quarta-feira, 11 de agosto de 2010

UM DESABAFO NECESSÁRIO (E INCOMPLETO):

Ontem à noite, eu fui ao cinema, depois de um mês evitando este prazer. Evitando por dois motivos diversos: 1 – Não tinha dinheiro para o ingresso; e, principalmente, 2- não tinha motivação suficiente para investir nos filmes atualmente em cartaz. Até que o mais recente filme do petulante Christopher Nolan estreou com alarido por aqui. Quase todo mundo que eu conheço tinha se derramado de amores pelo filme. Caberia a mim a tarefa de expor insatisfações? Coube!

Porém, não falarei sobre o filme no sentido lato (já o fiz aqui), mas sobre um efeito mnemônico preocupante desencadeado por uma cena em particular – genial, diga-se de passagem: em dado momento do roteiro, a equipe de inserção de idéias em sonhos alheios comandada pelo personagem de Leonardo DiCaprio requisita um químico com experiência em sedativos, sendo que, quando o mesmo é encontrado, ele revela que já participa de um esquema ilegal de imersão de pessoas em sonhos propositalmente compartilhados, estando as mesmas insatisfeitas com a vida real e morosa que levam. Em outras palavras: a atividade onírica é vendida como droga no filme, vendagem esta que retorna em mais de uma situação, inclusive naquela que explica o porquê de o protagonista ser tão atormentado com a morte de sua esposa.

Mesmo sem ter gostado tanto do filme em questão, a cena descrita mexeu comigo, fez-me sentir pungido a confessar uma situação familiar nova que muito me atormenta, antecipada num texto que redigi noutro ‘blog’: como todos sabem, tenho irmãos que abusam de substâncias químicas que causam dependência. O mais novo deles, porém, entrou recentemente num processo de consumo de ‘crack’. Exerce suadas atividades remuneradas durante a semana e, aos sábados, gasta todo o salário que recebe em pouquíssimas horas, consumindo várias pedras consecutivas da droga, que lhe causará seriíssimas dores físicas no dia seguinte. Como importamo-nos com o bem-estar dele, preocupamo-nos bastante com o grau de insuportabilidade que ele enfrenta a fim de suportar a abstinência de tal droga. Mas, como não deve ser difícil de prever, sentimo-nos impotentes em lidar com tal situação: como ajudá-lo sem julgá-lo? Como?

No sábado passado, a situação chegou a um estopim descontrolado: meu irmão tinha deixado o dinheiro que recebera guardado com minha mãe. Retirou uma parcela, comprou as tais pedrinhas satânicas e, às 2h da madrugada, contorcia-se no meio da sala querendo mais. Minha mãe recusava-se e os dois começaram a gritar na varanda: ele suplicava por mais dinheiro, ela implorava para que ele fosse dormir. Ambos estavam à beira de chorar, enquanto eu quedava-me diante do computador, sem saber como interceder. Por sorte, minha mãe obteve êxito em sua súplica e ele foi dormir, sem envenenar seu corpo com as substâncias tóxicas contidas no ‘crack’, mas, no outro dia, minha mãe me pediu: “Wesley, dê uns conselhos para teu irmão, ajude-o a sair desta”. Eu tento, eu juro que tento, mas... É difícil! Como fazer isso sem julgá-lo?

(texto em progresso – estou vivendo o drama ainda!)

Wesley PC>

Nenhum comentário: