terça-feira, 26 de outubro de 2010

QUERIA APROVEITAR ESTE GANCHO PARA FALAR SOBRE OUTRO ASSUNTO, MAS... CADÊ CORAGEM?

Em outras palavras: estou desesperado! Mas não é um desespero meu. Eu poderia estar bem – ou, no máximo, surtando! – mas enfrento com relativa dignidade exibicionista meus arroubos de infelicidade, o que me deixa inane quando os arroubos de infelicidade estão relacionados a pessoas que amo e que me impedem de ajudar. Sincera e definitivamente, não sei o que fazer!

Já comentei nalgumas oportunidades recentes que minha mãe anda a desandar em crises de choro pela casa. E, por mais que eu me preocupe com ela, lágrimas silenciosas não me comovem. Perguntei-lhe insistentemente por que ela chorava, mas ela não me respondia. Irritava-se e chorava mais e mais. E, em resposta à irritação dela, irritei-me também. Disse-lhe: quer chorar, chore! Exploda de chorar, mas fique sabendo que isto ao me comove”. Mas comove. Ou acho que comove, não sei. Fico preocupado. Amo-a!

Absolutamente perturbado pelo inusitado entretecimento desta mulher, escrevi alguns lamentos em minha agenda pessoal e especulei sobre algumas hipóteses justificativas de sua tristeza, mas não posso revelar aqui. Não ainda, por enquanto, o que me leva a refletir mais detidamente sobre que direitos ou deveres justificam que um comunicólogo revele ou não revele um aspecto essencial sobre algo, que pode ou não pode ser notícia. Sou formado em Comunicação Social, com Habilitação em Rádio e Televisão. Poderia muito bem ser um repórter, se minhas idiossincrasias ideologicamente consolidadas não me fizessem entrar em conflito estridente com os detentores do poder midiático em Sergipe. Não me arrependo disso. Como diria Luis Buñuel: “antes morrer de fome do que favorecer a prostituição da arte”.

Vasculhando algumas fitas VHS antigas, quase em completa decomposição por fungos, encontrei algumas reportagens que eu apresentei, escrevi e pesquisei, no intuito de ser aprovado em algumas disciplinas laboratoriais. Numa delas, eu elogiava a funcionalidade do setor em que trabalho (o Departamento de Administração Acadêmica da UFS). Noutra, eu comentava a satisfação dos estudantes sobre as reformas espaciais da Biblioteca Central da mesma universidade. Numa terceira, esta vista em fotografia, eu posicionava-me diante do Auditório da Reitoria e entrevistava alguns alunos sobre o que eles acham dos filmes exibidos semanalmente no projeto Cinema do Campus, ao qual estou agora anonimamente vinculado. Num momento, posterior da mesma reportagem, eu entrevisto a mim mesmo enquanto contraponto exibidor de filmes alternativos na UFS. Falo muito sobre mim mesmo! Entrevisto a mim mesmo, pesquiso sobre mim mesmo, mostro demasiadamente a mim mesmo e, neste processo, não raro eu arrasto outras pessoas comigo. Na noite de ontem, por exemplo, fiz alarde acerca do odor de pomada que exalava do peito de uma amiga querida, que padece de alergia dérmica. Enquanto escrevo estas linhas, penso ainda em minha mãe, no que eu poderia fazer para consolá-la e, neste exato segundo, ela deixa uma manga-rosa grande e uma faca pequena, ambas delicadamente pousadas num prato de vidro transparente, aqui do lado do computador no qual escrevo. Ela se preocupa comigo. Eu me preocupo com ela. Isto é notícia? Para mim, é!

Wesley PC>

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