quinta-feira, 21 de outubro de 2010

“CONFISSÕES DE UMA MÁSCARA”: IMPRESSÕES INICIAIS

Depois de ter me desentendido com este tal Yuri, sou obrigado novamente a atendê-lo: “e então, não vais tirar nenhuma piadinha comigo, não? Ah, já sei. Tu não podes porque estás em horário de trabalho”, disse-me ele, um tanto compungido. Respondi-lhe com um sorriso sincero, demonstrando-lhe que não sou rancoroso. E pedi-lhe um livro emprestado. Na segunda-feira última, ele atendeu ao meu pedido. E, neste exato momento, comemoro a leitura do primeiro capítulo de “Confissões de uma Máscara” (1949), primeiro romance de Yukio Mishima.

Nunca havia lido nada escrito por este autor até então, mas já era fã de sua obra desde a infância, em virtude da pungente identificação trágica que eu demonstro em relação à biografia pessoal do mesmo, graças a um filme difícil sobre ele, a que assiti na infância. Sei que ele cometeu ‘seppuku’ em 1970. Sei que ele era homossexual. E sei que ele tinha causas políticas defendidas ao extremo da martirização. Era-me suficiente e, na página 12 da edição que se encontra agora em minhas mãos, uma epifania:

“As calças justas delineavam nitidamente a metade inferior de seu corpo, que se movia com agilidade e parecia vir diretamente na minha direção. Uma adoração inexprimível por aquelas calças nasceu em mim. Não compreendi por quê. Sua ocupação... Naquele instante, do mesmo modo como outras crianças assim que atingem a faculdade da memória querem ser generais, fui invadido pela ambição de me tornar um carregador de fezes noturnas”.

Mordi a isca!

Wesley PC>

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