quarta-feira, 9 de março de 2011

SALDO LITERÁRIO DE QUARTA-FEIRA DE CINZAS:


Aproveitei o meu jejum típico de Quarta-Feira de Cinzas para encerrar a leitura de um romance que me extenuava há vários dias. Não por ser ruim, mas por ser árduo, difícil, distante de meus anseios românticos mais pessoais, anunciadamente trágico, afetado, antiquado, arquitetônico em excesso. Não sei bem como explicar, mas não me identifiquei com a trama, me senti excluído das minuciosas descrições de classe que o livro efetiva. Apesar de ser fã do autor Johann Wolfgang Goethe, portanto, definitivamente não incluo “As Afinidades Eletivas” (1809) entre meus livros favoritos!

Por ocasião do jejum supracitado, pude ler em algumas horas da manhã de hoje um volume de páginas superior àquele em que me arrastei por mais de uma semana. E algo na tragicidade sobressalente do desfecho me fisgou, afinal, mais uma das frases repletas de consciência da personagem Ottilie, que se apaixona pelo marido da tia:

A solidão não é refúgio. (...) O refúgio mais precioso é aquele no qual podemos ser úteis. Todas as expiações, todas as renúncias não são de modo algum apropriadas para nos subtrair à sorte funesta, se ela está decidida a nos perseguir. Só se eu tiver de servir de espetáculo a este mundo indolente, isso sim me repugnaria e me amedrontaria. Mas, se me virem alegre no meu trabalho, incansável nos meus deveres, então resistirei a todos os olhares, porque os de Deus não me assustam (em algum momento do 15º capítulo da segunda parte).

Decididamente, os olhares de Deus não me assustam. São estes os que me fortalecem. E solidão não é refúgio, amanhã à tarde estarei de volta ao meu trabalho. Mesmo sem ter gostado adequadamente do livro, ele me perturbou. Vou ver se encontro a versão fílmica realizada pelos irmãos Paolo & Vittorio Taviani em 1996. Quem sabe ali não esteja o sentido que eu insista em procurar...

Wesley PC>

2 comentários:

tatiana hora disse...

engraçado. sempre vi a solidão como um refúgio..

Pseudokane3 disse...

Mais do que um refúgio, é um GUETO - que nem o nojo bar 'gay' apelidado de alquimia (risos)

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