terça-feira, 5 de abril de 2011

O MELODRAMA ENQUANTO EFEITO PROPAGANDÍSTICO:

Quando eu cheguei ao trabalho, na tarde de ontem, deparei-me com uma notícia de duas páginas num famoso hebdomadário brasileiro sobre a estréia na HBO da minissérie em cinco capítulos “Mildred Pierce” (2011), dirigida por Todd Haynes e protagonizada por Kate Winslet. Estes dois referenciais artísticos eram suficientes para me motivar a assistir a tal minissérie, mas o fato de ela ser uma adaptação renovada de um filme clássico hollywoodiano ainda não-visto também servia como chamariz adicional. Não titubeei: o texto da jornalista Isabela Boscov era tão bem-escrito e empolgado que eu não resisti. Sai às pressas do meu setor de trabalho para chegar em casa a tempo de ver o capítulo de estréia, conforme descrevi aqui.

Para além de todo o entrosamento positivo entre eu e minha mãe durante os momentos que identificamos traços de comparação positiva entre nossa própria história familiar e a da protagonista, cabe aqui um elogio direcionado ao talento directivo de Todd Haynes, que, mais uma vez, presta uma homenagem egrégia ao cinema melodramático de outrora, conforme já fizera em relação a Douglas Sirk no ótimo “Longe do Paraíso” (2002). Agora, o alvo de sua genial paleta dramática é o filme de Michael Curtiz “Almas em Suplício” (1945), em que uma dona-de-casa recém abandonada pelo marido adúltero arranja um trabalho como garçonete e é desprezada pela filha mais velha, numa trama que inspirou a telenovela “Vale Tudo” (1988-1989, de Gilberto Braga. Aguinaldo Silva e Leonor Bassères), em que a personagem de Glória Pires humilha a personagem de Regina Duarte, sua mãe, por ter vergonha de seu emprego como vendedora de sanduíches numa praia. Desde bem antes, preciso ver o filme original, visto que, se for tão bom quanto (ou melhor que) a minissérie atual da HBO, mexerá bastante com meus canais lacrimais inassumidos...

Wesley PC>

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