quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

“MAS EU NÃO ACREDITO QUE HAJA NADA DEPOIS DA MORTE”, DISSE A CIGANA LUCÍA.

Carmelo amava Candela desde criança, mas ela fora prometida em casamento a José, ainda na infância. Conformada às tradições de seu povo, ela calha de se apaixonar pelo marido, que, afinal é infiel, apesar de amável, e, dentre outras, tem um caso perene com Lucía, que, por sua vez, nutre afeto por Carmelo, que ama Candela desde criança. Numa festa, José entra numa briga ao defender a honra amante de Lucía e é esfaqueado. Os policiais chegam, Carmelo e candela chegam. Ele é injustamente preso por assassinato. Ela crê que, se invocar seu marido morto todas as noites, ela aparecerá para ela e lhe será fiel após a morte. E este é apenas o ponto de partida para “Amor Bruxo” (1986, de Carlos Saura), belíssimo filme profilático sobre dança flamenca que vi na noite de hoje.

Neste belíssimo filme profilático sobre dança flamenca, uma cigana mais velha diz a Candela que somente o fogo afasta os mortos e, aos poucos, o destino ajuda o recém-libertado Carmelo a conquistar sua amada, ainda devota à memória fantasmática de seu falecido marido. É uma pena que, apesar da beleza esplendorosa do filme e do ótimo ponto de partida de seu roteiro, “Amor Bruxo” não é muito bem-sucedido na coesão de suas seqüências de dança, não obstante me deslumbrar em quase todas elas, principalmente no diálogo rítmico das ciganas que estendem roupa e comparam o desejo instintivo que um homem sente por uma mulher a um passarinho que procura um ninho. E elas acrescentam: “meu ninho está tão quente e não tem nenhum passarinho para me confortar. Vem, pega a minha gaiola, que se tu entrares aqui, não te deixo mais sair”. E isto era renascimento. E, estranhamente, fiquei com vontade de baixar algum disco do Djavan...

Wesley PC>

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