sexta-feira, 13 de maio de 2011

UM RESUMO PESSOAL DA OBRA DE NEIL LABUTE COM UMA CITAÇÃO DA FANNY ARDANT (EM ENTREVISTA) AO FINAL:

Uma coleção de pequenos acasos me levou a ver “Morte no Funeral” (2010) na noite de ontem e “O Sacrifício” (2006) na noite de hoje. Ambos são filmes recentes do diretor Neil LaBute, cineasta com o qual tenho uma relação esquisita de amor e ódio, mas do qual sou obrigado a dizer que é muitíssimo coerente em sua obsessão temática pela análise dos rudimentos do chauvinismo ou pelo conflito entre sexos: foi assim em sua impactante estréia em longa-metragem com “Na Companhia de Homens” (1997), seguiu assim no acidamente inspirado “Seus Amigos, Seus Vizinhos” (1998), continuou assim no desengonçado “A Enfermeira Betty” (2000), insistiu assim no doce e romanticamente anódino “Possessão” (2002), parecia manter-se assim em “Arte, Amor e Ilusão” (2003, não visto na íntegra) e permaneceu assim até mesmo em “O Vizinho” (2008), filme mais banal e menos observado de sua carreira. Meus amigos não gostam dele, mas, em alguns momentos, são obrigados a concordar comigo que ele tem estilo. E, sobre os filmes vistos de ontem para hoje, sou levado a acrescentar que, se me decepcionei obviamente com sua regravação de um clássico fantástico ainda não-visto de Robin Hardy, surpreendi-me diante da comédia de humor negro sobre o patriarca de uma família que, ao morrer, deixou inconfesso o seu caso de amor com um anão chantagista. Digo mais: cheguei a gargalhar, ao lado de minha mãe e meu irmão mais novo, enquanto via o referido filme, muito mais inteligente e divertido do que sua aparência vulgar faz pressupor. Tanto é que agora sinto como se fosse um longevo apreciador da obra deste controverso cineasta, que me deixou emocionado enquanto lia uma entrevista à bela atriz francesa Fanny Ardant. O jornalista Fernando Eichenberg perguntou-lhe se ela “permanece acesa”, com base numa afirmação que lhe fora dita por um chefe de orquestra, que disse que “não podemos nos apagar, nunca se sabe para quem poderemos ser uma luz”. Consciente de que esta frase quer dizer bem mais do que ela parece subentender denotativamente, faço minhas as palavras de Fanny Ardant, em resposta: “Enfim, eu luto, eu luto”. Amo! E que venha o novo filme do diretor, intitulado "The Geography of Hope", programado para estrear no ano que vem...

Wesley PC>

Nenhum comentário: