quarta-feira, 27 de outubro de 2010

“OLHA SÓ QUE MARAVILHOSO: ESTAMOS RESPIRANDO! É AR! TUDO GRAÇAS A ESTAS FOLHAS VERDES”!

Assisti a “A Última Mulher Sobre a Terra” (1960, de Roger Corman) numa cópia colorida e, ao que me consta enciclopedicamente, o filme é colorido mesmo. Mas... Porque as imagens mais contundentes desta produção são divulgadas em preto-e-branco? Economia?

Que palavra bonita: economia. Segundo Michel Foucault, as origens desta palavra remontam à organização grega do senso doméstico de família – e é sobre isto que o genialmente econômico filme citado versa: economia + família em contexto de catástrofe. Trama básica do filme: um estranho envenenamento faz com que apenas um casal rico e um advogado permaneçam vivos na Terra. Típica situação “dois homens e apenas uma mulher. Como vamos lidar com isso?” que surpreendeu-me ainda mais quando descobri o contexto de produção: o diretor só foi convencido a filmar esta pequena jóia B norte-americana porque a equipe já estava em Porto Rico. Como o roteiro do filme ainda não estava pronto quando começaram as filmagens, o que foi que ele fez? Contratou o roteirista Robert Towne como ator e este improvisou duplamente, engendrando uma das mais subestimadas produções sub-hollywoodianas que já vi. Sinto-me obrigado a divulgar este filme. Quase uma obra-prima. Rosseaunismo em estado bruto! E é tudo tão verde...

Wesley PC>

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