sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

L. S. D.: LO-LOUVA-LOUVADO SE-SEJA DEUS!

“Nobody knows the troubles I've seen
Nobody knows my sorrows
Nobody knows the troubles I've seen
Is such a dark tomorrow
Is such a dark
Tomorrow”


Pode parecer conservadorismo de minha parte, mas acho complicado enaltecer as vantagens dos ditos “amplificadores do músculo cerebral” sem temer recair numa apologia disfuncional do que eu entendo como drogas. Qualquer possível análise da carreira do genial músico Arnaldo Baptista perpassa por este temor, conforme fiquei extremamente contente ao perceber no impactante e surpreendente documentário “Lóki – Arnaldo Baptista” (2008, de Paulo Henrique Fontenelle, já entusiasticamente comentado aqui). Nesta semana, tive o extremo prazer de ouvir várias e várias vezes o ótimo disco “Let It Bed” (2004), mais recente trabalho solo do artista, produzido pelo mineiro John Ulhoa, do Pato Fu. Que belíssima obra de arte!

O álbum se inicia com um delicioso libelo folclórico “Gurum Gudum”, sobre o que acontece com quem pisa no rabo de uma coruja. Depois se segue uma adaptação melancólico e comemorativa de uma canção do desenho animado “Pica-Pau” sobre loucura benquista, depois um conjunto de faixas inventivas, divertidas, repletas de nonsense e conhecimento de causa sobre os ditos “níveis de expansão”, visto que não foram poucos os depoentes no documentário que destacaram os efeitos negativos do sobejo de acido lisérgico na mente do cantor e compositor. Tão engraçada e convidativa a sua vozinha triste e cansada de sobrevivente de tentativa de suicídio...

Difícil escolher a melhor canção: aquela falta de rima, aquelas frases aparentemente sem nexo (“lambidas na utopia”, por exemplo, acompanhada da devida onomatopéia), aquelas declarações de amor tão prenhes de encanto (“Cacilda” é uma obra-prima!), aquela vivacidade tão divertida... Quase lamentei por ter demorado tanto tempo para ouvir (e sentir e viver) esta maravilha de disco. Tanto é que encerro esta postagem com uma transcrição emocionada da letra de “Encantamento” (faixa 11):

“Ênfase dou ao afeto, contente com o tente ser feliz
Colecionando selos
ó porque, sou louco e gosto de sê-lo assim.
Como uma gêmea siamesa, que uma das duas cabeças é careta;
A outra...Gosto não se discute!
Psicodeliciosamente, curto o encantamento
Simbiótico”


Louvado seja o "LSD" (neste caso, faixa 03)

Wesley PC>

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