, publicado por Thomas Mann em 1912 e transformado em filme por Luchino Visconti em 1971, um dos mais alobiográficos e sublimes que já vi em vida.

Encontrei o primeiro rapaz ontem à tarde, no Parque da Sementeira, e por mais que eu olhasse para ele com deslumbramento, ele estava preocupado em receber os cuidados dos amigos de mesma faixa etária que o cercavam, carregados de álcool, nicotina, maconha e outras substâncias que o interessavam e que eu não possuía. Quanto ao segundo rapaz, ele enviou-me uma mensagem de celular assim que chego em casa, depois de uma noite muito divertida, e me pergunta sobre o seu horário de trabalho, no mesmo setor em que exerço atividades remuneradas. Aproveito a oportunidade para parabenizá-lo e dizer que o acho bonito e boçal, mas ele responde-me com a afirmação de que isto pode alimentar o seu ego e desencadear reações negativas, utilizando o livro de Thomas Mann como justificativa. Eu insisto em elogiá-lo fisicamente, utilizando como sustentáculo literário nossa diferença de interpretações em relação ao livro, visto que, para mim, o modo como a Beleza (com B maiúsculo) surge no filme é redentora, não obstante estar concomitantemente associada à morte. Não sei se ele aceitou minha reiteração de princípios elogiosos, mas agradeceu-me mesmo assim. Dei-me por satisfeito.

Por isso, aproveito aqui a oportunidade para desejar FELIZ ANIVERSÁRIO a ambos. Eles sabem quem são, eles são bonitos, eles me fazem bem, mesmo quando me deixam tristes em virtudes das crises geracionais que me levam a enfrentar sempre que compartilho o mesmo espaço que eles. Estaria eu apaixonado?

“A solidão mostra o original, a beleza ousada e surpreendente, a poesia. Mas a solidão também mostra o avesso, o desproporcionado, o absurdo e o ilícito” (Thomas Mann, em outra obra)

Wesley PC>

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