terça-feira, 15 de março de 2011

ALÉM DA PERGUNTA SOBRE O SÓFOCLES...

Estava eu numa fila de banco, aguardando a minha vez de ser atendido, quando suspeitei que os atendentes do local me reconheceriam por trabalhar no Departamento de Administração Acadêmica (DAA) da UFS. Por estar em época de (problemas de) matrícula, suspeitei que, sendo reconhecido, seria abordado por uma saraivada de perguntas. Dito e feito: quando chegou a minha vez de ir até o caixa, a atendente olhou para mim e exclamou, reticentemente: “estou te reconhecendo de algum lugar!...”. Quando descobriu de onde eu era, ela fez uma algazarra com os demais funcionários do banco, que também estudam na UFS, e me encheram de perguntas, até que um deles falou, em tom de brincadeira: “vocês, do DAA, deveriam trabalhar até 23h”. Eu, sério: “e eu deveria receber hora extra por cada pergunta que eu respondo fora de meu horário de trabalho”. Foi o suficiente para eles pararem de me importunar, por ora...

Estava no banco para receber uma dada quantia em dinheiro, que seria muito útil a fim de eu continuar me comunicando com um admirado platônico, que, na manhã de hoje, me perguntou quem havia escrito a peça grega clássica “Édipo Rei”. A resposta é Sófocles, mas não pude comentar de imediato. Poderia aproveitar a oportunidade para dizer que esta peça foi adaptada pelo cineasta italiano Pier Paolo Pasolini, em 1967, naquele que talvez seja o seu filme que eu menos goste. Dividido em dois segmentos temporais (prólogo e epílogo contemporâneos, entrecho trágico em cenários antigos), este filme é uma antecipação das obras-primas “Teorema” (1968) e “Medéia, a Feiticeira do Amor” (1969), mas sem o mesmo brilho de ambas, visto que o cineasta ainda estava apurando o seu estilo mui peculiar e crítico. Por outro lado, não tem como não se mostrar espantado diante da grandeza simbólica da trama, cujo protagonista é premonitoriamente condenado a fazer sexo com sua mãe, assassinar o próprio pai e cegar a si mesmo no final. Mesmo não sendo um dos melhores filmes pasolinianos, é muitíssimo bom e, como tal, seria um excelente ponto de partida para uma conversa por escrito com alguém que se ama... Mas, ao invés disso, eu estava numa fila de banco. Humpf!

Wesley PC>

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