sábado, 22 de janeiro de 2011

OS DISCOS QUE EU COMPREI PELA CAPA #4:

A cada novo dia, constato que estou mais compulsivo no que tange à obtenção de arquivos musicais, ao passo em que devolvo ao mundo (e a mim mesmo) a extrema satisfação que estes arquivos me causam. Nos últimos meses, dentre os trocentos discos novos que ouvi, volta e meia vejo-me postando sobre afetações mui particulares que estes discos me causam, mas cabe aqui destacar alguns dos receptáculos sonoros que mais foram executados por mim nos últimos dias:

“Bande Sonore de ‘La Double Vie de Veronique’” (1991), de Zbigniew Preisner: em verdade, não posso tachar este disco de “novo”, visto que o reverencio desde pequeno, dado que o filme musicado por este polonês demasiado sensível e genial é um dos preferidos e mais marcantes de minha pré-adolescência. Não sei quantas vezes eu já vi “A Dupla Vida de Veronique” (1991, de Krzysztof Kieslowski), mas, a cada nova sessão, uma nova descoberta. E muitas destas descobertas devem-se à beleza inebriante dos acompanhamentos sonoros operísticos que compõem este disco precioso. Um dos detalhes mais inventivos sobre ele, aliás, é que o músico Zbigniew Preisner inventou um ‘alter-ego’ erudito para si mesmo, o ficcional Van den Budenmayer, compositor holandês que reaparece em diversos clássicos kieslowskianos. Cada uma de suas composições é uma obra-prima e, como tal, não destacarei nenhuma faixa: os trinta minutos de duração deste disco são tão impecáveis quanto uma verdadeira sinfonia!;

• “Youth” (2006), de Matisyahu: em verdade, ainda não ouvi o suficiente deste disco para resenhá-lo com propriedade, mas o inusitado de sua combinação “religião + indústria cultural” é que me serve de chamariz. Para quem não associou o nome à esquisita pessoa ou ao famoso videoclipe da canção-título, Matisyahu é um judeu norte-americano que canta uma variação de ‘reggae’ com fundos hebraicos, letras um tanto ritualísticas e sonoridade múltipla. Vale mais pelo exotismo do que necessariamente pela qualidade sonora (que, afinal de contas, é mediana), mas possui bons refrões e sinceridade em suas preces. Para mim, isto conta muito!;

“Sweet Jardim” (2009), de Tiê: este pequeno disco independente brasileiro é uma verdadeira preciosidade melancólica. A voz da cantora paulistana é de uma suavidade encantadora (lembra bastante uma versão tupiniquim da lancinante Cat Power ou da canadense Feist), suas letras são dotadas de sinceridade autobiográfica e os acordes delicados grudam em nosso cérebro. O disco é uma delícia de ser ouvido, de ser assobiado, de ser sentido. Dentre as belíssimas faixas, a canção de abertura (“Assinado Eu”), o percurso poético-narrativo de “A Bailarina e o Astronauta”, a anglofilia suave de “Gold Fish” e as memórias pessoais emuladas em “Passarinho” são as minhas favoritas, mas o disco todo é um primor! Acho difícil que alguém não o aprecie...

De resto, é isso: música salva vidas!

Wesley PC>

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