terça-feira, 20 de abril de 2010

NÃO PRECISO DE NENHUM SERIADO DE TV PARA SABER DIFERENCIAR FELICIDADE DE OSTEOPOROSE!

Acordei cedo na manhã de hoje para ver “Geração Roubada” (2002, de Phillip Noyce), recomendado na página 910 do indispensável guia “1001 Filmes Para ver Antes de Morrer”. Sabia que o filme não seria tão bom quanto mencionado no referido guia, mas, ainda assim, o filme é deveras meritório no que se refere à exposição de um aberrante conjunto de eventos durante a colonização britânica na Austrália, em que as crianças aborígenes eram retiradas de suas famílias e entregues a famílias de brancos ricos, que as manteriam como escravas e, gradualmente, visavam extirpar sua raça através de fecundações mistas multigeracionais. No roteiro do filme, acompanhamos a jornada de três garotinhas, duas irmãs e uma prima, que fogem de um campo de reabilitação racial e, com o intuito de voltarem para casa, acompanham, em fuga, o trajeto de mais de 2.000 quilômetros abarcados por uma cerca supostamente construída para afastar os famintos coelhos selvagens das plantações dos colonos. Por mais que o filme seja emocionante enquanto revelação de um projeto humano/capitalista absurdo (os depoimentos das personagens verdadeiras, tardiamente inseridas na sociedade que as escravizou e perseguiu, são terríveis!), enquanto produção cinematográfica é um tanto convencional, não obstante a excelente equipe técnica sustentacular, que inclui o fotografo Christopher Doyle e o músico Peter Gabriel, cujos acordes não-sagrados permaneceram em minha mente reativa por um bom tempo. Merece ser conhecido, mas a hipertrofia sentimental de seu tema pode ser ideologicamente comprometedora.

Em verdade, antes de ter escrito o parágrafo criticamente receptivo acima, tencionava listar uma série de crises conscienciosas e passionais que me afligiram antes que o filme fosse finalmente visto, programado desde a noite de ontem. Pedi que minha mãe me acordasse sem falta às 7h da manhã (o filme seria exibido na HBO às 7h30’), mas não consegui dormir. Na véspera de toda terça-feira, fico agoniado, tenso, ansioso, amedrontado, desejoso... É o dia da semana em que folga pela manhã (quando tenho aula) e à noite (quando geralmente vou ao cinema), mas, durante o período da tarde, no trabalho, é que a coisa pega: vejo gente – e nem sempre sou imune ao seu charme. Quase nunca sou, aliás! Por isso, antes de dormir, na noite de segunda-feira, fiquei zanzando pela TV, em busca de algo que me entretecesse e assisti a um episódio do reverenciado seriado “30 Rock”, em que a diferença estapafúrdia contida neste título de postagem era evidenciada. Mas não precisei disso: acho que já consigo diferenciar por mim mesmo felicidade e osteoporose. Será? Pelo sim, pelo não, Phillip Noyce é um artesão cinematográfico muito talentoso, conforme já demonstrara em filmes interessantes como “Terror a Bordo” (1989), “Fúria Cega” (1989), “Invasão de Privacidade” (1993) e, principalmente, sua regravação emocional para “O Americano Tranqüilo” (2002), baseado num livro de Graham Greene que possuo mas ainda não li. Ficam as dicas!

Wesley PC>

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