terça-feira, 24 de agosto de 2010

IMPOTÊNCIA SEXUAL < IMPOTÊNCIA SOCIAL

Apesar de ter me empolgado bastante com a ótima construção do personagem que protagoniza o seriado televiso “Dexter”, não havia tido motivação suficiente, até o momento presente, para assistir aos novos episódios já salvos em meu computador. Depois de ter acesso a um episódio tardio da terceira temporada na TV, fiquei curioso com algumas elipses em meu entendimento e, de ontem para hoje, tive acesso a “It’s Alive!” e “Waiting to Exhale”, respectivamente, primeiro e segundo episódios da segunda temporada. No primeiro, o protagonista (que, como todos sabem, é um psicopata potencialmente reabilitado enquanto ‘serial killer’ de ‘serial killers’) não consegue ter uma ereção quando sua namorada traumatizada por ter sido violentamente estuprada repetidas vezes tenta agarrá-lo à força. No segundo, acompanhamos a sua agonia por saciar o desejo/vício de matar, buscando alguém que se enquadre em seu minucioso código ético (invertido?), adaptado pelo pai adotivo que o levou a ser policial. Para além de eu perceber, a cada episódio, que o roteiro da série se desdobra em fórmulas repetitivas de mais ou menos cinqüenta minutos de duração, não tem como eu não me chocar, surpreender, escandalizar com a coragem dos produtores em levar à frente um tema tão controverso quanto este, um personagem tão delicado quanto aquele maravilhosamente protagonizado por Michael C. Hall. Digo mais: é muito visceral o grau de identificação (pró ou contra) que toma meu cérebro e meu corpo sempre que Dexter Morgan confessa seu fastio sexual, seu completo desinteresse pelos intercursos eróticos, a inexistência de detalhes masturbatórios em sua biografia anunciada, etc.. No episódio que vi ontem, inclusive, o que menos incomoda o personagem é a impotência sexual propriamente dita, mas sim a cobrança sexual de ordem social, a suposta necessidade de ter que provar algo a outrem: de que pode ser normal, quando ele não se sente assim. Digo mais: com todos os defeitos evidentes deste seriado (conforme sói acontecer com muitos outros), ouso insistir que ele é genial! Recomendo, de paixão.

Wesley PC>

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