terça-feira, 26 de outubro de 2010

SEGUNDA POSTAGEM SOBRE “HARAKIRI” (1919, DE FRITZ LANG), AGORA DEPOIS DE VISTO!

Eu estava pensando em apagar a fotografia anterior e pôr esta no lugar, mas achei melhor escrever novamente sobre este filme, visto que, depois de visto, ele me fez pensar em aspectos diferentes daqueles que eu antevia por ser fã da ópera de Giacomo Puccini. A versão de Fritz Lang não é baseada na ópera, mas numa peça germânica, com algumas diferenças significativas em relação à trama original. Poucas, mas significativas. Substituir o militar norte-americano por um oficial europeu, por exemplo, e adicionar a esta substituição o fato de que o pai da protagonista era um visitante contumaz dos países ocidentais redimensiona o caráter da tragédia, fez com que eu enxergasse o filme mais pelo parâmetro global pós-moderno(o que não deixa de ser um julgamento deveras anacrônico) do que por aquilo que o filme tem de essencial: a tragédia. A cena que agora anexo como comentário imagético a esta postagem que o diga: a cena da vã espera. Quando sabem que o amado Olaf está de volta ao Japão, a graciosa O-Take-san, uma serviçal solícita e seu filho pequeno quedam-se à janela, ansiando pelo momento em que o pai deste último atravessará a porta. Mas, quando o faz, a mãe do garotinho já estará morta, e o pai estará casado com outra mulher. Talvez ele não tenha alimentado esperanças, mas apenas aberto espaço para a projeção romântica, através da qual ela mergulhou num poço infindo de depressão e espera, que redunda em belíssimos planos com a protagonista de pé diante do mar, aguardando a chegada de navios alemães ao porto japonês. Para ela, talvez fosse melhor que ele não retornasse... Realidade e ilusão passional podem ser coisas tão diferentes! Queria aproveitar este gancho para falar sobre outro assunto (na pior das hipóteses, até mesmo sobre o amadurecimento estilístico do diretor em obras posteriores), mas... Cadê coragem?

Wesley PC>

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