sábado, 22 de janeiro de 2011

“TU QUERES NÃO FAZER PLANOS COMIGO?”

A pergunta acima está relacionada a um pedido disfarçado de casamento no interessante filme-chavão romântico hollywoodiano “Casa Comigo?” (2009, de Anand Tucker), visto na tarde de hoje. Apesar de ser protagonizado pela mais do que simpática Amy Adams, este filme foi demasiado subestimado nas bilheterias, creio, visto que eu não o conhecia ainda, e vi-o por mera casualidade, graças a uma colega de trabalho que o baixou há alguns meses. E gostei. Bem mais do que eu esperava, aliás!

Curiosamente, antes de ver este filme, eu estava a explicar a um colega de trabalho como se dá o sutil processo de contrabando de ideologias em filmes comerciais e clicherosos aparentemente inofensivos, acrescentando, porém, que isto não implica em deixar de ver este tipo de filmes, mas, pelo contrário, ser bem mais vigilante em relação a eles e ao que eles intentam transmitir. Em mais de um sentido, portanto, insatisfiz-me com o filme ora comentado, mas, no saldo geral, como ele me pareceu sincero em sua demonstração do que é o amor súbito. Quantos filmes similares não fizeram o mesmo, mas... Algo nesta tal de Amy Adams me encanta! Sem contar que o Matthew Goode, parceiro dela na produção, definitivamente, não é de se jogar fora!

Na trama, ela vive uma decoradora provisória de apartamentos à venda, que anseia para que seu namorado cardiologista há cerca de cinco anos a peça em casamento. Ele é o proprietário de um ‘pub’ irlandês, que se tornou potencialmente rabugento depois que foi traído por sua namorada e seu melhor amigo. Quando os dois personagens se encontram pela primeira vez, temos certeza de que eles estarão juntos até o final, mas, até lá, que belas surpresas preenchem este bom filme!

As surpresas: o título original do filme (“Ano Bissexto”) refere-se a uma tradição local irlandesa, em que, uma vez a cada quatro anos, as mulheres é que pedem seus noivos em casamento, e não o inverso. Este é o ponto de partida para que a protagonista viaje até a Irlanda, onde é questionada pelo motorista que contrata (e pelo qual obviamente se apaixona) acerca do que salvaria de sua casa se tivesse apenas 60 segundos para fugir de um incêndio. Incapaz de responder imediatamente, ela constata ‘a posteriori’ que tem “tudo aquilo com o que sempre sonhou, mas não o que realmente necessita” e, não por coincidência, foi justamente sobre isso que eu conversei hoje, primeiro com o supracitado colega de trabalho e, em seguida, com um amigo casado com quem encontrei no trajeto para casa. Com o primeiro, assumi que a evasão romântica através de filmes hollywoodianos é deveras perdoável e que não é estranho que eu me submeta a ela de vez em quando. Com o segundo, eu fiquei a me perguntar se sou realmente uma boa influência para outrem, considerando a falta de planejamento em longo prazo com que eu conduzo a minha vida. Ao final, eu estou aqui. Gostei do filme: simples, capitalista, defeituoso, prioritariamente venal, porém encantador!

Wesley PC>

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