domingo, 30 de janeiro de 2011

NÃO É A MESMA COISA DEPOIS DE MUITO TEMPO, MAS SERÁ SEMPRE A MESMA COISA, POIS ESTA COISA FOI A COISA MESMA UM DIA...

As crianças de minha geração gastaram horas e mais horas de suas vidas diante da tela da extinta TV Manchete vendo o seriado japonês “Esquadrão Relâmpago Changeman”, produzido entre os anos de 1985 e 1986. Lembro que eu particularmente amava este seriado. Graças a um recém-graduado em Rádio/TV da UFS que soube de meu interesse compreensivelmente nostálgico pelo seriado, fui presenteado com um DVD contendo vários episódios do mesmo e, ao reassistir a dois destes episódios ao lado de um vizinho, como achei chato o que vi. O encanto das historietas se perdeu depois de mais de 20 anos e toneladas de fórmulas congêneres enfiadas diante de meus olhos, mas a graça dos personagens (principalmente, dos vilões) não! Como esquecer do tétrico Gyodai, da amargurada Shima, do paspalhão Gata? Revendo os episódios, torcia o tempo inteiro para que os vilões reaparecessem...

Para além da dicotomia planetária entre o esquadrão paramilitar do título e seus inimigos intergalácticos, os dramas pessoais dos personagens, apresentados timidamente em meio às pancadarias repetitivas dos episódios, é que me chamavam à atenção na infância e que me deixaram levemente encantados ainda hoje. Tanto Gyodai quanto Shima, bem como os demais tripulantes malévolos da Nave Gôzma, são meros fantoches chantageados pelo supremo vilão Bazoo. Seus planetas-natais foram destruídos e, como tal, eles são obrigados a servirem ao inimigo se quiserem sobreviver, mas, se me lembro bem, tanto Shima quanto Gyodai reabilitam-se moralmente ao final do seriado.

Se Gyodai, por um lado, era atormentado por sua aparência repulsiva, pela obrigação de ressuscitar monstros abatidos pelos Changemen e pelas dores que sente quando realiza este último feito, Shima era vitimada por um feitiço que a fazia falar com uma estrondosa voz masculina. Ainda sem entender direito os primórdios sexualistas que me atormentavam às vésperas de meus 10 anos de idade, era nela que eu depositava minhas esperanças de compreensão e identificação pré-homoerótica. Revendo-a hoje, não foi diferente: mesmo admitindo que o seriado é ruim visto hoje em dia, emocionar-me-ei deveras ao consumir novamente os 55 episódios desta preciosidade nostálgica de minha infância, de uma época em que sequer tive tempo para ser inocente...

Wesley PC>

2 comentários:

Figueiredo Neto disse...

Amava esse seriado. Só e ver a foto dessa postagem fiquei nostálgico.

Pseudokane3 disse...

Imagina vendo os episódios, então...

Shima e Gyodai são companheiros de longa data!

WPC>