domingo, 29 de maio de 2011

DEFINITIVAMENTE, A BELEZA DELA NÃO ESTAVA APENAS NA SUPERFÍCIE!

“ – Se nós ficarmos nesta fazenda, seremos tão ricos quanto os homem que acham ouro?
- Não, mas seremos mais ricos do que aqueles que não acham”...


Este diálogo é travado no início de “O Rio das Almas Perdidas” (1954, de Otto Preminger), em que Robert Mitchum interpreta um ex-presidiário que decide conhecer seu filho de 9 anos, depois que este fica órfão de mãe. Ele, porém, se perde na cidade, logo que chega, e fica amigo da cantora interpretada por Marilyn Monroe. Num momento mais avançado do filme, menino e cantora dialogam:

“ – Por que é que tu queres te casar?
- Porque eu me apaixonei.
- E o que é 'estar apaixonado'?
- É quando tu não comes, não dormes...
- Ah, é como uma dor de barriga?!
- Exatamente, só que no coração!”


Num acesso de ganância e desespero, porém, o namorado da cantora ameaça o ex-presidiário – agora, um pacato fazendeiro que só quer se defender dos índios – com um rifle. E os rumos do filme farão com que, numa cena conclusiva, a canora sussurre um “never” prenhe de paixão e melancolia na canção-título do filme, “River of No Return”, mais precisamente, quando ela cantarola o verso he’ll never return to me”. Infeliz de quem concorde com a impressão inicial do fazendeiro de que “ela é bonita apenas na superfície”. Mas não é mesmo: ela é bonita por completo! E o diretor Otto Preminger sabia tão bem disso que tudo no filme é pretexto para que a cantora exale sensualidade entremeada de tristeza: num momento, ela é enxugada – completamente nua, enrolada num cobertor – pelo fazendeiro, e a câmera focaliza sua expressão de gozo enquanto sua pele macia é massageada; noutro momento, num embate físico direto com ele – que, obviamente, terminará num beijo – a câmera gruda em seu generoso decote do corpete. Tudo neste filme contribui para que gemamos ao lado da loura mais famosa e trágica do cinema – e, definitivamente, a beleza dela não está apenas na superfície!

Wesley PC>

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