quinta-feira, 21 de abril de 2011

PECAR É FAZER MAL AO PRÓXIMO!

Malgrado ser enciclopedicamente divulgado como o primeiro filme pornográfico nacional exibido comercialmente nos cinemas brasileiros, “Coisas Eróticas” (1981, de Raffaele Rossi & Laente Calicchio) era-me desconhecido até o ano passado, quando eu descubro que ele é um dos filmes favoritos de uma mulher que trabalha comigo. Quando vi um exemplar deste filme na casa de um gomorrense, resolvi assisti-lo. Consegui uma cópia graças a um vizinho distante e acabo de vê-lo, em plena tarde de Quinta-feira Santa. Temi que minha mãe reclamasse por estar assistindo a este tipo de filme num dia que ela considera sacro, mas já estava com a escusa do título preparada para o uso. Afinal, não precisei usá-la: minha mãe concorda comigo no que tange à concepção utilitarista do termo pecado.

Voltando ao filme: não é necessariamente uma produção digna de nota cinematográfica. O elenco é feio, a equipe técnica parece amadora e os roteiros das três historietas são pouco inspirados, mas, para a época em que foi lançado, tem sua validade. Na primeira trama, gostei da cena inicial, em que um personagem masturba-se logo após ter defecado, sem ao menos ter lavado as suas mãos para pegar no pênis! Minutos depois, depara-se com a mulher nua que lhe serviu de inspiração erótica. Esta o convida para passar um fim de semana em sua chácara e, lá chegando, ele descobre que a filha dela está com os hormônios sexuais em ebulição, de maneira que a mãe sai às ruas, em busca de um novo parceiro... Bobinho, mas engraçado, sendo que gostei de um comentário da personagem de Jussara Calmon, modelo fotográfico, que reclama que “o trabalho consome o tempo inteiro” (risos)...

Na segunda trama, gostei de pouquíssima coisa. É uma trama chinfrim de suingue, mas chama a atenção por uma pitoresca cena de homoerotismo masculino, em que os dois maridos estão conversando à beira de uma falésia e um deles enfia o dedo na parte de trás da cueca do outro, que reclama: “tira o dedo daí, já está ficando duro”... O final, nem preciso contar, né?

Na terceira trama, aí, sim, finalmente encontrei um pouco de erotismo válido: primeiro, porque gostei da composição corpórea do ator Walder Laurentis, com aquela cara de abobalhado que tanto me seduz. Passando um tempo na chácara de sua namorada, ele faz sexo com todas as mulheres presentes no local, irritando-se somente quando sua namorada oferece-se para ele, que preferia conservá-la virgem até o casamento. (risos) Tem uma cena de motel entre genro e sogra que vale o filme inteiro!

Não sei se digo que o filme foi decepcionante ou não – visto que eu esperava pouca coisa dele – mas, nem que seja por seus inevitáveis atributos históricos, gostei muito de conhecer esta página menos conhecida do cinema de meu país, escrita justamente no ano em que eu nasci. Inclusive, adianto que deixei uma cópia do filme com minha colega de trabalho, que está impaciente para revê-lo após tantos anos... Tomara que ela ainda goste!

Wesley PC>

4 comentários:

Boca da Noite disse...

Sabe qual é a sensação que dá quando entro aqui? A pergunta que sempre me vem à cabeça? Ou a afirmação que tenho quando ouço todas essas estórias contadas por ti a cerca de todas essas centenas de filmes visto? Primeiro: Será que o Wesley passa o seu tempo todo procurando filmes? Onde ele os conhece? Em revistas, livros especializados, jornais? E o seu acervo deve ser enorme? Onde os encontra? Deve ser difícil conseguir ver tanta coisa e ainda depositar tanto do seu tempo em algo bom e por ser bom talvez gratificante. Eu te admiro, beijos!

p.s. Como tu mesmo já disse uma vez ou muitas vezes esse filme deve ser masturbatório, quero vê-lo também!

Gomorra disse...

(risos)

Sim, este filme é masturbatório sim, por dentro e por fora (hehehhehehh)

Este filme eu ganhei de um vizinho distante, como disse no texto, mas minhas fontes são diversas... Acho que nem procuro mais os filmes que vejo: eles é que vêem a mim, como as entidades de intersecção com o próximo a que eles correspondem originalmente, em minha concepção da arte como elo entre os seres humanos e seus semelhantes.

Talvez o meu acervo seja enorme sim, mas ainda mais enorme é a minha vontade de dividir este acervo, de usá-lo adequadamente e indefinidamente...

E sim, apesar de passar pelo menos 10 horas de meus dias num balcão burocrático universitário, eu tenho orgulho de admitir que, sim, eu tento fazer de cada momento de minha existência um foco de gratidão!

Obrigado pelo comentário, Boca da Noite!

WPC>

indy disse...

Ola!
Voce saberia me dizer o nome da atriz que o Walter Laurentiss fode logo antes de sua namorada pedir pra ele fode-la no chuveiro.
Aquela cena, com a musica sensual romantica francesa, ao meu ver, também salva o filme.
Quero mais fotos dakela gatinha (que hoje deve ter seus 50 anos de idade)
Obrigado!
Indy

Pseudokane3 disse...

Eu descobri este filme por um grande (e feliz) acaso, mas o Felipe Guerra escreveu um excelente artigo sobre ele aqui:

http://filmesparadoidos.blogspot.com/2010/05/coisas-eroticas-1981.html

Os nomes de todas as atrizes estão lá, com os seus devidos contextos de apropriação pessoal (risos) - recomendo o 'blog' dele como um todo, aliás. Muitíssimo bom, palco de inúmeras descobertas! (WPC>)