domingo, 25 de julho de 2010

ATRAVESSA-ME, TAKASHI MIIKE (OU DE COMO SER ULTRA-HIPER-SUPER-MEGA-PÓS-MODERNO)!

Cada filme novo do japonês Takashi Miike escandaliza quem se põe diante dele. Não foi diferente o que senti frente a “Big Bang Love, Juvenile A” (2006), título internacional para “46-Okunen no Koi”, que quer dizer algo como “Amor de 46 Bilhões de Anos” [!] e que acabo de ver ao lado de minha mãe. Se ela não conseguia entender nada do que acontecia na tela, eu tampouco. Mas amava. E isto acontece porque é um filme sobre amor, no sentido mais supressivo do termo.

Ainda na apresentação metalingüística do filme, um personagem que supostamente lê o roteiro do mesmo antecipa que acompanharemos as trajetórias de dois homens tristes. Um deles é preso depois que assassina com toques de extrema violência um potencial estuprador. O outro é preso porque é sociopata mesmo. Ambos se apaixonam, num sentido em que este termo não precisa sequer ser pronunciado para ser entendido como tal. Na prisão, eles deparam-se com um foguete. Um pergunta ao outro se este prefere ir para o céu ou para o espaço após a morte. Um arco-íris triplo faz com que um deles se suicide com a ajuda de outrem. O resto, só vendo o filme... E olhe lá!

É um filme impactante do começo ao fim, belo em cada detalhe, que faz uso de música eletrônica, citações religiosas, homossexualismo estilizado, imagens videográficas deturpadas, borboletas virtuais, iconografia ‘gay’/’yaoi’, tudo o que pudesse cair nas mãos do diretor durante a feitura... E, dentre todas as cenas, creio que seja esta mostrada em imagem a que mais me flagrou como apaixonado: na solidão intentada de sua cela, o prisioneiro mais tímido percebe uma forte luz emanando de um buraco na parede. Espia por este buraco e percebe algo como um parque de navegação espacial, no mesmo lugar em que se encontra uma imensa pirâmide mística. A forte luminosidade, portanto, o afasta da greta e ele cai no chão, sendo trespassado pela luz, que o atravessa como se ele fosse transparente, no ponto exato onde se encontra seu coração. Enquanto espectador identificado, fui fulminado nesta seqüência: Takashi Miike é foda demais!

Wesley PC>

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