quarta-feira, 16 de junho de 2010

O QUE TEM A VER A CHUVA QUE TRAZ ALGUÉM E O INFERNO DE QUE ESTE MESMO ALGUÉM FOGE?

Responderei em primeira pessoa, como é de meu feitio: depois de ter visto “Fugindo do Inferno” (2009, de Tran Anh Hung), fui dormir. Não entendi quase nada do que se passava na tela, mas a combinação entre fotografia esverdeada e deslumbrante, elenco e equipe técnica multinacional, a trilha sonora que combina Gustavo Santaolalla, Radiohead e ‘post-rock’ e cenas de extrema violência gráfica (como, por exemplo, um mendigo sendo assassinado com o corpo de um cachorro!) fez com que algo em minha sanha ‘pimba’ se deslumbrasse diante do filme, irritante para quem se acostumou ao estilo compassado do diretor [divulgado fora de seu Vietnã natal através de magníficos filmes como “O Cheiro do Papaia Verde” (1993) e “As Luzes de um Verão” (2000)] e sedutor para quem fora advertido do potencial concomitantemente poético e fatalista do diretor em “O Ciclista/ Entre a Inocência e o Crime” (1995), para mim, sua obra-prima. Como fui dormir assim que terminou a sessão (depois de ter suportado 115 minutos de canibalismo, fanatismo religioso e sexualidade autodestrutiva), sonhei que dava R$ 5,00 encontrados no chão a um mendigo bêbado que caminha com um cachorro dividido em dois (explico: ostentando uma fratura exposta cicatrizada) e, quando me dirigia ao ponto de ônibus, uma família com três evangélicas perguntou se eu já havia conhecido Deus. Fiquei sem saber o que responder e, obviamente, acordei perturbado. E, na vida real, ninguém que eu conheça gostou do filme. É o preço que se paga!

Wesley PC>

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