Atendendo a protestos e sob protesto, consenti em ser acompanhado por duas colegas de trabalho ao setor médico da Universidade. Minhas suspeitas foram confirmadas: os funcionários tratam-me mal por eu não ser um servidor oficial, sequer chegaram a me examinar fisicamente (disseram-me apenas que eu tinha alergia a papéis, pasme!) e me empurraram um comprimido goela abaixo: Allegra D. Fui buscar a composição oficial do remédio (cuja fórmula é mostrada na fotografia) e ei-la:
“Cada comprimido contém:
- Cloridrato de fexofenadina (em formulação de liberação imediata).................. 60 mg
- Cloridrato de pseudoefedrina (em formulação de liberação prolongada).......... 120 mg
- Excipientes q.s.p.................... 1 comprimido
(celulose microcristalina, amido de milho, croscarmelose sódica, estearato de magnésio, cera de carnaúba, ácido esteárico, dióxido de silício coloidal, Opadry)”
O importante no evento, a que só consenti por curiosidade antropológica, é que pude confirmar severamente o meu foucaultianismo: hospitais e congêneres – salvo em casos de atendimentos graves, como atropelamentos e desmaios – têm a função dominante de reforçar a diferença inventada entre as classes sociais, de fazer com que seres padecendo de dores fisiológicas permaneçam reféns do Sistema Único de Saúde governamental e da ditadura farmacêutica que carteliza o mundo inteiro. De coração, eu digo: nesta armadilha eu não caio! De resto, a quem se preocupa com a minha saúde, um aviso: estou melhorando, acho.
Wesley PC>
DOIS É DEMAIS EM ORLANDO (2024, de Rodrigo Van Der Put)
Há uma semana
5 comentários:
Eba que você está melhorando.
Odeio médicos também, porém tenho, ultimamente, tido a idéia de me submeter (assim passivamente?) a ir a alguns deles...
Sempre me pergunto: por quê?
Concordo com seu texto. Concordo até por hereditariedade: minha mãe detestava os médicos e pelos mesmos motivos que nós dois!
E, venhamos e convenhamos: já cheguei a adoecer, depois de ter acompanhado uma pessoa a um posto do SUS e ter visto tanta miséria e descaso (e olha que as palavras miséria e descaso aqui eu as quero desprovida até mesmo do mais sensocumunal dos significados!).
É a vida! É a vida! (conformismo? Pelo sim, pelo não: ando ouvindo por demais Adoniran Barbosa). Olha aí: música, para mim: cura!
Minha mãe bebe do mesmo suco que a tua, Ninalcira!
E eu já sei do teu aniversário, visse?
beijão!
WPC>
A mim que já estou até às beiras submetido (assim passivamente!), resta o desejo de melhora. Melhora!
Enquanto tu estas a melhorar algo de estranho acontece comigo e me intupo de remédios, como queria ter sua força reivindicativa, resistente e utopica!
correndo sempre........
J.
alergia a papel(rsrs)
Xeru!
Rafael Barba
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