sábado, 16 de abril de 2011

... “AND I THINK TO MYSELF: WHAT A WONDERFUL WORLD!”

Não sei que contingência me levou a este assunto, mas, em dado momento da tarde de ontem, um amigo de trabalho estava a me confessar que, quando estava prestes a realizar um espermograma, não conseguiu ejacular, pois havia muito barulho na sala destinada á masturbação clínica. Coincidentemente, na manhã de hoje, assisti a uma destas pretensas comédias românticas abobalhadas que são lançadas aos borbotões por Hollywood, ano após ano: tratava-se de “Plano B” (2010, de Alan Poul), protagonizado por Jennifer Lopez, atriz/cantora por quem nutro uma antipatia destacável, mas que me pareceu simpática neste filme em razão de algo inusitado no roteiro do mesmo. Inusitado, aliás, é que eu tenha achado inusitado justamente o fato de que, hoje em dia, até mesmo as comédias românticas mais abobalhadas fazem uso de ‘leitmotivs’ antes reservados às produções independentes. Afinal de contas, quando, em minha adolescência, eu cria que assistiria a um filme de grande orçamento, sobre encontros e desencontros proto-maritais, que tinha na inseminação artificial da protagonista o seu ponto de partida? A resposta vem na própria inseminação seminal a que Jennifer Lopez se submete: em 106 minutos de projeção, não há uma só linha dialogística em “Plano B” que mencione a palavra masturbação!

Para além de suas obviedades ideológicas em prol de um conceito nuclear de família capitalista, “Plano B” não somente conseguiu arrancar sorrisos de minha mãe, em cujo colo eu estava deitado e que quase aceitou responder às perguntas que eu lhe fazia sobre a ocasião de meu nascimento: “onde tu estavas quando a bolsa estourou?”, “meus irmãos mais velho tiveram ciúme de mim quando tu engravidaste à beira dos 40 anos de idade?”, etc., etc.. Como sempre, ela conseguiu se esquivar de perguntas inconvenientes que poderiam descambar em algo como “quem é meu pai?”. E, venhamos e convenhamos, uma sub-trama do filme, envolvendo um velhinho de 93 anos que aguarda 22 anos para casar-se com a mulher que ama me enterneceu, em especial, quando uma senhora idosa aparece cantando o sucesso musical cujo refrão intitula esta postagem. Pensando bem, se o filme falasse sobre masturbação, seria eu quem estaria a me desvencilhar das perguntas de minha mãe (risos)...

Wesley PC>

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