segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

DE COMO EU JÁ ERA INFLUENCIADO ANTES DE SER CONFESSADAMENTE INFLUENCIÁVEL...

Antes de dormir, na noite de ontem, assisti a um episódio muito interessante do seriado de TV “Nip/Tuck”, sobre cirurgiões plásticos que se vêem emaranhados em tramas regadas a sexo e altas quantias monetárias, mas que invariavelmente descambam para a valorização da noção mais tradicional de amor familiar. Tratava-se de “Benny Nilsson”, nono episódio da sexta temporada, e o personagem-título era um adolescente sueco que queria ficar parecido com seu pai adotivo para que pudesse arrecadar mais dinheiro num tipo de festa privada em que eles praticavam sodomia incestuosa para prazer voyeurístico grupal. Entretanto, o que mais me chamou a atenção no episódio não foi sequer a condução do tema, cara ao polemicismo do criador Ryan Murphy (sim, ele mesmo, também responsável por “Glee”!), mas o extraordinário uso da trilha sonora durante as operações, que chega ao luxo de incluir “Father Figure”, segunda faixa do clássico disco “Faith” (1987), de George Michael.

Sobre “Father Figure”: esta é uma daquelas canções a que nos habituamos a ouvir com emoção redobrada desde criança, mesmo sem saber do que a letra fala. Baixei o disco ontem mesmo e repeti a faixa várias vezes seguidas. Não somente a interpretação do cantor, polêmico em suas demonstrações públicas de reivindicação sexual libertina (vide a faixa 3, “I Want Your Sex – Parts 1 & 2), é linda, como o próprio conteúdo desafiador da letra me cativou deveras. Poesia extremadamente passional de primeiríssimo quilate:

“That's all I wanted
Something special, something sacred
In your eyes
For just one moment
To be bold and naked

At your side
Sometimes I think that you'll never
Understand me
Maybe this time is forever
Say it can be

That's all you wanted
Something special, someone sacred
In your life
Just for one moment
To be warm and naked
At my side

Sometimes I think that you'll never
Understand me
But something tells me together
We'd be happy”


E, no refrão, o golpe de mestre: querido, eu serei tua figura paterna, ponha tua mãozinha sobre a minha. Eu serei teu professor e pregador, tudo o que tu tiveres em mente, pois já tive crimes suficientes e serei aquele que te ama até o final dos tempos! Assim mesmo, sem aspas, porque eu estou chocado em saber que gosto tanto do George Michael. Passei um bom tempo de minha vida desgostando de sua ‘persona’ midiático-exibitória e agora percebo que ele era um gênio das declarações passionais extremistas. Nada como rever conceitos (risos).

Wesley PC>

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