sábado, 25 de dezembro de 2010

NÃO MAIS UM ESTAFERMO!

Acabo de ver, meio sem querer, a versão fílmica do Robert Zemeckis para “A Christmas Carol”, obra literária do ensebado e bem-intencionado Charles Dickens que já me recomendaram N vezes para ler, em inglês mesmo. O nome do filme era “Os Fantasmas de Scrooge” (2009) e tratava-se, conforme já foi dito, da enésima versão para a conhecida estória do velho avarento que é visitado por fantasmas do Natal Passado, do Natal Presente e do Natal Futuro. Não importa quantas vezes eu já tenha visto esta trama, eu quase sempre gosto dela. Identifico-me um pouco com o tal do Ebenezer Scrooge: detesto Natal! Fui ensinado ou obrigado a tal, desde pequeno, visto que algumas das brigas e dissensões mais violentas de minha família aconteceram durante o que deveria ser a comemoração desta data. Fiquei traumatizado!

Para o meu deleite e surpresa, o que mais me encantou no filme do versátil Robert Zemeckis foram as “brechas” na estória, além do aspecto demasiado sombrio de algumas passagens. Sem contar os personagens que são abandonados, mesmo que sejamos obrigados a sentir tanta pena deles... Personagens que são, acima de tudo, personagens e que, como tal, por mais que nos enterneçamos de suas agruras e possamos evitá-las se tornássemos homens mais felizes, é como se algo ficasse sempre por resolver, como se algo escapasse às nossas forças morais. Como me pareceu egocêntrico aquele desejo infantil final, transformado em canção na voz do Andrea Bocelli: “God bless us everyone”!

Fiquei com uma vontade plangente de ler este livro agora, conforme tanto já me recomendaram. Em inglês mesmo, visto que Charles Dickens tem aquele charme anglofílico clássico e caturra. E, enternecido e amargurado que eu não tenho como deixar de estar, percebo que meu vocabulário adjetivo se renova graças à obra-prima de Eça de Queiroz que leio. Não sou avarento, mas tendo a ficar defensivamente amargo por causa de paixões naufragadas do passado, do presente e, ao que tudo indica, também do futuro. Ou talvez não. Que elas não estão naufragadas coisíssima nenhuma. Tal como diz a criada Juliana ao final do sexto capítulo, “ – ‘Não se pode estar melhor! A barca vai num mar de rosas’. E acrescentou, com uma risadinha: - ‘E eu ao leme!’”. Quem me dera... Que Deus me proteja e que nos abençoe, a cada um de nós!

Wesley PC>

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