segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A DOCE RESSACA DA LAVAGEM DE PRATOS PÓS-HÚNGARA:

Quem me conhece de perto, sabe que possuo duas fraquezas “pimbas”: músicas balcânicas e filmes eslavos. Nesse sentido, quando fui enciclopédica e pessoalmente apresentado ao filme húngaro “Os Meninos da Rua Paulo” (1969, de Zoltán Fábri) e ao disco mais recente da romena Miss Platnum [“The Sweetest Hangover” (2009)], fiquei surpreso comigo mesmo ao me decepcionar com ambos os produtos culturais, Se, no caso do filme que meu caro Rafael Maurício tanto aprecia, o que me dificultou o favoritismo foi um distanciamento nostálgico em relação à belicosidade infantil dos protagonistas, que brigaram em vão por um terreno baldio mais tarde tomado pela construção civil, no caso do disco recomendado por meu xará Wesley Soares, desgostei da felicidade ‘pop’ promulgada pela diva romena, que canta em inglês todas as canções. Porém, há um curioso ponto de contato entre ambos os produtos culturais, que me pareceu deveras relevante nesta noite de segunda-feira: se no disco de Miss Platnum há uma boa regravação da famosa canção “Babooshka”, de Kate Bush, no filme do Zoltán Fábri é assim que os garotinhos se tratam entre si: “Babushka”, palavra que, em russo, quer dizer “vovô”, mas que as legendas brasileiras habilmente traduzem como “velhinho”.

Quando terminou o filme, fiquei com uma estranha vontade de lavar pratos. Repito: queria tanto lavar pratos quanto eventualmente quero fazer sexo oral ou comer pipocas, atividades estas que, se tiver sorte, planejo pôr em prática ainda nesta noite. E, enquanto eu lavava os pratos, escutava novamente o tal do “The Sweetest Hangover” e, tal qual me aconteceu da primeira vez, achei o disco apenas mediano, por mais que a cantora entupa algumas faixas com trompetes ciganos que muito me seduzem. Antes de terminar esta lavagem de pratos, porém, visitei uma vizinha e esta me perguntou o que era democracia (juro!) enquanto uma amiga trançava seu cabelo e eu me esforçava para explicar a uma garotinha de 4 anos que a letra J é aquela que se parece com a perna de um guarda-chuva. E, nesse contexto explicativo, talvez “Os Meninos da Rua Paulo” seja discursivamente útil, se bem que, em minha opinião, ele seria bem mais efetivo se tivesse uns 20 minutos a menos de duração ou fosse mais dramático do que pretensamente aventureiro. Se eu tiver tempo ainda este ano, verei o que acontece se este filme for assistido em grupo. O CD, por sua vez, é bem mais grudento, mas nem de longe está cogitado para se tornar uma de minhas opções dançantes favoritas. Deve ser porque eu não bebo (risos), apesar da ressaca que a artista descreve ser bem mais ampla do que uma interpretação rasa do título nos levaria a supor...

Wesley PC>

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