quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O MOTIVO – PARTE I: POR DENTRO, MINHA CABEÇA DÓI!

“O que os ávidos espectadores esperam das confissões públicas das pessoas na ribalta é a confirmação de que sua própria solidão não é apenas tolerável, mas, com alguma habilidade e sorte, pode dar bons frutos. [...] Ao ouvir as histórias de infância infeliz, surtos de depressão e casamentos desfeitos ficam seguros de que viver em solidão significa estar em boa (e muito célebre) companhia e de que enfrentá-la por conta própria é o que os torna membros de uma comunidade”. (BAUMAN, Zygmunt. Comunidade: a busca por segurança no mundo atual. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2003. página 64)

E, por mais que eu admita não gostar deste sociológico polonês, entrar em contato fortuito com esta passagem de suas reflexões sobre o consumo pós-moderno enquanto assistia a duas vizinhas que tentavam realizar uma homenagem fotográfico-nostálgica para uma amiga aniversariante cujo pai se enforcara fatalmente quando ela era criança é um convite à ação. Por um minuto (mais um!), era como se eu tivesse certeza de que sabia por que eu me exponho tanto. E ainda faço tão pouco. E ainda tenho tanto para contar. E é tão pouco. Tudo se resumiria àquelas manchas vermelhas implantadas na radiografia de meu crânio aos 10 anos de idade...

Wesley PC>

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