domingo, 13 de março de 2011

OS PARÂMETROS DE MINHA SUPOSTA RECLUSÃO:

- “Eu já os perdoei.
- Mas tu tens o direito de fazê-lo? Tu não és a única mulher do mundo. Tu não és sequer a única freira. Teu perdão irá deixar sangue no seu rastro. E se estes caras fizerem algo como isto novamente, a outras mulheres, a outras virgens? Tu tens realmente o direito de perdoá-los?Tu podes carregar este fardo?
- Como muitos outros rapazes pobres, eles foram rudes e pegaram apenas aquilo que eles necessitavam… Eu devo transformar o sêmen amargo em esperma fértil, transformar o ódio em amor...”


Às 23h de ontem, alguém pleno de simpatia me ligou de uma festa para me convidar para ir a outra festa, a ser realizada na madrugada da próxima quarta-feira. Não somente fiquei muito contente com o telefonema, como, por dentro, fiquei me perguntando por que não me convidaram para a festa de ontem também. Nem sabia que meus amigos gomorrenses estavam a se reunir. Queria ter estado com eles!

Na praia, na tarde de hoje, domingo, descobri que não fui convidado para a festa de ontem justamente porque todos os possíveis contatos festivos de que eu dispunha reclamavam que eu estou demasiado recluso nas últimas semanas. Fiquei um tanto chateado ao saber disso. Recluso por quê? Por que estava sem dinheiro para passagem quando me chamaram para ir a um dado lugar? Por que uma enxaqueca mui dolorosa me impediu de sair para me divertir ao lado deles madrugadas a fio? Por que eu não sabia que estavam se reunindo na noite de ontem? Ah, se me chamassem e eu tivesse condições de ir, garanto que faria questão de estar ao lado deles. Humpf! Gosto deles, ora pois. Gosto muito!

“My heart's at your command dear
To keep love and to hold
Making you happy is my desire dear
loving you is my goal”


Enquanto eles se divertiam na festa de ontem, portanto, eu – que não sabia da mesma – ficava em casa, assistindo àquele que talvez seja o melhor filme do diretor Abel Ferrara, “Vício Frenético” (1992), em que um policial corrupto e elogiado por uma inoculadora de heroína por causa de suas belas veias discute com uma freira estuprada por não entender a razão de ela perdoar os dois homens que dilaceraram a sua vagina com um crucifixo metálico. Além disso, o policial cheira cocaína sobre as fotos da primeira comunhão de sua filha, masturba-se diante de adolescentes que pegaram emprestado o carro do pai (mas que não dispunham de carteira de habilitação), atira em aparelhos de rádio quando se irrita com os resultados de um jogo de beisebol e chora diante de uma imagem de Jesus Cristo quando admite que é um mau agente da lei, conforme indica o título original do filme, tão violento e pesado que minha mãe saiu da sala, não suportou tanta dor, tanta tristeza, tanta dilaceração originária do consumo de ‘crack’... Eu vi o filme até o final e achei-o excelente, o que só valorizou ainda mais um tema recorrente do mesmo, a canção “Pledging My Love”, na voz de Johnny Ace, que diz o seguinte:

“I'll forever love you
For the rest of my days
I'll never part from you
Or your loving ways
Just promise me, darling, your love in return
May this fire in my soul, dear, forever burn”


E é mais ou menos que eu diria a um os convidados, só de pirraça e sinceridade, se eu estivesse na tal festa. Mas nada que não possa esperar até quarta-feira...

Wesley PC>

Um comentário:

Boca da Noite disse...

Adoro visitar esse espaço de surpresas. Primeiro li o texto anterior em que você narra sua impressão diante deste autor, Guy de Maupassant, desconhecido por mim e de agora em diante escrito em minha lista de futuras buscas para leituras. Logo depois li sobre sua reclusão, o filme de Abel Ferrara e a trilha sonora de Johnny Ace em que canta I'll forever love you... Baixei o álbum da banda The swell seanson e sem dúvida é linda a música Fantasy man... Quando terei meu homem dos sonhos?