sábado, 14 de maio de 2011

QUEM VIU, OUVIU – E EU TAMBÉM ME SINTO UM ESTRANGEIRO EM QUALQUER LUGAR...!

Estou tentando achar uma maneira de iniciar uma postagem sóbria sobre o filme “Exílios” (2004, de Tony Gatlif), recém-visto por mim, mas... Não tem jeito! O filme me fez rodopiar pela sala, me deixou tão em transe quanto os extraordinários atores Romain Duris e Lubna Azbal, genial!

Logo na primeira cena, vista em foto, intuí que minha relação com o filme seria supra-visceral: prostrado nu, sobre uma janela metropolitana, o personagem masculino do filme vira-se para sua namorada e diz: “vamos para a Argélia a pé”. Uma música cigana e eletrônica, ao mesmo tempo, era executada altissonantemente no rádio. Ela tomava iogurte e deixava o colóide escorrer sobre seus seios... E eu tive certeza de que um projeto mais do que viável e possível de sobrevivência encontrava-se naquele filme magnífico, que tão profundamente me tocou: eu preciso fazer algo parecido! Aliás, não duvido que eu já o tenha feito...

Não sei se se pode avaliar este filme a partir de códigos narrativos tradicionais: o que acompanhamos em seus 104 minutos de duração é o périplo dos dois protagonistas em busca das lembranças na Argélia. E tome-lhe música cigana, e tome-lhe barulho, e tome-lhe gosto de sexo, e toma-lhe desejo e vida em estados brutos!

Numa cena-chave do filme, lá perto do final, diversos personagens rodopiam freneticamente ao som de um transe anímico, religioso, ancestral... E eu não consegui me esquivar de ser tomado por uma força tão intensa quanto aquela que fazia com que os personagens se movessem em círculos, convulsionassem pelo chão... O filme contagia, o filme é ótimo, o filme urge, o filme queima, o filme arde, o filme acalma, o filme extenua, o filme salva! É, desde já, mais um de meus favoritos, no sentido mais pessoal do termo.

Ao longe, na cidade potiguar de Natal, para ser mais preciso, uma amiga acompanhava o mesmo filme que eu, através de uma sessão na TV Cultura. Com certeza, ela gemia tanto quanto eu durante as seqüências cheias de vigor desta magnífica obra de arte cinematográfica. Preciso baixar a trilha sonora original do diretor Tony Gatlif: em breve, eu e ela estaremos euforicamente dançando a mesma por aí...

Wesley PC>

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