sábado, 16 de abril de 2011

MAIS UMA NOTÍCIA DE POLÍCIA (POR DENTRO)

Eu suportava digna e tranquilamente mais um dia de trabalho como recepcionista, na manhã de ontem, quando uma colega dum setor vizinho chegou esbaforida em sua sala: ela informara-me que algumas de suas amigas, que estagiavam em colégios do bairro em que moro, foram aconselhadas pela polícia do Estado a saírem de seus trabalhos, em razão da suspeita de que gangues de traficantes ameaçavam entrar em confronto. As três principais escolas públicas do conjunto residencial em que habito foram evacuadas e, hoje, li um comentário de um assessor de comunicação, dizendo que tudo não passara de um trote. Telefonei para minha casa, ontem, e minha mãe dormia: estava com uma dor de garganta tão forte quem nem se preocupou com as sirenes ligadas dos camburões que atravessavam as ruas de nossa vizinhança. Quando cheguei em casa, depois de caminhar um tanto apreensivo pelos lugares de onde supostamente provinham os traficantes, soube que houve um tiroteio a apenas cinco ruas distantes de onde fica meu lar. Meus vizinhos estavam assustados, com as portas trancadas, segundo suposta recomendação policial. E eu não sabia o que pensar: aqueles efeitos da criminalidade alvoroçada e ascendente que não são devidamente percebidos por quem está imerso em zonas de tráfico e consumo de ‘crack’ – tão bem comentado por escritores como Paulo Lins – manifestam-se ao meu redor e eu temo ficar insensível ao problema. Ficar perenemente amedrontado também não me é uma solução válida. O que fazer, então? O que fazer?!

Wesley PC>

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