terça-feira, 17 de maio de 2011

SOBRE A LÓGICA DOS ERROS POLICIAIS PESSOAIS NUMA SÉRIE DE TV:

O canal fechado Eurochannel exibe, nas noites de quarta-feira o seriado policial dinamarquês “Anna Pihl”, cuja primeira temporada data de 2006. a personagem-título é uma mãe de família divorciada, que entra para a força policial de Copenhague e, como é bastante emotiva, costuma causar problemas maiores do que aqueles que tenciona resolver. No episódio que vi ontem, o quarto, ela simpatiza com uma cadela braba que aterrorizava os passageiros de um ônibus. Quando vê o animal de perto, percebe que ela tornou-se agressiva porque fora maltratada por seu dono marginalizado. A policial, então, prende o dono do animal por agressão, mas este logo é solto, por “falta de evidências”. A policial, por sua vez, é entrevistada por uma jornalista, que denuncia a organização policial para qual ela trabalha como ignorante acerca dos direitos animais. Numa das rondas pela cidade, entretanto, ao lado de um parceiro com alergia a pêlos caninos, Anna Pihl pede para que o motorista da viatura faça um pequeno desvio de percurso, a fim de entregar algo a seu filho pequeno. A cadela violenta se solta e ameaça ferir o filho de Anna Pihl. O parceiro dela prontamente atira no animal e este cai morto, diante de 35 crianças assustadas e simpatizantes de bichinhos. Anna Pihl agradece ao seu parceiro por ele ter salvado a vida de seu filho. E eu fiquei moralmente espantado diante do que vi: caramba, o que este episódio quis dizer?

Apesar de vários problemas de composição de personagens e de situações de risco policial, o seriado é bastante interessante, mas deixa entrever um ‘modus operandi’ narrativo que tem a ver com sociedades economicamente desenvolvidas, em que pequenos males são justificados em razão de um “bem maior”. O modo como a cadela foi assassinada e as conseqüências chocantes do ato (o policial cinófobo é jornalisticamente laureado como herói!) me deixaram negativamente perturbado diante do seriado, enquanto a trama tentava desviar a atenção para outros problemas menores, como a aversão de Anna e seu irmão à namorada de 27 anos de seu pai viúvo ou à incapacidade dela em assumir um romance com um colega policial. Pelo sim, pelo não, acho que voltarei a falar sobre este seriado aqui: gosto como o mesmo é conduzido, acho a protagonista Charlotte Munck mui charmosa e compactuo com a moral pretensamente crítica das historietas, que defende a tese de que países de primeiro mundo são aqueles em que as pessoas são juridicamente punidas quando deixam de amar alguém (risos). Em breve, eu falo sobre novos episódios...

Wesley PC>

Nenhum comentário: