domingo, 29 de maio de 2011

SOBRE TALVEZ EU NÃO TER A NECESSIDADE DE FALAR NADA – PARTE 2

Mais (ou menos) do que um vômito anímico, esta postagem tem também a função implícita de homenagear um ser surpreeNNdente que passou a trabalhar comigo há alguns meses e que, numa festa de trabalho, foi o alvo predominante de meus olhares analíticos numa festa de trabalho para a qual fui convidado ontem. Na festa em pauta, havia carne sendo torrada e sendo servida, carne emitindo um odor pavoroso de anuência criminosa que, como tal, devia ser mais julgada enquanto causa do que enquanto sujeição de entes queridos ao tal crime. Como respeitar o direito inalienável de alguém que gostamos deveras fazer, diante de nós, algo que repudiamos com todas as nossas forças? Como ser evangélico e permitir que um marido em potência acenda uma vela para Satanás diante de nossos olhos? Estas são duas perguntas, gêmeas em essência, que me tomam de assalto desde que pus meus pés no local escolhido para a tal festa, na tarde de ontem...

O local era bonito, as pessoas eram agradáveis, mas eu teimava em ser um disseminador intrínseco da tal “inadequação estrutural” que me assola e caracteriza, uma inadequação que talvez tenha sido descrita com melhor afinco aqui, uma inadequação que preciso lutar para que não se extinga, sobre pena de, assim, eu deixar de ser quem sou... Mas, também, uma inadaptação que preocupa quem se preocupa comigo. Ao chegar em casa, não soube o que dizer para minha mãe, quando esta reclamava: “não sei por que tu sais de casa, se é para voltar chateado do jeito que tu estás agora...”. Eu quis gritar para ela que, por dentro, eu estava bem, que me diverti, que estive entre amigo (e estive mesmo!), mas só pude sussurrar como um rapazola mimado: “por isso que eu não faço tenta questão de sair, tu bem sabes!”. Percebendo que talvez eu tivesse sido injusto, levantei-me da cadeira no exato instante em que terminei de pronunciar a tal frase sussurrada e a abracei. Mais: a beijei no ombro direito, um ombro que já me apoiou e me suportou inúmeras vezes – e que ainda não dá o menor sinal de que deixará de me apoiar ou suportar quando quer que eu precise, por mais cansado e/ou exaurido pela idade e pelos contratempos que ele esteja... Amo a minha mãe!

Liguei o computador, procurei algo para me consolar e, putz, encontro alguns ‘blogs’ um tanto merencórios justamente do rapaz com NN que me servira de foco na tarde inadaptativa anteriormente descrita. Não sei se ele achará de bom tom que eu o cite aqui, o que me leva a ser discreto em meus panegíricos subliminares, mas não me arrependo de ter saído de casa ontem à tarde. Ao menos, estive entre pessoas que se importavam comigo – apesar de perpetrarem ações que me desagradam pessoalmente – e diverti-me deveras numa piscina, ao lado de uma criança adorável, que calhava de ser neta da secretária do setor em que trabalho, com quem muito em identifico quando projeto-me com alguns anos a mais...

Na imagem que serve de moldura a esta postagem, eu deitava sozinho, afastado dos demais, numa cadeira branca. Eu meio que tentava chorar (ou desabafar, ou algo bem mais simples e intermediário entre os dois atos), mas não consegui: sentia-me por demais observado. Tanto é que, sem que o percebesse, estava sendo fotografado por uma amiga. Depois que percebi, levantei-me e fui congratular com eles. Dancei com uma amiga, mas fui aconselhado pela anfitriã da festa a ser mais discreto no modo sensual como eu dançava: “eles podem ficar olhando – e não entender”, disse-me ela, compreensiva e um tanto envergonhada. Eu a abracei e a obedeci. E, antes de partir, apertei a mão do rapaz com sovaco raspado que vem sendo citado com relativa freqüência em postagens recentes. Não foi uma concessão, mas, talvez, um “hábito”...

Wesley PC>

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