sábado, 17 de abril de 2010

O 14º EPISÓDIO DE ‘GLEE’ (A NÃO SER LIDO POR QUEM AINDA GUARDA BOAS EXPECTATIVAS SOBRE A SÉRIE)


Lema do episódio: “todo mundo é substituível. Inclusive tu”!

OK. Cerca de quatro meses se passaram desde dezembro de 2009, quando foi exibido o décimo-terceiro episódio do seriado norte-americano que mais me emocionou em vida, quiçá a melhor coisa já realizada para TV no século XXI. Na última terça-feira, foi lançado o primeiro episódio de 2010, o que me deixou igualmente ansioso e tenso, visto que o alargamento da primeira temporada da série obviamente a estragaria, mas resolvi correr o risco assim mesmo. Em conversa de MSN com um amigo-irmão na tarde de hoje, soube que o episódio em pauta já estava disponível para ser baixado, devidamente legendado em português. Não hesitei: apertei o sinal de ‘download’ e cheguei até a me perfumar para assistir ao episodio. Eis o que achei:

Antes de começar a vê-lo, perguntei ao meu camarada Américo o que ele tinha achado do episódio e a resposta foi taxativa: “começa bem, Wesley, mas logo fica entediante”. Suspeitava que fosse acontecer o mesmo comigo e, por proteção ideológica, fiz o possível para acentuar minha má recepção a tudo o que a série tem de pior e que, com certeza, seria explorada neste retorno ainda mais comercial do que antes. Dito e feito: os personagens estereotípicos ficaram ainda mais estereotipados, a vingança de Sue Sylvester (Jane Lynch) contra o Clube do Coral e a necessidade de vencer campeonatos tornaram-se ainda mais opressoras, o esquematismo suspensivo das tramas irresolvíveis ficou ainda mais óbvio e a música agora é tratada como algo seriamente vendável, conforme podemos perceber na focalização constante dos instrumentistas que acompanham os atores-cantores e nos pequenos videoclipes que ilustram as situações evocadas pelas letras das canções. Entretanto, mesmo com a percepção de todos estes problemas, quase lacrimejei durante a execução de “Gives You Hell” (originalmente interpretada por The All-American Rejects) pela progressivamente vilanesca Rachel Berry (Lea Michelle). Nem eu acreditei, mas... A série continuou funcionando muito em relação á identificação de minhas frustrações eternas. Acho que sou fútil!

Neste episódio de reestréia, chamado “Hell-O”, os personagens receberam a incumbência de pesquisar canções que contivessem a palavra “hello” no título. Com isso, foi elevado o nível autoral das canções interpretadas pelo elenco, que demonstraram conhecer artistas icônicos como Jim Morrison, Neil Diamond, Lionel Ritchie e John Lennon. Minha alter-ego portadora de Distúrbio Obsessivo-Compulsivo confessou sua virgindade (!), enquanto seu amado recém-divorciado Will Schuester (Matthew Morrison) teve um caso passageiro com outra coordenadora de corais. Entretanto, foi o novo dilema envolvendo Rachel e o deslumbrante Finn Hudson (Cory Monteith, agora investindo num preocupante diálogo com seu “‘rockstar’ interior”), visto que o segundo não consegue esquecer sua namorada do passado enquanto a primeira apaixona-se por um rival, que a está usando para sabotar o grupo de que ela faz parte. Na cena que quase me fez lacrimejar, duas líderes de torcida, comandadas por Sue, fingem que estão completamente atraídas por Finn, tentando seduzi-lo a fim de causar ciúmes em Rachel, mas foi o olhar iracundo e amargurando do homossexual Kurt Hummel (o adorável Chris Colfer) o que me marcou: como não compreender a impotência que era nutrida por sua alma apaixonada, no sentido de que, não obstante ter que lidar com o fato de que jamais poderá pôr em prática os prazeres carnais associados ao amor que sente por Finn, sofre com o fato de qualquer menina pode estar em superioridade em relação a ele somente por ser do sexo feminino. Parece um dilema forçado e idiota, sobre o qual eu particularmente nunca fui convidado a me preocupar (pelo menos, não do modo generalizado abordado pelo episódio de hoje), mas eventos recentes me levam sempre a reconsiderar o ambiente ao meu redor. E, infelizmente, o diálogo sobre este assunto que aparece aos 27 minutos do 11º episódio da primeira temporada (“Hairography”) voltou à tona: é hora de ilusões serem dissipadas. Nada disso, porém, impediu que eu gargalhasse lancinantemente quando Kurt explica como atende ao telefone, defendendo-se da similaridade que sua voz aguda guarda com a voz de sua falecida mãe. Como diria Cartola, tenho mais é que “rir pra não chorar”!

Mas, voltando à análise crítica do episódio, receio (felizmente) discordar de meu amigo-irmão Américo e dizer que, sim, gostei do episódio. Creio que, pelo menos nesta retomada, ele soube lidar bem com todos os problemas anteriormente destacados, apesar de eu estar ciente de que a forçação de barra envolvendo a concorrência entre corais igualmente competentes diluirá a emoção inerente ao tumultuado relacionamento entre os personagens em prol das exigências capitalistas do seriado. Pena. Mas, por hoje, ele ainda funcionou. Funcionou de com força, como dizem por aí... Que venha o décimo-quinto!

Wesley PC>

2 comentários:

iaeeee disse...

eu ri com o olhar de tristeza do kurt! tadinho dele! kkkkkk

sim, sim, e que bom que vc gostou, eu me entendio justamente com essas forçações, com a rapidez de algumas coisas, com o esquecimento de alguns personagens...

Mas ainda assim, Glee está em meu core! Embora eu não vá sentir muito a falta dele se eu parar de assisti-lo...

Enfim, já sabe que o 15º será inteirinho com músicas da madonna? parece legal, né?


Ps.; semelhanças cada vez mais 'assustadoras' entre vc e a Emma. lol


inté


américo

Pseudokane3 disse...

Pois eu estou é preocupado em não gostar do episódio seguinte, mas... Américo, que triste, triste aquele olhar, meu Deus!

E, sim, todos que vêem a série, percebe o quanto a Emma tem a ver comigo (risos)

E, na moral, sentirei muita falta se eu deixar de vê-lo, mas eu preferia que isso acontecesse se a série parasse de ser produzida. Eles têm que parar logo antes que a estraguem! Chuif!

WPC>