domingo, 28 de novembro de 2010

POR FAVOR, ME TIREM DESTA CORRENTE DE ÓDIO, JÁ!

Na tarde de hoje, recebi uma daquelas correntes cibernéticas de ‘e-mails’ que, tendo por finalidade original cadastrar o maior número possível de endereços eletrônicos, disfarça este intento através da transmissão espúria de uma mensagem, que, neste caso em particular, me chateou: pediam que eu assinasse um abaixo-assinado contra futura exibição no Brasil do filme “Corpus Christi: Playing With Redemption” (2011, de Nic Arnzen & James Brandon), sequer finalizado ainda, só porque este filme documenta uma famosa peça de teatro, dirigida por Terrence McNally, em que Jesus Cristo faria sexo com pelo menos 11 de seus apóstolos. É uma peça antiga, mas somente agora parece ter reunido forças para ser convertida em cinema – e eu pessoalmente acho que vá ser um mau filme – adiamento explicável pela polêmica superficial e veemente que provoca onde quer que esta controversa versão da Bíblia seja exibida. Que irritação: em pleno século XXI, ainda há quem se submeta a proibir em princípio este direito básico de liberdade de expressão? E ainda me incluem neste rol de desalmados e dementes?!

Lembro que, em 1999, uma situação vergonhosamente parecida aconteceu próximo de onde eu vivia: na secretaria do colégio em que eu estudei da 5ª até a 8ª série do 1º grau (Colégio Glorita Portugal – São Cristóvão – SE), chegou um abaixo-assinado chancelado pela Igreja Católica, no qual se tentava proibir o lançamento do Brasil da ótima comédia cinematográfica “Dogma” (1999, de Kevin Smith), em que, entre outras supostas heresias, a cantora canadense Alanis Morrissette interpretava Deus. Quase todas as professoras do colégio assinaram o tal documento e, de fato, o filme foi proibido em cinemas do Brasil, só sendo exibido, ainda assim, com muita polemica e frustração, na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e nos Festival de Cinema do Rio. Quando o filme chegou ao videocassete, vi-o três vezes seguidas, de tanto que eu gostei dele. Adiantou tentar proibir? Perguntaram a um padre que tentava angariar assinaturas contrárias à exibição do filme se não era melhor ele assistir ao mesmo para depois emitir um parecer e a resposta foi taxativa (e idiota): “eu não preciso enfiar a minha cabeça num esgoto para saber que fede”. Mal sabia ele que o filme era, de fato, até simpático ao Catolicismo, visto que o enredo garante a redenção para quem acredita nos fiéis disseminadores desta religião. Burrice é algo que me assombra sempre. Quando relacionada à tentativa de proibição das liberdades religiosas, este assombro supera a irracionalidade. Que abominação, meu Deus!

Por isso, insisto: se este ‘e-mail’ pré-proibitivo e ridículo chegar a qualquer um de vocês, emitam uma opinião sobre ele, não o assinem ou o repudiem mecanicamente, protestem, seja a favor, seja contra! O engraçado é que, repito, tendo a crer que desgostarei sobremaneira deste filme, visto que seu enredo privilegia um tipo de polemicismo tipicamente associado aos guetos ‘gays’, mas... Quem sou eu para julgar sem ver (ou cheirar)? Vai que este esgoto seja atolado de perfume...

Wesley PC>

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