sábado, 9 de outubro de 2010

MAIS UM A COMENTAR COM ENTUSIASMO CRÍTICO “MÚSICA DE BRINQUEDO” (2010), NOVO DISCO DO PATO FU:

Acho difícil ouvir este disco e não ficar entupido de vontade de escrever páginas e páginas sobre ele. Não é só música, é um projeto bem mais estruturado que o “Adriana Partimpim” (2004), da Adriana Calcanhotto, por exemplo, mas com um ponto de partidas semelhante: regravações de músicas consagradas pelo público, em versões adaptadas à leveza do público infantil. As diferenças positivas em relação ao Pato Fu – que não implicam, necessariamente, numa crítica negativa à Adriana Calcanhotto, também muito conceituada: a escolha das canções a serem regravadas pelos mineiros segue uma coesão roqueira pontual e o modo como eles fazem isso, idem. Apenas brinquedos infantis são utilizados pela banda e a voz absolutamente doce de Fernanda Takai é acompanhada por crianças hiperativas. Uma fofura!

Sou fã da banda e tenho todos os seus discos, mas estava deveras relutante em baixar este novo disco. Motivo: fiquei com medo de que fosse muito mais “projeto” do que efetivamente “música”. Até que li um textinho dum amigo que se sentira pessoalmente tocado pelo “tchu-tchu-tchu-tchu” do coral infantil na regravação de “Ovelha Negra”, da Rita Lee. Confiei na sensibilidade dele e, não deu outra: de imediato, fui e baixei o disco. Senti a mesma emoção que ele sentiu, mas uma impressão interrogativa diferente me tomou: será que aquelas crianças estavam realmente cantando porque queriam? Elas realmente gostam daquelas canções? Pode ser psicose minha, mas não consegui deixar de pensar nisso sempre que algum gritinho pueril invadia alguma das canções...

Logo no começo, “Primavera (Vai Chuva)” numa versão engraçada; “Sonífera Ilha”, do Titãs, pareceu mais difícil de ser levada a cabo, mas também está muito engraçada; “Rock and Roll Lullaby” inovou pouco em relação ao original; e “Frevo Mulher”, do Zé Ramalho, genial, demonstra que devemos prestar atenção a este disco para além de sua excentricidade: ele é bom enquanto disco mesmo. Muito bom, aliás! Posso não ter gostado tanto da atualização de “Todos Estão Surdos”, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos, mas o que aqueles gurizinhos fazem com o refrão composto por Paul McCartney para um filme de 007 em “Live and Let Die” me fez sentir bem, muito bem. Disco muito fofo. Recomendo de coração! E olha que ainda não cheguei ao final do disco (risos)...

Wesley PC>

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