terça-feira, 21 de dezembro de 2010

SABE QUANDO NÃO SE ACREDITA APRIORISTICAMENTE, MAS SE INTERPRETA CORRETAMENTE ASSIM MESMO?

Hoje eu tive um pesadelo esquisito (pesadelos costumam ser esquisitos!): um rapaz lacônico e de cabelos compridos – com o qual até tento conversar de vez em quando, mas discordamos veementemente no que tange a alguns posicionamentos de prática política – assistiu ao filme feminino “Flores de Aço” (1989, de Herbert Ross – ainda não visto por mim) durante uma viagem de barco e ficou sem entender o que o filme quis dizer. No pesadelo, o filme tinha 180 minutos de duração e eu já o tinha assistido várias vezes, de maneira que tentei explicar o conteúdo do mesmo ao rapaz com base em explicações subliminares sob o uso discursivo do conceito filosófico de “tabula rasa”, que, em termos enciclopédicos, implica em dizer que o homem nasce como se fosse uma “folha em branco”, de maneira que seu aprendizado é prioritariamente baseado no recurso da tentativa e erro, na experimentação propriamente dita. O empirista John Locke (1632-1704) explicaria melhor este conceito em suas obras. A mim, restou apenas ser despertado apavorado de um uso obliquo no interior de um sonho!

Passado o susto inicial, pude perceber que os elementos deste pesadelo real advieram de eventos que marcaram a minha noite branda de segunda-feira. Assisti ao filme “Criatura do Mar Encantado” (1961, de Roger Corman – este da foto), ‘trash’ por excelência, cujo roteiro mescla política contra-armamentista com romances insulares com tramóias de contra-espionagem com um monstro marítimo fubenga que se alimentam de carne humana e ouro. Tem como não se despertar de pesadelos depois de se assistir a um filme destes?!

Num intervalo auto-atribuído a este filme, saí de casa e visitei um vizinho febril, que bateu a porta de seu quarto, irritado por causa da dor física que sentia, largando-me sozinho no meio da sala, enviando mensagens de celular a um moço que estava justamente sendo acusado por mim de ser lacônico. Ele respondeu-me da seguinte forma: quanto mais lacônico, menos espaço para o erro. Frases curtas, pra que mais?”. Eu discordo. No mesmo momento, escrevi-lhe um texto enorme, defendendo o erro enquanto experiência gnosiológica, assumindo a mim mesmo como demonstração efetiva da validade conceitual do que Edgar Morin chamava de “hipercomplexidade”, a capacidade cerebral de reagir beneficamente, através da criação de novas sinapses, a estímulos objetivamente determinados como sendo “erros”. É assim que eu (sobre)vivo, aliás. Errando e errando! Por isso, tenho pesadelos como este... E depois venho aqui, relatá-los!

Wesley PC>

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