quinta-feira, 8 de julho de 2010

NÃO BASTA SABER COMO TERMINA, EU QUERO VER! (OU DE COMO ARNALDO BAPTISTA ABRIR A BOCA PARA DIZER QUE A TRISTEZA COLORIU SUA VIDA MEXEU COMIGO!)

Acordei cedo hoje para ver “Lóki – Arnaldo Baptista” (2008, de Paulo Henrique Fontenelle), documentário que eu havia gravado faz um tempo, mas que, até então, não havia encontrado a oportunidade ideal para assisti-lo. Hoje seria esta oportunidade, mas o meu videocassete aparentemente degringolou de vez. Pior: ele estragou quando a fita VHS ainda estava na metade do filme, de maneira que só assisti a cerca de 1 hora do mesmo. Vi os depoimentos de Rogério Duprat e Devendra Banhart, entre outros, tive a impressão de que Rita Lee não será entrevistada pela equipe, pude conferir fotos de infância e adolescência dos irmãos Sérgio e Arnaldo e conheci preciosidades musicais de artistas diretamente relacionados ao grupo, incluindo-se aí o primeiro álbum solo da Rita Lee (“Build Up”, de 1970) e de O’Seis, agrupamento pré-Os Mutantes, com três integrantes a mais. Já me predispus a ouvir as canções mencionadas nas entrevistas e imagens ainda hoje, mas... E o restante do filme? E a continuidade da trajetória singular deste gênio que intitula o filme? Quando verei? Chuif, chuif...

Que seja, enquanto providencio alguma maneira desesperada para limpar o cabeçote derradeiro de meu videocassete, conformo-me em ter visto pelo menos a metade inicial do filme, em que soube o que precisava saber sobre a origem, desenvolvimento e ruptura d’Os Mutantes. Digo mais: para além de toda a genialidade do grupo, de ter sabido que o Sérgio Dias era um virtuose ou ter conhecido um pouco mais sobre os demais integrantes da banda, sou um romântico inveterado e, como tal, o que me fisgou mesmo foi a descrição dos prolongamentos depressivos do término do relacionamento entre o protagonista do filme e sua amada Rita Lee. Companheiros de trabalho e convívio comentam que flagraram o artista chorando e/ou lamentando-se várias vezes a perda de sua esposa e, apesar de conhecermos duas de suas mulheres posteriores – incluindo Lucinha Barbosa, atual e abnegada – é o espectro da saudade afetiva de sua musa que permanecerá afligindo Arnaldo Baptista, conforme detectamos nas entrelinhas do que ele pinta, atividade artística esta que desenvolve terapeuticamente desde que se recuperou do coma decorrente de sua tentativa de suicídio no começo da década de 1980, quando pulou do quarto andar de um hospital. Será que acontecerá algo parecido comigo um dia? Tomara que não...

Esteticamente, poder-se-ia reclamar que o trabalho de Paulo Henrique Fontenelle é trivial, que o modo como ele aglutina as entrevistas não supera o tradicionalismo desse tipo de abordagem e que o que chama a atenção mesmo é a riqueza conteudística do biografado, mas não ousarei dizer isso: até onde eu vi o filme, posso considerá-lo ótimo sem qualquer despudor. Ótimo mesmo! Não obstante a ausência de Rita Lee ser crucial, até mesmo por vias involuntárias, isto funciona como incremento discursivo-sentimental. Estou gostando mesmo. Se eu conseguir ver o restante, prometo que venho aqui comentar...

Wesley PC>

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