Comecei a ler “A Religiosa” (1773), de Denis Diderot, há mais de uma semana. É um romance curto. Na edição que estou em mãos, inclusive, somente 183 páginas separam o final do início. É tudo narrado como se fosse uma longa carta: a protagonista, rebatizada Irmã Santa Susana, narra a um interlocutor defensivo as agruras vivenciadas nos conventos em que fora obrigada a demonstrar uma vocação religiosa que não possuía. Sua mãe traíra seu pai antes de morrer e ela foi o fruto deste adultério. A fim de purificar o erro, ela, a inocente filha do pecado, é lançada num palco de atrocidades cometidas em nome da religião, de uma imitação espúria e malévola do que não deve ser religião. E, num momento dramático, um advogado lança a citação abaixo em julgamento:
“Fazer voto de pobreza é comprometer-se por juramento a ser preguiçoso e ladrão; fazer voto de castidade é prometer a Deus a constante infração da mais sábia e mais importante de suas leis; fazer voto de obediência é renunciar à prerrogativa inalienável do homem, a liberdade. Quem observa estes votos é criminoso; quem não os observa é perjuro. A vida claustral é dos fanáticos ou dos hipócritas”.
Não ouso dizer que concordo com estas palavras enfezadas. Sou um religioso, sou tendenciosamente solitário, sou claustrofílico. Por estas e outras, leio este livro com uma vagareza pensada. Sabe quando se sente dor durante a leitura? Então... Deixa eu ir dormir, que, amanhã cedinho, eu trabalho!
Wesley PC>
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2 comentários:
esse romance marcou minha vida.. li em 2007 e está entre os grandes 20 livros na minha lista.
Periga se tornar um dos meus também, querido Figueiredo!
Dói!
WPC>
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