segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

NO MEU CORAÇÃO, TINHA UMA CHAVE...

Hoje eu fui submetido a exames radiológicos. Por causa da forte dor de sobrancelha que me aflige desde o começo do ano, dispus-me a reservar algumas parcelas de hora numa clínica particular, aguardando a minha vez de ser atendido. Durante a espera, li trechos de um romance argentino em que um homem se apaixona por outro homem mas insiste em se portar como mulher diante dele. O outro homem pergunta por que ele não age como homem apaixonado, já que, de fato, é um homem apaixonado. O homem que age como mulher explica que abraço bom de homem é aquele que vem permeado por um pouco de medo. E, aos poucos, eu concordava com os dois personagens. Com o tempo, eles fodem. Ou fazem amor. Ou sexo, propriamente dito. Um deles pergunta ao outro se está arrependido. Ele diz que não se arrepende de nada, que sexo é algo inocente. E lá estava eu, deitado de bruços, recebendo lampejos radioativos no meio da cara. “Tu vens hoje, receber o teu diploma?”, perguntei. Não, não vou mais”, ouvi como resposta. E nem precisei tirar o chiclete da boca...

Na foto, o nono clímax mortífero da vingança de “O Abominável Dr. Phibes” (1971, de Robert Fuest), quando um organista apaixonado eternamente por sua esposa morta tenciona aplicar contra a equipe médica que considera responsável pela morte dele a fúria das pragas bíblicas do antigo Egito. No momento em pauta, há uma chave no coração de uma criança, que abre a fechadura que impede uma máquina de autodestruição. A fim de que se alcance esta chave, uma delicada intervenção cirúrgica é necessária, mas o desfecho do filme opera numa lógica diferente daquela pretendida pelo protagonista do título. E, no meu caso, até pode ser que a chave esteja no meu coração. Mas é preciso bem mais ou menos do que uma intervenção cirúrgica para arrancá-la de lá!

Wesley PC>

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