domingo, 20 de junho de 2010

CUSPA O CATARRO, NÃO O ESPERMA!

A dor de cabeça forte e a febre que me assolaram na última semana converteram-se numa tosse intensiva desde ontem. O catarro agora pulula em meu corpo, aguarda qualquer oportunidade para sair de minha garganta e fecundar ambientes e pessoas alheias. O meu catarro quer engendrar novos doentes, mas eu nunca fui muito bom em escarrar. Minha mãe sempre grita: “ponha para fora, Wesley!”, mas eu não consigo. Não sei se acontece como todo mundo que tem sinusite, mas escarrar dói!

Com dor ou sem dor, estou fazendo o possível para me livrar do excesso de ranho. Porém, uma situação engraçada me ocorreu ontem à noite: depois de um bem-aventurado processo de ejaculação alheia, encasquetei de tossir quando ainda não havia sorvido adequadamente as preciosas gotas do colóide mágico que saíam daquela uretra abençoada. Quem me conhece, sabe que nutro uma reverência supra-gastronômica em relação às propriedades do sêmen, que, por vir tão pouco em cada ejaculação, ingiro-o com cautela e lentidão, a fim de manter pelo maior tempo possível o prazer que esta substância me causa quando atravessa minha garganta. Aí me veio o dilema: como eu havia tossido antes de engolir a gala, o catarro se misturou a ela. E agora? O que fazer? Engolir catarro junto com esperma ou desperdiçar um em detrimento da malevolência do outro?

Por respeito aos brios nojosos de alguns dos leitores deste ‘blog’, não direi o que fiz. Direi, ao invés disso, que acordei neste domingo ansioso para assistir ao clássico “O Processo” (1962), dirigido por Orson Welles a partir da notável obra literária do tcheco Franz Kafka. Que filme genial! Tinha como não sê-lo, vindo de quem veio? Pior (ou melhor): para mim, que trabalho no centro burocrático da UFS, tem como não se identificar com esta trama obsedante? Recomendo-o a qualquer um que já se sentiu equivocadamente julgado por que quer que seja. Detalhe: os adendos eróticos do filme ao livro só me fizeram reativar o drama anterior. Tossia muito durante a sessão, mas não podia me levantar a toda hora, a fim de escarrar no banheiro. O que fiz? Digamos que eu realmente tenha medo de alguns advogados...

Amanhã cedo, estarei de volta ao trabalho. Quiçá, ainda tossindo bastante. Sofrerei novas ameaças hospitalares? Terei tempo de escarrar caso o expediente externo esteja cheio de pessoas para atender? Alguém me oferecerá esperma num potinho, com uma colher? Acho que eu ando vendo filmes neo-expressionistas demais...!

Wesley PC>

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