domingo, 11 de julho de 2010

QUEM CALAR A BOCA, SE FODE (NO PIOR SENTIDO DO TERMO)!

“Nós, liberais, não devemos temer que os socialistas nos acusem de querer restaurar a família patriarcal. Será esta a fórmula tortuosa com que reconhecerão os seus verdadeiros propósitos de fazer sucumbir a instituição familiar. A família patriarcal foi superada pela própria vida, mas não a família em si mesma, que pode ser uma instituição fraterna e solidária, onde a autoridade dos pais resulte do livre reconhecimento e não de uma simples imposição. A família contemporânea, que cultive a solidariedade, não pode omitir-se diante da discussão de todas as questões. Assim, o nosso reconhecimento da legitimidade das relações sexuais antes do matrimônio não significa conciliar com a permissividade. Os jovens de hoje não podem continuar sendo educados como se não tivessem que assumir a criação dos próprios filhos e, portanto, a continuidade da comunidade nacional”. E segue em frente...

Eis o que prediz Antonio Paim em “A Agenda Teórica dos Liberais Brasileiros”, publicação de 1997, que estou lendo em virtude de uma pesquisa de universidade sobre os fundamentos ideológicos do antigo Partido da Frente Liberal (PFL). Para minha infelicidade, não foi uma coincidência perceber este mesmo discurso ser metonimizado num seriado televisivo norte-americano, o pseudo-polêmico “Hung”, da HBO, em que um pai de família divorciado e sem dinheiro recorre à prostituição heterossexual para pagar as suas dívidas e ter condições de criar novamente os seus filhos, visto que sua ex-esposa é agora casada com um fútil dermatologista, que não acompanha os desenvolvimentos culturais dos adolescentes. Detalhe: apesar de a bunda acalentadora do protagonista Thomas Jane ser desnudada desde a abertura, o tom dos episódios é tão condescendente com o moralismo economicista do capitalismo tardio quanto os escritos acima destacados. E o que é pior: isso sequer chega a ser indício de que a qualidade do seriado é ruim! Estamos já tão acostumados a este moralismo capenga que engolimos suas fórmulas hipnóticas disfarçadas de insatisfação sistemática. Pena, pena...

Wesley PC>

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