domingo, 17 de outubro de 2010

CONTRADIÇÕES DO “JOGO DO CONTENTE”:

O que é “ser bom”? O quão aplicável é, hoje em dia, o princípio do “não faça com os outros aquilo que tu não gostarias que fizessem contigo mesmo” ou vice-versa? E se as pessoas para as quais endereçamos nossos bons sentimentos não souberem retribuir nossos atos, isto interfere em nossa decisão de repeti-los? Vá e não peques mais”, disse o filho do Senhor a uma mulher prestes a ser apedrejada por adultério. O que teria acontecido com ela depois?

Na manhã de hoje, imbuído deste tipo de sentimento, reflexão e saudades, assisti ao clássico “Pollyanna” (1919, de Paul Powell), baseado no famoso livro de Eleanor H. Porter, sobre a órfã feliz que promete à sua falecida mãe e ao pai moribundo que será feliz haja o que houver contigo. E há! Ela é levada para vive com uma tia solteirona e rabugenta depois que o pai morre, suporta frio, mormaço e más condições climáticas variadas, apaixona-se ainda em tenra idade e é vilipendiada por seu pretendente imaturo e é, finalmente, atropelada quando tenta salvar uma garotinha de ter o mesmo destino. Ficará ela paralítica até o final?

Para além das boas intenções inquestionáveis do filme, Pollyanna é uma criança. Interpretada pela oportunista Mary Pickford, uma falsa jovem que se tornou uma das primeiras grandes milionárias de Hollywood, a protagonista mata uma mosca com o discurso de que, assim, está adiantando a sua chegada ao Céu e, noutra cena, força um cachorro a puxar ela e um bebê num simulacro de carroça. Isto é ser boa? Isto é aplicar o “jogo do contente”? E se eu disser que ela não sabia que estava fazendo o mal ao praticar estas ações, que nem os clérigos que estimulam a matança de peixes e perus na Semana Santa e no Natal, respectivamente? Quem sou eu para julgar?! Meus valores são bem outros...

Lembro agora de um episódio do seriado televiso “House”, em que uma personagem feminina diz que a natureza é tão sabia que acrescentou o gozo mais desejado de todos ao sexo, a fim de que não percebêssemos o quanto esta atividade instintiva é repleta de nojo e violência. Eu é que não discordo disso (risos). Eis uma forma mui acessível de fazer o bem e receber o mesmo bem em retorno!

Wesley PC>

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