segunda-feira, 13 de setembro de 2010

UM NOVO INTERESSE PASSIONAL NÃO FAZ ESQUECER UM ANTIGO AMOR...

O cineasta francês Claude Chabrol faleceu ontem, aos 80 anos de idade. Dos 71 filmes por ele dirigidos, vi poucos, mas não poderia deixar passar em branco esta data de luto para o cinema mundial, em que um dos idealizadores e apaixonados membros da ‘nouvelle vague’ partia deste mundo. Queria muito, aliás, dispor de mais memórias acerca de seu estranhíssimo filme recente “Uma Garota Dividida em Dois” (2007), cujo título aparentemente óbvio só é explicado no surpreendente final, que vai muito além dos embates amorosos envolvendo a jovem protagonista, o empresário 30 anos mais velho por quem ela se apaixona inicialmente e o rapazola rico e mimado que atrai sua atenção. Claude Chabrol não se contentava com os truísmos de um triângulo (ou quadrilátero) amoroso. Para ele, o que interessa nas relações sexuais são os jogos de poder aí envolvidos, o que explica a sua sisudez insistente em filmes igualmente estranhos ao nível de “A Comédia do Poder” (2006), protagonizado pela mesma Isabelle Huppert que se destacara no extraordinário e bizarro “Mulheres Diabólicas” (1995) e suas ambigüidades supra-lésbicas. Porém, dentre os poucos e ótimos filmes dele que eu vi, nenhum se compara a “Ciúme – O Inferno do Amor Possessivo” (1994), sobre um homem paranóico que persegue sem piedade sua bela mulher, por quem ele sente tanto ciúme, que ignora lancinantemente a sua defendida fidelidade. Identifiquei-me tanto à época e, agora que me percebo cada vez mais como um homem ciumento, tenho muito medo e vontade concomitantes de rever esta preciosidade. Claude Chabrol não está mais entre nós. Descanse em paz!

Wesley PC>

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