quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

NÃO HÁ ESTUPOR QUE CONSIGA DESCREVER O QUE EU SINTO AGORA!

Depois de intermitentes 399 minutos (ou seja, 6 horas e 39 minutos) de projeção, acabo de assistir ao clássico “Os Vampiros” (1915, de Louis Feuillade). Considerado quase unanimemente e com razão um dos melhores filmes de toda a História do Cinema, o que mais me encantou nesta obra-prima é que, para além de sua longa duração, de soluções fílmicas que pudessem estar “datadas” e das expectativas intensivas que eu depositei sobre ela antes de começar a vê-la com um sorriso largo no rosto, o filme é perfeito porque é perfeito mesmo e não porque precisa ser assim. O filme é simplesmente excelente!

Não sei se disponho dos adjetivos suficientes para laurear o que experimento agora enquanto espectador, mas os 10 capítulos deste filme foram belissimamente producentes enquanto criadores de tensão, de empatia, de charme, de erotismo, de torcida policialesca, de qualquer sentimento que alguém possa emitir em reação a um exemplar supremo de realismo poético – concomitantemente comercial e vanguardista – francês. O filme é absolutamente perfeito em toda a sua longa e mui necessária extensão, só vendo-o para entender o que eu tento dizer...

Logo na primeira cena do primeiro capítulo, “A Cabeça Decepada”, um clímax: o jornalista investigativo Philippe Guérande (Édouard Mathé) percebe que documentos importantíssimos foram roubados de sua mesa. Os documentos versavam sobre a organização criminosa que intitula o filme e foram roubados pelo simpático e cartunesco Oscar Mazamette (Marcel Lévesque), que implora o perdão do jornalista, ao mostrar a foto dos seus três filhos, seqüestrados pela organização, razão de ele ter sido chantageado. Philippe o perdoa e nasce, a partir daí, uma grande amizade colaborativa. Além do dono da cabeça decepada, dois importantes personagens morrem tragicamente neste primeiro capítulo, que antecede “O Anel que Mata”, quando somos apresentados à graça da bailarina Marfa Koutiloff (Stacia Napierkowska), logo assassinada também. A culpada dos crimes é a charmosa e exuberante Irma Vep (Musidora, eternizando-se ao vivificar o anagrama de “vampiro” mais sedutor da História), que, ao longo dos capítulos subseqüentes, apaixonar-se-á por um bandido latino que faz breve concorrência com os Vampiros (até ser enforcado na prisão) e, em seguida, intentará casar-se com um tenebroso envenenador, líder definitivo da organização a que ela serve, depois que os dois chefes anteriores (um deles, cognominado como “O Grande Vampiro”, e o outro, como Satanás), até que... Não, não vou contar o final do filme. Juro que as quase 7 horas de sessão valem muito, muito a pena!

Guardarei para sempre as toneladas de clímaxes deste filme, seus personagens dúbios e encantadores, sua reconstituição sonora preciosa, sua direção de fotografia impecável, sua magnificência muda, suas interpretações mágicas, seus jogos impressionantes com as palavras, seu perfeito senso de ritmo fílmico, sua existência perfeita enquanto obra de arte carregada da aura que não mais se confina a um único receptáculo. Obra-prima, pura e simplesmente. Recomendo de pé, com a alma em enlevo!

Wesley PC>

2 comentários:

tatiana hora disse...

tenho que ver este filme!

Gomorra disse...

Concordo contigo.
Tenho certeza de que funcionará tão bem contigo!

Das duas uma: ou tu me ligas e a gente vê juntos (ô sonho)

Ou então, tu baixas o filme por aqui:

http://www.archive.org/details/lesVampires1915Episode1-theSeveredHead

É de graça, legal (risos), rapidinho, e estão lá os 10 capítulos!

Beijo!

WPC>