sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

O LUGAR PARA ONDE (NÃO) VÃO OS AMORES NÃO-CONCRETIZADOS DO PASSADO:

Uma das cenas mais genais – dentre a completude da genialidade ali contida – do filme “Oito e Meio” (1963, de Federico Fellini) é quando, num delírio, o protagonista mulherengo passeia pro seu harém mnemônico, onde todas as mulheres por quem se apaixonou em vida acotovelam-se por um pouco mais de espaço e tempo na memória do personagem. Prostitutas gordas da infância, primeiras namoradas, esposas, amantes fúteis, bailarinas de cabaré, romances intelectuais, fetiches eróticos, todas se misturam no subconsciente do protagonista, que, em dado momento, precisa fazer uso de um chicote para domá-las: não importa quantas vezes eu reveja esta cena, ela sempre me impressiona!

Pois bem, há pouco vi um filme de terror, erótico e muito bonito, chamado “Frankenstein de Andy Warhol” (1973, de Paul Morrissey), em que, numa cena particularmente afetiva, o médico protagonista atira num canto os restos de belos cadáveres masculina que utilizara numa experiência de reconstrução da vida humana e isto fez com que me sentisse um pouco que nem o Guido Anselmi (Marcello Mastroianni), do filme anterior: não seria mais ou menos como se vê na foto o meu harém de amores não-concretizados?

Quando eu estava saindo da UFS, na noite de hoje, um rapaz sorridente me cumprimentou. Demorei um tempo (2 segundos demorados) para reconhecê-lo e, quando dei por mim, sabia quem era: Ramon, o primeiro rapaz que pareceu compartilhar minha obsessão platônica por outrem. Pareceu, friso. Durou três meses de aparência. Fui feliz nesta época. Ou pareci. 2005. Depois dele, oficialmente, houveram mais ou menos quatro. A todos estes, declarei (e declaro) amor incondicional. Digo que é impossível desamá-los. E é, de verdade. Mas eles passam. Não os vejo mais, outro surge e empata no que sinto pelos anteriores, mas não os desamo e nem amo menos o atual por causa disso. Difícil de explicar? Difícil de entender? É a lógica do amor platônico extremado: arriscar, torcer para que um dia dê certo, mas não dá. Comigo, nunca dá. Por isso, a igualdade minuciosa na totalidade de meu amor, afinal dividido entre mais de uma pessoa. É possível, Deus me ensinou!

Coincidentemente, quando elogiava as características encantadoras do rapaz que atualmente me obseda, um amigo virtual promíscuo comentou: “em breve tu estarás substituindo-o. Viver é uma permanente ciranda de novos amores” (ele não usou estas palavras, esta é a minha transmutação poética de suas palavras vulgares, porém sinceras). Nunca substituí ninguém, não creio em substituição. Eles se acumulam, num coração que, mesmo devotado ao infinito passional, sempre cabe mais um ou uma ou vários. E, se fosse por mim, haveria apenas um, por todo o sempre, mas... Quem sou eu quando se trata de assuntos de amor?!

Wesley PC>

2 comentários:

tatiana hora disse...

essa cena é ótima mesmo!
não quero nem imaginar como seria meu harém kkkkkkkk
e, assim como seu amigo, eu substituo.
é triste, mas é verdade!

Pseudokane3 disse...

Eu NÃO substituto, definitivamente NÃO! Eu adiciono. E sinto saudades. E amo, amo e amo!

Tu inclusive, querida Tatiana!

WPC>